Until Dawn


Until Dawn foi uma das minhas maiores surpresas da PlayStation 4, tendo-o jogado por várias vezes, feito sessões de jogo entre amigos para ver o que iria acontecer de diferente não sendo jogado nas minhas mãos, ou até mesmo aquela sessão de Halloween perfeita! Fiquei fã, mesmo muito fã, até porque este é um jogo muito ao estilo slasher film onde um grupo de personagens é perseguido e mortos um a um, ao que também sou fã, um jogo recente até que surge agora de cara lavada com uma remasterização para PlayStation 5 e PC.


Entrou assim logo para a lista de jogos que não vi qualquer necessidade em receber um remake ou remaster, o que não é propriamente difícil pois o original de 2015 envelheceu bastante bem (ou nem envelheceu que nem teve tempo), jogo que na PlayStation 5 corre a 60 frames por segundo, uma experiência muito mais fluída comparada com a que tive na consola anterior, que servirá de termo de comparação para este novo lançamento. Apesar de tudo, vi neste lançamento a desculpa perfeita para voltar a pegar e devorar Until Dawn, novamente a tempo do Halloween!

Voltei assim a Blackwood Mountain e à casa dos Washington, família que sofreu um acontecimento trágico com o bizarro desaparecimento (bem, morte) das irmãs Hannah e Beth, durante uma noite de festa que juntou um grupo de jovens adultos sozinhos numa enorme mansão. Um ano depois do evento o grupo regressa e, à boa maneira de filme do género todos mudaram, amizades destruídas e relações que surgiram, entretanto. O anfitrião é Josh, filho da família Washington que lançou o convite a todos os presentes da reunião passada para uma espécie de reencontro. A montanha, cheia de mistérios, parece ter outros planos para este grupo e tudo começa mal logo no início, desde a falta de luz a toda uma montanha de difícil acesso. Conveniente.


A história, bem, não entro em muitos detalhes pois passada meia hora já conta com algumas surpresas, até porque é um jogo curto que pode ser jogado num único dia (ou fim de semana) e em que tudo acontece rapidamente, com eventos consecutivos. Aqui jogamos com todas as personagens entre diferentes capítulos, mostrando diferentes pontos de vista e desenvolvendo a história em torno da Blackwood Mountain e o seu passado, onde tudo parece acontecer sempre em tons de horror, onde o macabro é a ordem da noite. Sensivelmente a meio do jogo já começamos a ter uma certeza do desenrolar, mas, até lá, muita coisa pode acontecer e personagens podem morrer!

São as decisões que tomamos desde o início do jogo que vão alterar o percurso da história, levando a diálogos e interações diferentes entre personagens que podem ou não levar a situações trágicas. Ser bisbilhoteiro, por exemplo, pode logo ali azedar uma relação entre duas personagens, que por sua vez causa consequências com a interação com outras personagens e por aí fora. A temática do efeito borboleta é assim usada (e chapada na nossa cara entre diálogos e todas as referências a borboletas no jogo), acompanha-nos do início ao fim e leva a distintas conclusões para a história, motivo ao qual me divertiu fazer sessões de jogo com pessoas diferentes.


Não só as decisões que tomamos como a nossa prestação a lidar com os Quick Time Events que surgem de surpresa a meio do jogo, algo que honestamente não sou nada fã mas aceito bem, até porque são uma constante e fazem parte vital do jogo em si. Falhar estes inputs rápidos de botões podem levar à morte de personagens, tal como os vários momentos em que não nos podemos mover de todo, uma mecânica onde os movimentos dos controlos são mesmo, mesmo sensíveis, mas que podemos alterar nas opções de configuração de modo a aliviar algum stress.

É um jogo onde brilha uma experiência interativa com o mesmo, com uma história pré-definida mas que me deu um gozo enorme repetir, mas, tudo isto é mérito do jogo original… por isso, como se porta esta versão atualizada? O destaque vai logo para os visuais, muito mais detalhados quando comparado com o jogo original, desde as personagens aos cenários. Não que no original não estivessem muito bem mas, aqui há um detalhe aprimorado tornando-o numa experiência definitiva, reconstruída agora no motor Unreal Engine 5, atualizando personagens, cenários, animações e efeitos visuais. Perde-se a fluidez de quem jogar a versão original na PS5, no entanto esta é uma experiência quase que cinematográfica e com frames estáveis, que quando comparo à experiência que tive na PS4 repleta de quebras de fluidez constantes, senti uma melhoria significativa. Há também uma direção artística ligeiramente diferente com contrastes de luz e cor, o que inicialmente chocou-me pelo uso de cores quentes, longe dos tons frios e cinzentos do original, algo que eventualmente passei a gostar pois o jogo vai tornando-se cada vez mais soturno e usa tudo isto a seu favor.


O mais estranho, algo que já sentia no original, é o ar meio robótico das personagens, com expressões estranhas, por vezes exageradas ou até mesmo desnecessárias, dando quase um ar de animação e não de filme. Visão cinematográfica que é clara no resto do jogo onde, em caso de dúvidas, relembro que o jogamos com barras pretas no ecrã de modo a apresentar uma proporção de filme visto num cinema. As expressões das personagens tornam-se agora mais bizarras devido ao seu realismo aprofundado, indo por uma espécie de uncanney valley que por vezes incomoda. A estes pontos junta-se os controlos estranhos de movimento das personagens, também eles robóticos e demasiado presos, algo que é bastante característico entre jogos do género, mas que, por muito que os adore jogar, continuo a ficar aborrecido com os movimentos muito presos de quem controlamos.

Há também diferentes coisas para quem conhece bem o original, o que me deu algumas dores de cabeça e deixou-me algo confuso até me aperceber. Acontece que existem vários colecionáveis durante o jogo, que vamos encontrando espalhados pelos cenários e registando numa espécie de bloco de notas digitais. Um destes itens são totens que nos dão visões de eventos futuros que podem acontecer, que não estão propriamente nos mesmos sítios da versão original e são ainda em maior quantidade! A nossa exploração é geralmente recompensada por andar a vasculhar tudo e mais alguma coisa à procura destas pistas, que nos vão explicando mais da história das personagens envolvidas e os mistérios que assombram a montanha à nossa volta.

Ainda assim vejo esta versão para PS5 como a definitiva, com mais conteúdo e ainda algo especial para quem tenha seguido um bom caminho no jogo, com direito a novas sequências no final que podem ser boas notícias para os fãs de Until Dawn como eu. Algo que descobri porque quis fazer o melhor possível no jogo e ter o final “feliz” onde todos sobrevivem, algo fácil de atingir, só que como fã do género de terror, aprecio melhor o espetáculo gore e horrendo causado pela morte das personagens. Só tenho pena que não tenham aproveitado esta remasterização com mortes diferentes para as personagens, pois mesmo que estejam em sítios ou situações diferentes, são muitas as mortes que têm exatamente as mesmas animações.


Se nunca jogaram Until Dawn esta é uma nova oportunidade a darem ao jogo, agora visualmente talhada para a PS5 com algum conteúdo extra, sendo a experiência definitiva dele. Um lançamento que continuo a não ver a necessidade do mesmo, o original continua bastante bom e muito do mérito desta versão cai no original, mas que merece ser jogado independentemente da versão, e até calha bem agora que se aproxima o Halloween!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PlayStation 5, gentilmente cedido pela SIE

Latest in Sports