Ship of Fools


A mais recente proposta da Fika Productions, Ship of Fools é um jogo roguelite com elementos de tower defense, que nos coloca na pele de um one man warship (na maioria das vezes), enquanto tentamos desbravar as perigosas águas apropriadamente apelidadas de Forgotten Waters.

Ship of fools tem uma história bastante simples. Nas nossas mãos temos duas opções iniciais de personagens, cada uma delas com características particulares. De um lado (e a minha opção) o sapo Todd, capaz de um ataque mais rápido e propenso a combos, do outro temos o estranho molusco Hink, este com uma maior propensão para critical hits. A escolha entre um ou outro apenas afectará ligeiramente o gameplay, não tendo qualquer impacto no desenrolar da história em si, a qual começa com um deles a dar à costa de uma pequena ilha, totalmente amnésico.

Depressa, e sem termos tempo de explorar a ilha inicialmente deserta, seremos confrontados com o único habitante que lá reside. Este vai solicitar a nossa ajuda para não apenas resgatar os restantes habitantes (perdidos nas Forgotten Waters após uma violenta tempestade), mas também derrotar a misteriosa criatura que reside no olho da tempestade. Para isso, iremos contar com um pequeno barco, relativamente frágil e com pouco poder ofensivo, como forma de seguirmos em frente com esta dura missão.


Ora o barco propriamente dito conta com uma barra de energia, exemplificada por cinco tábuas de madeira presentes no canto superior esquerdo do ecrã. Estas irão diminuir assim que comecemos a sofrer danos às mãos dos muitos inimigos que iremos encontrar no oceano. Felizmente será possível melhorar consideravelmente essa barra de energia e mesmo restabelecer as tábuas perdidas no decurso do jogo, quer através de itens encontrados nas águas e ilhotas das Forgotten Waters, quer via upgrades conseguidos nas lojas da ilha principal, que funcionará como hub inicial. Para além desta barra de energia, podemos igualmente obter escudos, ao estilo viking, que uma vez colocados na embarcação servem como forma de defesa.

De igual forma, também é possível melhorar o nosso poder de fogo. Numa fase inicial vamos começar com um canhão manual (que depende de nós para disparar) e um automático, ambos podem ser mudados para diferentes posições na embarcação, conforme as necessidades apresentadas pelos frenéticos encontros com os inúmeros adversários, assim como devem ser periodicamente recarregados com munição, de forma a manter o seu poder ofensivo. O canhão também pode ser usado para equipar arpões, que depois são usados para apanhar objetos deixados para trás por inimigos derrotados ou que estejam simplesmente a boiar na água. Com o decorrer da aventura e ao encontrar mais habitantes da ilha, e com isso abrir mais lojas, será possível melhorar o poder de fogo dos canhões e aumentar o seu número consideravelmente. 

Mais do que uma vez, teremos o nosso barco invadido por criaturas ou bombardeado por bolas de fogo lançadas à distância. Nesses casos usámos a fiel pá com as quais os nossos protagonistas estarão munidos. Um mero brandir da mesma repele a maioria dos invasores, ao passo que um charged ataque permite-nos enviar as bolas de fogo de volta ao remetente em algo que me trouxe à memória os famosos "tennis matches" entre Link e Ganondorf, em The Legend of Zelda.


É nas Forgotten Waters, apresentadas num mapa em grelha, ao bom e velho estilo de muitos jogos de tabuleiro, que a ação irá decorrer. É aqui que iremos encontrar itens para melhorar o navio (como já referi acima). Estes podem ser encontrados não apenas nas águas, ou obtidos de inimigos, mas também conseguidos via baús de tesouro ou escondidos dentro de caixotes de madeira. De igual forma, também podemos encontrar outras personagens assim. Algumas delas vão estar presas em pequenos rochedos até as resgatarmos (normalmente os comerciantes), e outros nas águas ou mesmo dentro das caixas (normalmente outros marinheiros que poderão depois ser selecionados para a aventura).

Com a abertura das referidas lojas na ilha principal, a nossa personagem pode ainda aumentar o seu próprio stats, tornando-se mais forte ou resistente. Todavia, as compras estarão restringidas ao sand money (unidade monetária do jogo) ou moluscos (usado em poções) que reunir-mos durante a nossa aventura. A nossa navegação pelas Forgotten Waters vai ser frenática e rápida, com adversários cada vez mais numerosos e mortíferos a surgirem à medida que vemos a mancha negra da tempestade a avançar no mapa rumo à nossa posição. É nesta que encontraremos o boss final do jogo. Contudo, para lá chegarmos, será necessário muito trial and error, perícia e rapidez no comando e sobretudo muita fortuna.


Embora seja possível jogar e chegar ao fim desta curta aventura jogando a solo, Ship of Fools será melhor experienciado quando jogado na companhia de um amigo. Os seus cenários depressivos são aligeirados pelo aspeto cartoonesco das personagens e pelo diálogo muitas vezes nonsense. A música é fenomenal, constituindo uma das melhores partes deste título, cuja longevidade vai depender muito do facto de termos um parceiro para jogar ou do facto de apreciarmos o género roguelite. Uma boa experiência, quase diria arcade, num dos géneros mais usados como base para jogos nos dias que correm. 

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Switch, gentilmente cedido pela Team 17. 

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