Dragon Ball FighterZ


Como alguns de vocês já sabem, no fim-de-semana em que a beta de Dragon Ball FighterZ esteve disponível eu joguei mais de 26 horas, mas também é verdade que muitos desses minutos foram ocupados por terríveis problemas nos servidores, logo nem sempre foi pura diversão. Agora as coisas estão no ponto, pois esta sim é a análise à versão final de Dragon Ball FighterZ!

Já se passaram mais de 30 anos desde a estreia do manga de Dragon Ball, a história de Son Goku que conquistou o mundo inteiro. O anime passou na televisão portuguesa nos anos 90 e os portugueses ficaram rendidos a esta aventura, até porque muitos de nós já somos “trintões” e continuamos a amar o universo criado por Akira Toriyama. Dragon Ball foi apenas uma introdução do que viria mais tarde ter uma sequela de nome Dragon Ball Z, aí sim as coisas tornaram-se mais épicas e violentas, até que surgiu a série Dragon Ball GT, série não canónica a qual desiludiu alguns fãs. Após 17 anos em hiato, a série regressou com Dragon Ball Super, apresentando uma nova data de personagens novas e o regresso de tantas outras. No caso dos videojogos, o que mais me marcou foi lançado na PS2 em 2007 pois, até à data, não tinha jogado nada que me tivesse surpreendido muito. Geralmente jogo todos os jogos da série, sendo eu um fanático por Dragon Ball. Mas em 2017 assistimos na E3 a um pequeno teaser de Dragon Ball FighterZ. Quando o vi, disse para mim mesmo: “é este o jogo, é este o Dragon Ball que sempre desejamos, isto vai ser genial”. Mas será mesmo? Pois bem, aqui fica a minha análise completa de Dragon Ball FighterZ.


Em Dragon Ball FighterZ, os jogadores são apresentados a uma espécie de sala gigante alusiva aos famosos torneios da série de nome Budokai. A partir daqui temos acesso aos mais variados modos disponíveis. Para começar aconselho vivamente a jogarem o modo Practice, onde aprendemos a jogar ou podemos aprimorar as nossas habilidades, para que sejamos realmente uns verdadeiros FighterZ. Por isso mesmo, o jogo está acessível tanto para novatos poderem jogar sem qualquer frustração e divertirem-se, como para aqueles que como eu querem um desafio a sério, lutar com os mais fortes e sentir a verdadeira adrenalina, tal como acontece na série. Assim sendo, o tutorial não serve apenas para novatos, pois existe um tutorial de combos o qual quem os dominar ficará alguém muito difícil de derrotar, pois não é tarefa fácil concretizar todos os combos existentes de cada uma das personagens.

Este é um fighter com um conceito ao estilo de Marvel Vs Capcom - se são fãs dessa série, não podem mesmo deixar de jogar esta pérola. O 3 vs 3 é uma novidade num jogo Dragon Ball, o que até podia não correr bem, mas acabou por ser algo de maravilhoso. Primeiro, todos sabemos o quão frenéticas as batalhas sempre foram no anime, e passar para um jogo toda essa velocidade e adrenalina pode não ser fácil. O simples facto de termos mais que duas personagens em combate torna o jogo mais vibrante, todas as explosões de KI contínuas no ecrã são um regalo para os olhos e o melhor de tudo isto é que não atrapalham em nada o jogador ao fim de pouco tempo de habituação, ao contrário de jogos que conseguem deixar o jogador baralhado e sem saber por onde anda ou o que fazer.

Quanto ao online, aqui sim vão pôr à prova aquilo que aprenderam testando as vossas habilidades, pois aqui é o lugar onde os FighterZ se encontram. É evidente que, como em qualquer outro jogo do género, temos as partidas ocasionais e as que são a contar para o ranking mundial. Sugeria iniciarem pelas casuais, nas quais provavelmente não terão muitas dificuldades no caso de já jogarem minimamente bem. Executando um ou outro combo com facilidade e conhecendo os botões, as coisas não devem ser complicadas. Quando se decidirem a aventurar no modo Ranking, aí sim as coisas já não são para amadores. É claro que nos primeiros combates podem encontrar jogadores do vosso nível ou até inferiores, mas à medida que vão aumentando de nível, os verdadeiros lutadores surgem com a maior força possível e vocês vão ver o que é bom para a tosse.


