Prince of Persia: The Lost Crown

O culto criado à volta de obras com o nome Prince of Persia tem criado volume nas prateleiras dos amantes de videojogos desde 1989/1990. Numa linha de tempo que divide histórias com romance, destruição iminente do mundo como os habitantes daqueles tempos até então conhecem, e volte face que pretende agarrar o visualizador a uma jogabilidade camaleónica e desafiante. De volta à vertente side scroller, Prince of Persia: The Lost Crown, é a mais recente aposta da produtora Ubisoft, que infelizmente ficou abaixo das expectativas de números de vendas, não pela qualidade do seu produto, mas pelas políticas de lançamentos bloqueados em serviços com uma percentagem elevada de jogadores, fechando assim portas importantes para que mais pessoas possam tirar proveito de horas de diversão nas suas aventuras.



O Império Persa encontra-se à beira do colapso após sofrer invasões recorrentes por parte do Império Kushan, misturado com períodos de seca que levaram à fome e pobreza do seu povo. Ainda assim, as forças do Império Persa, neste que se retrata como o derradeiro ataque às suas muralhas, conta com a presença do grupo de 7 guerreiros intitulados de "The Immortals", com o intuito de suprimir as forças adversárias. Cada guerreiro conta com habilidades especificas, dignas de um deus. Contudo, o jogador entrará na pele de Sargon, surpreendentemente não é o príncipe, mas a personagem principal de uma história com revelações interessantes com o pano de fundo sobre a mitologia Persa, com o objetivo de salvar o príncipe, recentemente coroado Rei do império, no mítico Mount Qaf.  

Sendo um metroidvania, é de esperar encontrarem-se vários caminhos fechados numa primeira instância, segredos, itens e habilidades especiais para serem descobertos nos mais variados biomas. Todo o art style deste título foi pensado para traduzir cada pedaço de ambiente, cada movimento, a sensação de aprendizagem de mais um combo, cada plataforma, a superação de mais um segredo desbloqueado. É francamente um prazer pegar no comando e desbravar todas estas sensações enquanto se aprecia um background pincelado por uma paisagem arrebatadora. 


The Lost Crown eleva a fasquia deste género, sem nunca reinventar a roda. Parece um pouco contraditório, mas é realmente verdade. Não faz nada de errado em todas as mecânicas apresentadas. O combate começa de maneira simples, com o simples pressionar de um botão para aplicar dano no adversário, a possibilidade de efetuar parry aos ataques inimigos, mas cresce de uma maneira super interessante à medida que são introduzidos novos amuletos que apresentam um peso bastante importante no desenrolar de toda a ação. De certa forma, estes amuletos que podem ser adquiridos em lojas espalhadas pelo mapa, ou encontrados em locais secretos, formam uma espécie de árvore de habilidades permitindo ao jogador construir a sua personagem consoante o seu tipo de abordagem aos mais diversos inimigos. Ainda no campo do combate, Sargon adquire poderes especiais chamados de Athra Surges, que consomem a barra de energia especial, especificamente designada para este efeito e que se traduzem em ataques devastadores.

Os confrontos contra Bosses adicionam um novo layer de degustação que envolve o jogador por completo. A linha de aprendizagem dos padrões de ataque de cada um será imprescindível para se sair vitorioso de uma situação que à primeira vista parece impossível, dado à estatura impressionante de cada novo inimigo. Ao longo das cerca das 20 horas que demorei para terminar The Lost Crown, na dificuldade Hero (hard), posso afirmar que os combates contra os Bosses foi sem dúvida o ponto que me roubou mais tempo, não estou com isto a dizer que foram horas perdidas, mas sim, momentos difíceis que exigiram a utilização de todas as ferramentas que tinha ao meu dispor naquela situação.


Relativamente à exploração do mapa, como já referido, certas zonas do mapa apresentam-se fechadas. Até neste aspeto este título desenrola-se de maneira super satisfatória, sem nunca deixar o jogador completamente perdido. Ao longo da aventura é necessário colecionarem-se poderes relacionados com o tempo, dando a possibilidade de usar plataformas apenas presentes noutra realidade, a habilidade de dash que permite chegar a zonas mais afastadas, ou até mesmo um hook especifico para ser utilizado em argolas com contornos mágicos. Tudo é apresentado no seu devido tempo sem nunca levar a momentos frustrantes. Assim como o combate apresenta uma linha de aprendizagem, é importante manter a atenção em todos os momentos de exploração do mapa. Sargon conta com a companhia de um peculiar amigo de penas que o ajudará a localizar portas escondidas ou a indicar o local onde se encontra um baú com tesouro. Alguns destes baús encontram-se por detrás da resolução de pequenos puzzles que mesmo não sendo difíceis, ajudam a manter o jogador interessado na sua resolução.

O jogo de dedos necessário para chegar à plataforma seguinte fez-me de certa forma recordar o título "Celeste". Ainda que sem nunca chegar ao nível de dificuldade presente no mesmo, deixa transparecer uma experiência de tentativa e erro bastante gratificante durante todo o jogo. 


Estes apontamentos de dificuldades podem ser modificados na excelente panóplia de opções de acessibilidade apresentadas no menu de pausa. É possível ajustar a janela de tempo para se efetuar o parry sobre o ataque inimigo, diminuir ou até aumentar a percentagem de vida tirada por cada ataque inimigo, ou por exemplo, portais que permitem simplesmente passar zonas de plataformas, se a situação ficar muito complicada. Ainda assim, aconselho a desfrutar o jogo e não usar esta última opção, porque o sentimento de superação sobre uma secção de plataformas mais complicada é sem dúvida a cereja no topo da coroa.
 

Prince of Persia: The Lost Crown é um título sem dúvida recomendável. A sua história ainda que com alguns momentos interessantes nunca chegou a ser a principal razão que me levou a chegar ao seu fim. É difícil deixar o comando de parte e partir para outra aventura. O seu gameplay viciante não deixará nenhum jogador de fora do seu loop.
 


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Ubisoft.

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