Darkest Dungeon
Chegaste a um
cruzamento. Se quiseres virar à esquerda salta para a página 32.
Segues pela esquerda e encontras um Necromancer. Queres atacar?
Adorava
este género de livros quando era mais novo. Poder combinar a leitura
com a interacção do jogo era muito bom – infelizmente afastei-me
um pouco do medium, mas tenho de ver alternativas para voltar.
Darkest Dungeon fez-me lembrar desses livros, da atmosfera gótica e
opressiva, da jogabilidade estratégica e da interecção com o
mundo. Podia ser um grande jogo e manter-me agarrado durante muito
tempo, mas tem uma falha gritante: A interface é péssima e o
tamanho de letra é minúsculo. Não sou só eu a queixar; uma rápida
viagem pela Internet ou por fóruns específicos mostram que vários
jogadores também se queixam do mesmo. Talvez para contornar essa
situação, a Red Hook Studios tenha apostado mais na versão
portátil e suportado controlos tácteis. Ainda assim é preciso ter
a consola colada à cara para podermos ver o que está à frente. Não
fosse este o problema, seriam outros. A interface continua péssima,
é confusa e não é intuitiva. É frustrante e consegue fazer com
que percamos a paciência até desistir.
Admito
que não sou fã do género roguelikes
pelo simples facto de gostar de jogos movidos pelo enredo. Nota-se
que o mercado indie está pejado de roguelikes,
portanto há que se destacar. Darkest Dungeon, se ignorarmos o que
disse em cima, destaca-se pela sua mecânica viciante (embora não
original) que aposta num ambiente Lovecraftiano ou de Bram Stoker. A
arte é forte e visceral e característica. Trudi Castle e Chris
Bourassa são os vencedores deste jogo e espero ver mais deles. O
departamento sonoro, também uma delícia, vai tão bem com a
ilustração como manteiga em torradas. A narração de Wayne June é
de louvar e toda a banda sonora. Hum.
Eu estou praticamente a falar bem do jogo, mas não consigo acabar
numa boa nota. Spoiler: vai ser um razoável pelas razões dadas
acima. É jogável, mas se o estúdio lançasse um patch para
resolver estes problemas podia tornar-se num grande jogo.
Afinal,
do que se trata Darkest Dungeon? DD é um dungeon crawler e side scroller que
revolve à volta de quests
para limparmos as catacumbas e terrenos do ascendente do jogador.
Acontece que este, em busca de mais poder descobriu portais para
outras dimensões. Desses portais, saíram as abominações mais
terríveis que a humidade jamais viu. O jogador recruta
aventureiros e parte para o combate. O jogo não se limita só a
combater aventesmas, mas lida com batalhas mais interiores como o
stress e sanidade. A doença e fome também são adversários. Antes
de cada missão é vital haver uma boa e cuidada preparação para
que consigamos chegar vivos da aventura. Se tal não acontecer, há
mais carne para canhão a recrutar. Evitem chegar a esse ponto e
mantenham a equipa viva e bem treinada.
Se forem persistentes, ignorarem os defeitos que mencionei em cima e
quiserem algo envolvente para jogarem em pequenos intervalos ao longo
do dia, têm aqui uma boa aposta. Quando a Red Hook lançar um patch
talvez mude de opinião e diga que é um grande jogo; memorável e
viciante. Até lá prefiro preservar a minha saúde visual.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Red Hook Studios