No Story Mode vão contar com uma história completamente original onde, ao progredirmos, vamos aprendendo os básicos, tal como sucede no tutorial. Mal começamos, é-nos apresentado um mapa com vários pontos, alguns deles “vazios” e outros que vão desencadear eventos. Estes estão simplesmente geniais (mas apenas fãs vão sentir isso), pois mesmo que estes eventos juntem personagens improváveis, existe sempre alguma ligação ou referências entre elas. Assim que derrotarem os inimigos, clones das personagens da saga, e o boss final inseridos no mapa, irão não só avançar na história como também desbloquear personagens novas. Os aliados vão sendo desbloqueados e, neste modo em específico, têm níveis que vão sendo aumentados conforme vão jogando, tal como vão aumentando o nível de ligação com os vossos aliados. Quanto maior o nível de ligação, maior será a força do vosso aliado e, ao chegar a determinado ponto, vão aceder a eventos de ligação especiais.

Tal como acontece em certas lutas normais, seja em offline ou online, neste modo também vão assistir a diálogos únicos caso lutem com determinados aliados na vossa equipa, por isso tenham sempre em atenção ao escolher os membros da equipa, para que possam ter acesso a todos esses diálogos que são tão únicos e que fazem sempre um verdadeiro fã da série sorrir, confiem em mim. De acrescentar que este modo conta com 3 arcos narrativos diferentes, uma galeria de cada um dos arcos, o Arc Data que serve para assistirem às cut-scenes de cada um e, por fim, o Character Info que contém as informações de todas as personagens do universo Dragon Ball para os mais distraídos.

Por incrível que possa parecer dentro do género, esta história consegue estar bem interessante e prender o jogador ao comando sempre à espera do que está para vir, aguçando a curiosidade acerca dos mistérios em que os arcos estão envolvidos. Os visuais durante as cut-scenes estão completamente incríveis, até conseguem estar com uma qualidade superior ao anime DB Super, que conta com episódios em que os desenhos deixam imenso a desejar. Os sons típicos da série estão presentes, vozes japonesas igualmente e, para nossa felicidade, Hiromi Tsuru (voz original de Bulma) desempenhou um papel fenomenal neste videojogo. Por vezes até a história parece melhor que a da série atual, que não tem sido tão boa como a sua antecessora, DBZ. Sem grande spoilers, nós seremos uma alma que reside dentro dos lutadores todos, sejam aliados ou velhos vilões, por isso teremos a oportunidade de jogar com praticamente todas as personagens neste modo Story. No entanto, contem com algumas batalhas mais repetitivas contra clones.


Este não é o jogo da série com o maior leque de personagens, não estamos a falar dum Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3 onde tínhamos 150 personagens disponíveis. No entanto, as mais importantes estão presentes, excetuando uma ou outra que gostaríamos certamente de ter como o Gohan do futuro, Jiren, Bardock ou o Muten Roshi. Algumas personagens, como Chiaotzu, Zamasu e Android 17, fazem a sua aparição em cut-scenes. Quanto a personagens novas e jogáveis temos a Android 21, por exemplo. Provavelmente, em forma de DLC deveremos ter no futuro algumas personagens do universo Dragon Ball Super, visto que maioritariamente as jogáveis são das séries Dragon Ball e Dragon Ball Z. Uma coisa é certa, as personagens que estão presentes contam com os seus ataques mais característicos e famosos de todos os arcos narrativos da série.

Aquilo que mais aprecio no jogo é a beleza e os pormenores dos ataques e movimentos das personagens. Para quem acompanha a série, é impossível não reparar. Para ser mais preciso, ataques memoráveis como o Yaiba de Black Goku, que deixou o nosso protagonista em total agonia, ou o Time-Skip de Hit, que torna a jogabilidade desta personagem tão única comparativamente à de todas as outras pois concentra-se no contra-ataque. Os pormenores são de excelência e irão maravilhar quem realmente assiste à série desde sempre. Mesmo nas cut-scenes do modo Story são feitas referências a momentos ocorridos na série, seja no Dragon Ball Z como também no Super e isso, só os fãs entenderão.

