Monster Hunter Wilds


Regressaram as caçadas! Se há série que me deixa ansioso pelo próximo grande lançamento é Monster Hunter, que tento reservar o meu tempo para o jogo ou até mesmo quando não corre como planeado, pego no jogo 15 a 30 minutos só para matar mais uns bichos. Já faz algum tempo desde que me dediquei a Monster Hunter Rise e a sua expansão Sunbreak, mas, desde que Wilds foi revelado só queria explorar o novo jogo.

É série que me diz muito desde Monster Hunter Freedom Unite, também importante para mim, no Meus Jogos, pois foi o primeiro grande jogo que me chegou às mãos para análise foi o Monster Hunter 3 Ultimate, na Nintendo 3DS. 


Chegou finalmente a altura de dedicar-me a Monster Hunter Wilds, o novo título numa icónica série que celebra o seu vigésimo primeiro aniversário! Novos enormes bichos, zonas do mundo totalmente novas e um aparente foco na narrativa com personagens chave que nos acompanham durante a aventura. A personagem que criamos ao nosso gosto surge como se fosse um membro numa equipa de aventureiros de um tradicional RPG, que se vêm envolvidos numa história que coloca o mundo (ou parte dele) em risco. Numa série que tem vindo a explorar conceitos novos, diferentes, acompanhando uma evolução que o tornou mais acessível a um público abrangente, este novo capítulo parecia juntar tudo o que aprenderam em Monster Hunter World e Rise.

A figura em destaque, desta vez, é o tenebroso e imponente Arkveld, monstro este sendo o foco principal da história do jogo. História este onde acompanhamos Nata, personagem que fugiu das garras de Arkveld à procura de auxílio e cruza-se connosco, nós que estamos devidamente acompanhados pela ferreira Gemma e a nossa assistente Alma. São três personagens que ajudam a desenvolver o mundo que nos rodeia, dando contexto aos monstros que vão aparecendo e acompanham-nos à medida que avançamos jogo fora, que nos leva a conhecer um extenso leque de outras personagens.


Algo que me preocupou logo no início do jogo foi o seu mapa e o modo como o exploramos, desta vez o jogo deu o salto para algo mais open world com tudo interligado. Abrir o mapa deixava-me ansioso, o exagero de ícones e uma navegação confusa lembraram-me do quão odiei a primeira floresta de Monster Hunter World, que se tornou num autêntico labirinto para mim. Felizmente, logo na primeira hora de jogo senti que a exploração do mapa era muito semelhante ao que a série me habituou, por muito que fosse open world o mapa está dividido entre vários biomas distintos, como se fossem os diferentes mapas que já estava habituado. A única diferença é que está tudo ligado por corredores ou pequenas áreas entre os desertos, florestas, cavernas ou montanhas.

A própria navegação do jogo é simplificada, às costas do nosso Seikret, a fiel mount a que muitos chamam de Chocobo, guia-nos para a ação e para alvos específicos, sejam regiões do jogo, locais para fazer gather ou o seu principal uso, ir ter diretamente com o monstro que pretendemos caçar. Mesmo a navegação pelo mapa é facilitada, através de quick travel que nos permite saltar de vila em vila ou noutros locais onde construímos acampamento, facilitando imenso as caçadas por monstros específicos. Há várias pequenas tendas que podemos construir nas diferentes regiões para facilitar a exploração, mas estas podem ser destruídas pelos monstros que por lá passam.

Falando do combate em si, este é tal e qual como a série nos acostumou, com algumas novidades. Os combates frenéticos contra enormes dragões está de volta, onde atacamos partes específicas para os danificar o máximo possível de modo a aplicar ainda mais dano, subimos às costas deles para ataques fortíssimos e tentamos, a todo o custo, corta-lhes as caudas. São 14 diferentes armas ao nosso dispor e todas elas têm algumas novidades, que vêm acompanhar a nova mecânica de Focus Mode onde abrimos feridas nos monstros, usamos fortes ataques e aplicamos muito dano, geralmente fazendo o monstro tombar para continuar os nossos ferozes ataques. Como utilizador de Switch Axe não senti grandes mudanças face aos jogos anteriores, exceto nos novos ataques e combinações possíveis, o que ajudou imenso a saltar logo para a ação sem grandes dificuldades.


Uma das novidades de Wilds é poder ter sempre à mão duas armas para poder alternar, isto feito às costas do nosso Seikret. Honestamente? Nem senti grande utilidade nesta adição, geralmente estava tão focado na minha arma principal que me esquecia ter uma segunda ali à disposição… que era outro Switch Axe, mas com diferentes propriedades. Algo que ainda tenho de explorar melhor, talvez com o aparecimento de caçadas mais difícil no futuro deste jogo irá impor esta necessidade, que provavelmente é uma adição para se manter, tal como muitas outras que vieram melhorar a experiência de jogabilidade.

Algo que me desiludiu um pouco foi a dificuldade do jogo, tal como a longevidade nos vários combates contra monstros épicos que tinha pela frente. Durante a campanha principal, até os créditos rolarem, não vi um único "Game Over", nem desmaio, nada. É certo que não é suposto estar a contar com algum grau de dificuldade elevado quando sinto que estou num extenso tutorial, até porque se perguntarem a qualquer jogador de Monster Hunter o jogo só começa a sério quando acabam os créditos. Senti saudades das vezes que perdia contra vários monstros, mesmo no início, que me obrigavam a melhorar o meu armamento e equipamento, repetir caçadas prévias para o grind típico que melhora o meu desempenho depois.

