Bee Simulator
Artigo por Bruno Santos
Mais um simulador, mas este de uma forma de vida extraordinária. Tão pequena como importante a vidas das abelhas posta a limpo e de uma maneira extremamente divertida. Cada vez mais os jogos primam pelo realismo e por temáticas mais explosivas, esta fuga para uma existência mais simples e tão crucial é uma agradável mudança de ritmo.
Abre com uma introdução sobre o seu personagem principal: a abelha e o seu papel importantíssimo para o nosso mundo. Explica-nos quem são os seus inimigos naturais (e sim os humanos são parte dos vilões) e quais as ameaças que enfrentam atualmente. Parece a leitura de uma história infantil, mas de uma que é de vital importância compreendermos. É leve e o voice over é extremamente agradável, ao contrário do barulho típico da espécie.
O jogo propriamente dito, começa de facto com um zumbido, o do nosso nascimento e da explicação do nosso papel na sociedade complexa que é a dos polinizadores. Claro que, o nosso herói não é apenas mais uma abelha trabalhadora, e a vontade de explorar mais e querer ajudar mais inicia a nossa aventura. Todas as cutscenes seguem o estilo da intro, e várias outras personagens interagem connosco com comentários sobre a história ou com puns fantásticos. Por falar em personagens, o cast é extremamente variado, de esquilos a libelinhas, passando por vespas e até moscas comuns. Todos claro com os seus sotaques… típicos e preciosidades inerentes (esquilos esquecidos faz todo o sentido do mundo). A imaginação daquilo que são as interações entre diferentes espécies é fantástica e parece saída da mente de uma criança feliz e curiosa.
O gameplay em si, é exatamente aquilo que se espera de um simulador. As mecânicas de vôo e interação com o ambiente (incluindo o rastejar típico de um inseto a explorar) são fenomenais, ainda que levem um bocadinho a adaptar devido à velocidade da nossa personagem. Podemos claro, picar, muitos dos personagens ainda que as consequências drásticas do ato tenham sido aligeiradas (saem estrelas, ao contrário do mundo real onde normalmente é fatal). Colecionamos de facto pólen, como seria expectável, ato que se assemelha mais a uma corrida aérea cheia de obstáculos.
Para além da nossa função principal de coleção de mantimentos para o futuro da colmeia, o jogo dá-nos vários desafios. Colecionar polén de espécies específicas de flores, dançar para indicar o caminho a abelhas perdidas, lutas com vespas pela soberania e corridas pela obtenção de informação são tudo atividades que encontramos pelo mundo e dinamizam a nossa pequena existência (sim as abelhas dançam para indicar umas às outras perigos ou fontes de alimento). Melhor ainda é todas terem a possibilidade de serem partilhadas cooperativamente, em mapas específicos com tanta atenção ao detalhe (e tamanho) como o do mundo principal.
O mapa principal é um parque citadino, que parece gigante pelo prisma de uma abelha. Inclui um zoo, um parque de diversões e um lago, proporcionando diferentes ambientes (e interações). Há claro um turbo que não existe propriamente no mundo real, mas que facilita a exploração e as corridas.
O jogo tem um glossário onde se recolhem informações tanto dos animais que encontramos, como das plantas, e que mais tarde permite desbloquear modelos tridimensionais de alguns, todos biologicamente corretos (e mesmo não-biologicamente fascinantes). Inclui também “um guarda-roupa”, não menos importante, com skins, chapéus e rastos que largamos durante o vôo. A melhor parte é que os desbloqueamos à medida que vamos cumprindo as nossas tarefas habituais, e incluem (as skins) detalhes sobre as espécies de onde vêm (e sim são tudo abelhas diferentes e todas incríveis).
Tem tradução em várias línguas, incluindo o nosso português, o que o torna um excelente jogo educativo numa altura em que tão poucos o são. Tem dois modos de dificuldade, um claramente orientado para os mais pequenos e outro para os que procuram um desafio. O co-op permite uma experiência partilhada e esta vale sem dúvida partilhar. Lamentavelmente tem alguns problemas de performance, principalmente a alta velocidade. Os movimentos rápidos por vezes também pouco práticos e levam a embates que na vida real, só raspando se resolviam.
Um excelente simulador, uma experiência educativa tudo num pequeno pacote amarelo e animado. Ideal para uma mudança de ritmo, de todo o frenesim que é o dia-a-dia, é excelente para relaxar sozinho ou explorar com companhia.
PS: O autor é biológo e como tal o valor educativo e fiabilidade do mesmo está assegurada.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Upload Distribution.