Flipping Death


Foi há cerca de um ano que joguei pela primeira vez o Stick it to the Man, na altura em análise para a Nintendo Switch. Agora chegou-me às mãos o novo jogo da Zoink Studios, que resolveu apostar num novo jogo do mesmo estilo, desta vez de nome Flipping Death e que envolve novamente temas absurdos e muito humor à mistura, até na sua arte.

A primeira coisa que sobressai em Flipping Death é uma vez mais a sua arte brilhante e tão única em cenários 2.5D. O jogo segue os passos do Stick it to the Man naquilo que diz respeito à sua jogabilidade, um platformer com imensos puzzles e muitos diálogos. Desta vez a protagonista é Penny, uma jovem rapariga que faleceu e que tem como objetivo ser o ceifeiro. Neste caso, em vez de tirar vidas, quer ajudar as almas que andam a penar, resolvendo assim o seus problemas para que possam eventualmente partir e descansar em paz. Ao mesmo tempo, Penny terá de encontrar uma forma de voltar ao mundo dos vivos.


Para ajudar estas almas perdidas, o jogador terá de alternar entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, é aqui que se encontram os puzzles. É necessário usar a foice para possuir os mortais e tomar vantagem das suas habilidades especiais no mundo dos vivos, que outrora irá ter influência no mundo dos mortos. Assim, acaba por ser muito parecido com o Stick it to the Man no que diz respeito a ter um ritmo de jogo que terá de ser cumprido com certos processos/objetivos para progredir, como por exemplo, ter de usar um dentista com uma broca para perfurar uma lata de tinta e de seguida manipular um ladrão que anda sempre com o seu pirulito e lambe tudo à sua passagem para usar a sua língua como pincel. Tudo isto tem uma sequência que vai dar à resolução do capítulo. Uma das coisas mais engraçadas no jogo é a possibilidade de escutar e até falar com a mente dos personagens, onde se fica a conhecer um pouco o estado de espírito de cada um deles.

O tal sistema de possuir as personagens será utilizado de forma regular, muitas das vezes como tentativa erro até finalmente conseguir descobrir qual a personagem correcta para progredir no puzzle. Existem umas cartas fantasma para colecionar, estes itens servem para conhecer as vidas dos mortais que são manipulados por Penny. No inicio tudo é mais fácil, mas também é mais interessante. Conforme o progresso do jogo, os puzzles tornam-se mais óbvios pois o processo acaba por ser sempre o mesmo até ao final. Mas como o jogo é tão bizarro, às vezes é preciso dar voltas e mais voltas até conseguir concluir um dos puzzles. Para aqueles que não estão habituados a jogar jogos com puzzles mais estranhos, há sempre um sistema de dicas para ajudar concluir o puzzle em questão. Seria de esperar que num jogo destes existiria backtracking sim, no entanto para que ninguém se aborreça, o jogo tem um sistema de fast travel o que é sempre bem vindo.


O ponto forte neste jogo é a narrativa, nisso o jogo está extraordinário. O humor é impecável, bizarro, estranho, as situações são absolutamente hilariantes, o que faz com que o jogador se sinta completamente confortável e com um sorriso sempre que algo sucede em Flipping Death. Melhor ainda com a sua arte tão fantástica que dá uma vida ao jogo e faz com que o jogador fique agarrado até que chegue ao fim da jornada. Os cenários estão muito criativos, os detalhes dos ambientes e das personagens destacam-se ao longo do jogo.

Quanto à banda sonora, para o estilo de jogo não podia estar melhor, sendo um jogo em que existe imenso diálogo, as músicas nunca atrapalham em nada e envolvem o jogador, não os fazendo abstrair de rigorosamente nenhum detalhe, o que é importantíssimo, até porque mesmo nos puzzles o jogador terá de estar sempre atento ao que o rodeia. Isto sem falar no voice acting de qualidade surpreendente, tal como sucedeu anteriormente em Stick it to the Man, que acaba por nunca aborrecer o jogador. Ainda por cima cada personagem tem a sua personalidade de tal maneira vincada que o jogo está sempre refrescante de início ao fim.


A pior parte a apontar em Flipping Death são os momentos em que é necessários colecionar almas perdidas e outros elementos importantes para progredir. São várias vezes em que estas secções surgem e o problema é que cortam o ritmo do jogo, parecem inseridas para alongar a longevidade, visto que é um jogo relativamente curto, além de que a jogabilidade nesse aspecto é esquisita e não é de todo agradável. O uso da foice também podia estar melhorado e como é usado ao longo do jogo, não é algo que ajude muito ao jogador a divertir-se nestas ocasiões.

Para finalizar, de qualquer das formas, o jogo conta com uma narrativa ridiculamente engraçada e só por isso já vale a pena a experiência. Apesar de ter preferência pelo seu antecessor, Flipping Death também está muito divertido e recomenda-se aos apreciadores do género.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Zoink Games

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