World of Goo 2
Parece que não, mas a Nintendo Wii já saiu há mesmo muito tempo. Eu sei que por esta altura já é uma piada recorrente quando se comenta o tempo que as coisas têm, mas essa consola da Nintendo já tem 18 anos. Agora que este choque da realidade assentou lembro-me de como na altura o Wii Shop Channel era uma pequena janela para um mercado quando as consolas aventuravam-se nas suas lojas online.
Um dos títulos que mais me marcou na altura foi World of Goo, um curioso jogo indie de puzzles de 2008 onde tínhamos de fazer construções de modo a transportar curiosas bolas gosmentas para um duvidoso cano, apelidadas de Goo, jogo que foi relançado também na Nintendo Switch. Marcou-me de tal modo que assim que a sua sequela foi anunciada, passados tantos, mas tantos anos, tornou-se automaticamente um dos meus jogos mais aguardados!
Um sentimento que senti ao arrancar o primeiro par de níveis é esta sequela estar igual à original, com o mesmo tipo de enigmas para concluir o nível e pouco parecia mudar. Nível a nível iam regressando temas e coisas já familiares, como se fosse uma espécie de relembrar de todo o jogo original comprimido nos primeiros níveis desta sequela. Era igual, mas não tanto, pois rapidamente começavam a surgir níveis que me faziam olhar para o ecrã durante longos minutos, a pensar como raio é que iria resolver aquele nível. Apercebi-me afinal que o jogo estava era lembrar-me dos básicos enquanto criava logo nos primeiros capítulos níveis mais complexos, estampando-me de seguida uma das novas mecânicas: fluidos.
Para além das estruturas complexas que vamos construindo através das bolas de Goo agora temos níveis onde usamos um estranho fluido que mais parece petróleo, que podemos usar como um rio nível fora e transportar com ele todo o Goo, um conceito bem explorado e cria níveis bem diferentes com perigos que nos testam. Até porque não queremos criar um rio de líquido que transporta tudo para um abismo, onde o que nos safa é o quão rápido podemos voltar atrás no tempo para corrigir esses erros, caso não quisermos recomeçar o nível do início.
Algo que me desinteressou foram os níveis onde senti que o jogo se repetia, ou as ideias eram demasiado aproveitadas ao ponto que não sentia qualquer desafio, pois já tinha resolvido um nível muito parecido. A partir de certo momento custou-me a avançar, não porque perdia muito tempo nos níveis, até porque muitos deles eram concluídos em poucos minutos, mas, porque o jogo tornava-se desinteressante. Isto até que certa altura o jogo… muda, e pouco mais digo, comento apenas que o jogo dá um pequeno abanão e foi o suficiente para despertar o meu interesse e seguir até ao fim.
Foi a história de World of Goo 2 que me empurrou até ao seu final, um momento que depois de tantas coisas que me fizeram questionar no jogo deixou-me feliz e terrivelmente nostálgico. Certo que houve momentos que se arrastaram, ou gostaria de poder jogar com os Joy-Con com a mesma precisão de quando o joguei na Wii, mas tudo o que compõe este jogo marcou-me.
É impossível não recomendar este jogo se são fãs de puzzles, nem que seja para ir jogando aos poucos e, quando derem por ela, já o terminaram. Tenho pena que não seja um jogo assim tão falado, que tenha passado despercebido e sinta que não tenha o impacto do original, mas é um jogo que daqui por bastantes anos vou olhar para ele e pensar o quão realista a mensagem que ele traz se tornou.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Tomorrow Corporation