Um dos aspetos mais soberbos são os diálogos entre as personagens. Não me estou a referir ao modo história, mas a todas as lutas, tento antes de iniciar o combate, como no decorrer das mesmas e também no final. Se lutarmos com Gohan contra Goku, por exemplo, o filho do nosso herói relembra ao pai que tem andado a treinar. No caso de jogarem com Gohan na mesma equipa de Goku, no momento da troca é possível ouvir em japonês uma pequena comunicação entre ambos. E na parte final da luta, existe outro diálogo entre as personagens que têm ligações entre si, o que faz com que exista de facto uma enorme variedade de diálogos diferentes e que seja sempre um prazer de ver tanto a introdução dos lutadores, como a parte final de cada combate que efetuamos. Mas há algo bem mais delicioso que tudo isto. Por exemplo, se fizerem uma batalha entre Goku e Frieza especificamente no planeta Namek, vão poder assistir a uma Dramatic Scene. Estas Dramatic Scenes são eventos que arrepiam a pele aos fãs acérrimos como eu. Neste caso em particular, Goku vê Frieza a destruir Krillin e, eis que surge a maior revelação de sempre, o Super Sayajin Goku. Além do grafismo brilhante e de todos os detalhes estarem impecáveis, o próprio voice acting e as palavras estão exatamente iguais ao que assistimos no anime, um verdadeiro turbilhão de emoções é o que posso dizer. O famoso "fan service" no seu melhor!


O modo Arcade é o que me tem deixado mais agarrado por diversas razões. Este modo consiste numa série de batalhas consecutivas onde, conforme a vossa prestação em cada batalha, rumam para caminhos diferentes. Se forem bons o suficiente, vão seguir caminho até ao topo, onde se deparam com os lutadores mais fortes, senão serão desviados do caminho para uma rota onde os adversários serão mais fáceis. Agora esta dica vai para aqueles que não fizeram a pré-reserva do jogo, pois vão ter de ultrapassar o modo Arcade em rank S e na dificuldade Hard, que é desbloqueada após o término do modo Arcade no normal. Caso consigam terminar esta tarefa árdua serão recompensados com as personagens SS God SS Goku e SS God SS Vegeta. Sinceramente, tenho jogado imenso e não tem sido fácil, mas também serve para aprimorar as nossas habilidades, até porque o fruto proibido é o mais apetecido. Os veteranos de Dragon Ball FighterZ que não levam danos e conseguem atingir constantemente o oponente, serão recompensados com bolas de cristal, se atingirem as 7 esferas vão poder invocar Shen Long e este realizar-vos-á um desejo de 4 que podem escolher. Podem pedir ao Dragão Sagrado a regeneração da saúde, mais poder, ressuscitar um dos vossos aliados e até a imortalidade.

A banda sonora, apesar de não incluir a original da série, está muito boa. A boa notícia é que irá ser possível adquirir a OST original no dia de lançamento, mas no momento da escrita não posso afirmar que seja um DLC grátis ou pago. Durante o jogo vão ganhar Zeni (para quem não sabe, é a moeda oficial da série Dragon Ball), dinheiro que servirá para adquirirem cápsulas Z, mas o termo correto nos dias de hoje são loot boxes. Podem gastar o vosso dinheiro na loja para obter itens aleatórios, desde títulos para usar no modo online, avatares e respetivas cores entre outros itens, mas nada com impacto a nível da jogabilidade. E como é evidente, ainda podem contar com o modo de batalha local e o canal de Replay, onde podem ver as batalhas mais furiosas ou até mesmo as vossas, para ver e rever com os comentários da famosa personagem que sempre anunciou os torneios Budokai, cujo nome nunca foi revelado ao público.


A probabilidade de este ser de longe o melhor fighter do ano é extremamente alta e, para mim, diria mesmo que é sem dúvida um dos jogos do ano, mesmo estando ainda em janeiro. A nível de grafismo, técnico, acessibilidade, o desejo correspondido, este Dragon Ball é até à data o melhor jogo da franquia e um dos melhores jogos de luta de sempre. Um jogo imperdível para todos os jogadores que apreciem o género, sendo ou não fãs da série. Mas se forem... Devo sublinhar que, se vocês se consideram realmente os maiores fãs de Dragon Ball, então aqui está o jogo com que tanto sonharam, tornado realidade. VAI GOKU!
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Bandai Namco Entertainment.

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