Horizon Zero Dawn Remastered


Ceticismo seria provavelmente a palavra que melhor descreveria o meu estado de espírito perante o anúncio de uma versão remasterizada de Horizon Zero Dawn, na minha opinião um dos jogos mais visualmente impressionantes da geração PS4. Tal como no caso do remaster de The Last of Us Parte II, não acredito que houvesse uma grande demanda por uma atualização gráfica de Horizon Zero Dawn, principalmente num ano menos abundante em títulos first party da PlayStation do que aquilo a que nos tínhamos habituado em anos mais recentes. Ainda assim, Horizon Zero Dawn Remastered chega-nos em plena spooky season pelas mãos da Nixxes, naquele que é o seu "primeiro grande projeto de conteúdo PlayStation".

A meu ver, Horizon Forbidden West é, indubitavelmente, o jogo mais belo que já joguei, apresentando-nos um mundo vibrante e imensamente detalhado, que representou um salto enorme em relação ao seu antecessor. Ainda assim, seria injusto da minha parte dizer que Zero Dawn é qualquer coisa senão um jogo visualmente impressionante. Daí a mera ideia de um remaster para um jogo com apenas 7 anos parecer, no mínimo, desnecessária.

No entanto, devo dizer que o trabalho da Nixxes é realmente impressionante. É impossível não reparar imediatamente nas melhorias gráficas; os modelos atualizados das várias personagens são incontornáveis, com melhorias óbvias ao nível da pele, que é bastante mais realista, e da iluminação, agora mais convincente, mas também mudanças mais subtis, como ao nível das roupas e cabelos. As horas adicionais de motion capture recolhidas para o remaster fazem toda a diferença, aperfeiçoando os momentos de conversa em Zero Dawn, que por vezes podiam parecer um tanto estranhos, principalmente fora de cutscenes. Ainda assim, é impossível equiparar Zero Dawn Remastered a Forbidden West, mas a melhoria é indubitável, tornando estas situações bastante mais naturais e realistas.

Mas as melhorias não são estritamente gráficas. Algo bastante notório é a revisão total de vários ambientes que agora, à imagem de Forbidden West, contam com uma maior quantidade e variedade de vegetação. Tudo à nossa volta parece mais vivo e detalhado, e são estas novidades que realmente refletem o trabalho notório que foi levado a cabo pela Nixxes neste remaster – é óbvia a atenção ao detalhe na descoberta do tipo de vegetação que seria mais adequado a cada ambiente, usando materiais completamente renovados que elevam imensamente a qualidade e vivacidade do mundo à nossa volta. Uma das minhas maiores críticas a Horizon Zero Dawn era que, não obstante os seus méritos e os visuais claramente impressionantes para um jogo lançado em 2017, as áreas mais florestais (padecendo também o restante jogo deste problema, mas principalmente estas áreas) eram demasiado monocromáticas.

Apenas de memória, tenho imagens de grandes áreas que apenas de forma detalhada variavam das 3 cores principais: o castanho das árvores e rochas, o verde da vegetação e o vermelho-escuro num arbusto aqui e ali, três cores demasiado próximas em tom, que facilmente se confundem e misturam, transformando aquilo que devia ser uma paleta variada e vibrante de cores numa paisagem monótona e monocromática, pouco ajudada por uma iluminação longe do ideal. Ainda que estes problemas não estejam totalmente resolvidos em Remastered, certamente não ao nível de Forbidden West, é impossível negar o nível de melhorias aqui presente, bem como a sua qualidade.

Notei também melhorias ao nível da interação de Aloy com os vários fenómenos meteorológicos, em especial a neve, cujo comportamento introduzido em Frozen Wilds está presente agora também no jogo principal, sendo visível a deformação da neve e da areia. Elementos como a chuva e a neve beneficiam de melhorias gráficas e técnicas, produzindo um resultado mais realista que ajuda a criar um ambiente mais atmosférico. Adicionalmente, a novidade trazida pelo salto para a PS5 são as funcionalidades do DualSense, cujo feedback háptico continua a ser uma incrível, ainda que subtil, adição a qualquer jogo.

No entanto, este não deixa de ser um remaster que se foca largamente nos detalhes mais minúsculos, detalhes esses que eu arriscaria dizer que a maioria dos jogadores não perde tempo a apreciar ou com os quais simplesmente não se importa. Na verdade, eu próprio me incluiria neste último grupo. Se gosto de um jogo detalhado e se sou capaz de me divertir com os mais desnecessários detalhes nos meus jogos favoritos? Claro que sim. Mas será Horizon Zero Dawn um desses jogos? E, mais importante, seriam esses detalhes suficientes para me fazer revisitar Zero Dawn, não fosse pelas circunstâncias da minha posição? Talvez não. E por isso, este remaster teria em mim, inevitavelmente, um cético.

Em última análise, não posso negar o quão impressionante é o trabalho feito pela Nixxes neste remaster. Como disse, estava cético quando este foi anunciado, e mesmo agora não sei se estou totalmente convencido da sua necessidade. Aquilo de que estou convencido, no entanto, é de que Horizon Zero Dawn Remaster representa um salto significativo em termos de qualidade gráfica e técnica em relação ao jogo original, e recomendaria a qualquer pessoa que nunca tenha tido qualquer experiência com este jogo, que lhe desse uma oportunidade. Esta é a versão definitiva daquele que é, para mim, um jogo fantástico, com uma história original e interessante, jogabilidade incrivelmente satisfatória, uma personagem principal icónica e, agora, visuais mais impressionantes que nunca. Para aqueles que, como eu, jogaram o jogo original, diria que depende da vontade que cada um tenha em revisitar esta experiência. Se têm apetite para mais uma volta no carrossel, diria que o update de 10 € é totalmente merecedor da vossa atenção.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PS5, gentilmente cedido pela SIE


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