Age of Wonders: Planetfall
Age of Wonders é uma série de videojogos de fantasia e estratégia dentro do género 4X ("eXplore", "eXpand", "eXploit" and "eXterminate"), cujo primeiro título chegou ao mercado ainda em 1999. Desde então, novos jogos foram acrescentando novidades e várias mudanças à saga, mas nunca uma tão forte como a deste quinto título, que abandona a fantasia medieval em troca de um universo de ficção científica em Planetfall.
Este é um grande jogo de estratégia no espaço, num futuro distante onde a Star Union é um grande império humano intergalático... até ao dia em que um estranho ataque em diversos pontos do universo deixa tudo em ruínas. Passado o equivalente a duzentos anos terrestres, grupos de sobreviventes geraram diferentes facções, lutando pelo seu desenvolvimento. É precisamente assim que começa o modo de história, onde o capitão se cruza pela primeira vez com velhos conhecidos após tantos anos em "cryosleep".
Embora os diferentes membros do grupo Vanguard sejam todos humanos, o jogo inclui diferentes facções, incluíndo por exemplo os cibernéticos Assembly ou os aliens com aspecto de insecto Kir'Ko. Aliás, talvez "aliens" não sejam a melhor expressão, uma vez que na realidade ninguém é propriamente nativo do planeta onde está a conquistar.
Aliás, nem sequer a história do jogo é o mais importante, pois tanto se pode jogar em modo campanha, com um total de 13 cenários exploráveis, como simplesmente ligar o jogo e abrir um mapa gerado de forma procedimental com as condições e número de adversários que se desejar. A principal diferença é que, no modo campanha, além dos mapas serem bem pensados de acordo com as intenções dos criadores do jogo e haver pequenas histórias a explorar além da principal, nos "aleatórios" não há propriamente um argumento e alguns cenários podem ser muito desfavoráveis.
Mas de que se trata então a experiência de jogo? Com um tutorial de jogo que leva mais de 30 minutos a completar, não é uma coisa fácil de se resumir - há tantas variáveis e condições que até o que leva o jogador à vitória consegue ser complicado de explicar. No fundo, cada líder irá querer levar a sua equipa ao maior território possível, com a melhor pontuação em múltiplas áreas, ou então ser o melhor diplomata ou simplesmente ajudar um aliado a vencer. No modo campanha, diferentes níveis levarão a diferentes objetivos, com mais do que uma vitória possível, enquanto que no modo personalizado é possível escolher os critérios.
Seja como for, o jogador quererá que a sua equipa seja a melhor do planeta onde estiver a jogar.
A principal ação do jogo centra-se no mapa do planeta, onde serão contruídas colónias para sustentar a equipa e assim fazê-la crescer. Em torno da colónia, irá querer-se expandir o território, de forma a se contruir bases que irão permitir obter maior nível de recursos. Uma colónia com demasiada população começará a ficar mais difícil de manter, pelo que é sempre possível procurar outro terreno vazio para assim se começar uma nova colónia, tal como se tratassem de diferentes distritos pertencentes ao mesmo país. É com o desenvolvimento das colónias que se fará também o aumento dos exércitos e das tecnologias que poderão assim aumentar o poder da equipa.
Naturalmente, existem outras equipas presentes, cada uma com o seu objetivo, e aqui entra a parte mais interessante do jogo, com a relação entre as diferentes equipas a poder variar entre a guerra e a aliança, até mesmo à submissão de uma a outra. Por exemplo, se um território é bom a recolher energia, enquanto o outro é melhor a recolher materiais, porque não proceder a um acordo entre eles? Seja algo duradouro ou mero interesse temporário, a diplomacia será sempre algo a ter em atenção, até porque a guerra é sempre possível.
Precisamente por causa disso, é importante ter uma boa gestão do exército e planear antes de se atacar... ou ser atacado.
Os combates são pequenas batalhas de estratégia ao estilo de jogos como XCOM ou Fire Emblem e oferecem, aos interessados, toda uma nova camada de estratégia em doses relativamente pequenas de cada vez. Em todas elas é possível obter um resultado automático, sem se quer se entrar no ecrã de batalha, ou entrar e ver também de forma automática as personagens a combater, mas quem aprecia este estilo de combates estratégicos por turnos irá certamente tentar obter por si um resultado melhor do que aquele ditado apenas pelas estatísticas.
Por tudo isso, a cada avanço feito no jogo, a duração do turno do jogador será cada vez maior e maior. Definir estratégias, tratar da produção de cada uma das bases, planear a investigação de forma a obter novas tecnologias, expandir o território, gerir a relação com as equipas, há sempre mais e mais para se fazer. Não admira, assim, que uma sessão de jogo tanto possa durar uma como 5 ou 6 horas de jogabilidade. O certo é que nem sequer se dá pelo tempo a passar.
E se isto é assim, imagine-se para um conjunto de jogadores. No modo de jogo aleatório, são permitidos até 12 jogadores no total, controlados por humanos ou pela inteligência artificial do jogo. Cada jogador só verá o mesmo que veria num jogo tradicional, mas por ser entre humanos tudo se consegue tornar mais interessante. No entanto, há a possibilidade de que estas sessões de jogo ultrapassem aquilo que é recomendável... nada como guardarem a sessão e voltarem a reunir-se noutro dia para jogar. Ainda assim, há aqui possíveis grandes experiências, como por exemplo numa sessão de jogo juntarem-se dois amigos aliados, contra fortíssimos adversários controlados pelo computador.
Existe ainda a possibilidade de jogar online neste tipo modo multijogador, mas não foi possível testá-la a tempo deste artigo.
Visualmente, o jogo tem um óptimo aspecto, tanto a nível de arte como detalhe, embora a banda sonora seja algo completamente neutro e fácil de ignorar. Com sessões bastante longas de jogo, acaba por ser algo neutro, que pode não entusiasmar mas também nunca se torna cansativo. Em termos artísticos, a espécie Kir'Ko acaba por ser a mais interessante, mas todas elas oferecem uma boa variedade de configurações do capitão que irá representar o jogador.
Apesar de um vasto conjunto de texto e uma imensidão de submenus, incontáveis detalhes a nível de interação, estratégia e decisões, o jogo consegue ser relativamente acessível a quem for novato do género, permitindo cada um aprofundar ao seu ritmo todas as funcionalidades e possibilidades tácticas. Mesmo com o modo campanha a durar cerca de 60 horas, quem for apaixonado pelo género, terá aqui incontáveis sessões de jogo graças à geração de níveis e todas as possibilidades de estratégia que poderá experimentar.
Definitivamente, não é um jogo para qualquer um, mas é um título que consegue oferecer grandes experiências aos amantes de estratégia, especialmente se gostarem da temática sci-fi. Disponível agora, tanto para PC como para PlayStation 4 e Xbox One.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Triple Point. Não foi atribuída uma nota por decisão do escritor.