Muita da essência de Monster Hunter é exatamente isto: enfrentar enormes bichos, colher as recompensas do combate, criar novo equipamento para lutar contra monstros mais fortes. É repetir isto até acabar o jogo e essa essência mantém-se bem viva em Wilds, apenas acontece depois dos créditos e, mesmo assim, houve ali versões mais fortes de bichos que havia enfrentado já que ignorei, porque não precisei de melhorar o equipamento ainda assim. Ainda assim senti saltos na dificuldade, os monstros que apareciam em fases mais finais do jogo base (quando via que já não tinha muitos monstros por conhecer) já me davam luta, já me "obrigaram" a fazer o muito aguardado grind para melhorar a minha personagem.


Senti, contudo, que o número de monstros disponíveis no jogo base é inferior quando comparado com Monster Hunter Rise e World, por exemplo. Não são poucos, atenção, mas pelo meio temos ali alguns que são reskins com novas habilidades, só que não são distintos o suficiente para sentir que são verdadeiramente monstros diferentes, algo que a série faz há imenso tempo, que normalmente aprimora  estas versões alternativas. Sei que teremos novos monstros adicionados em updates regulares, só não fico convencido por ter de esperar agora pelo próximo mês para receber um monstro apenas.

A quantidade pode ter sido escassa para o meu gosto, mas a diversidade agradou-me bastante! Wilds não se baseia apenas em dragões e num exagero do mesmo, com criaturas de diferentes tamanhos e feitios: temos monstros bípedes semelhantes a mamíferos, wyverns esquivos sem a capacidade de voar, aranhas gigantes e até mesmo polvos, sendo que estas criaturas cefalópodes são uma estreia na série. Gostei, pois as estratégias para lidar contra as criaturas do jogo mudavam constantemente, sem sentir que estava a jogar sempre da mesma maneira. Lidar contra o novo Nu Udra, um assustador polvo, difere muito dos combates que tenho contra o icónico Rathalos. Enfrentar a aranha Lala Barina e lidar com os seus frenéticos ataques em todas as direções divergiam muito da luta épica contra Rey Dau, uma excelente nova adição. Como sempre, são os monstros que me trazem sempre de volta à série e, apesar de menos, Monster Hunter Wilds deixou-me satisfeito.


Enquanto que a navegação pelo mapa do mundo é bem mais tranquila do que inicialmente parece, o mesmo não pode ser dito de muitas outras coisas do jogo. A navegação pelos menus é demasiado complexa, o simples facto de nos queremos juntar a caçadas com amigos envolve a criação de equipas, sem acessos diretos e práticos quando nos queremos apenas juntar numa breve caçada, ou ajudar alguém que possa estar preso num monstro específico. São imensas as configurações escondidas em sub menus, coisas simples que podiam estar num acesso rápido não estão, como a simples edição do nosso perfil como caçador. São várias pequenas coisas que se juntam num grande problema de usabilidade na navegação no jogo, este que não tem qualquer problema em juntar-nos com pessoas aleatórias para rápidas caçadas, só fica complexo quando queremos jogar com amigos.

Também visualmente o jogo sofre de alguns problemas de otimização, embora não tenha encontrado quaisquer problemas de fluidez estando a jogar com prioridade no frame rate (numa PlayStation 5 base), são muitas as texturas sem qualidade, pixelizadas ou desfocadas. Os monstros estão lindos, como sempre, mas os mesmo não consigo dizer de muitos cenários com pedras desfocadas, o que honestamente até se torna meio que irrelevante quando estamos no meio da confusão, entre desviar dos ataques que nos caem em cima e os nossos próprios movimentos. Não fiquei fã dos tons amarelados ou cores pouco saturadas do jogo, talvez numa tentativa de o tornar mais realista, mas senti falta dos contrastes e tons mais coloridos de Monster Hunter Rise. Quanto à otimização, são alguns os jogos recentes em que fico a pensar "será que isto sai para a Nintendo Switch 2", algo que também pensei aqui atendendo a grande popularidade que a série tem, no formato portátil. No meio disto tudo uma coisa é certa: a comida neste jogo tem mesmo muito, muito bom aspeto!


Além da missão principal, seguindo a história mesmo muito após ter visto os créditos, há muito que tive a explorar pela frente. São várias as missões secundárias que desbloqueiam coisas, nos dão valiosos itens e sobem o nosso Hunter Rank, um número que vamos subindo aos poucos como se fosse o nível da nossa personagem. Com praticamente 40 horas de jogo sinto que ainda há muitas caçadas para fazer, várias peças de equipamento que tenho de construir e outros pequenos desafios a enfrentar, como procurar os monstros com as "Golden Crowns" que têm propriedades ligeiramente diferentes, mas que sinto que os tenho de derrotar.

Monster Hunter Wilds foi um regresso que me deu um gozo enorme voltar para, francamente sinto que Wilds é aquilo que o World devia ter sido, pelo menos para mim: uma fórmula de jogo diferente, mas sem fugir em demasia ao estilo mais tradicional da série, com uma jogabilidade rápida, fluída e que por vezes abraça o caos. Sei, também, que este é apenas o início de mais um jogo na série, as atualizações que virão nos próximos meses vão-me fazer voltar constantemente ao jogo até ao inevitável lançamento da expansão ou DLC que, espero eu, seja lançada para o ano.


Um jogo obrigatório para todos os fãs de Monster Hunter, cuja maioria já deve estar totalmente absorvida pelo jogo, enquanto que é a oportunidade perfeita para muitos outros se estrearem nas caçadas contra monstros que não cabem no ecrã. Fora algumas dificuldades a navegar pelos menus, praticamente todas as mecânicas principais do jogo são-nos ensinadas no decorrer da aventura, por isso podem abraçar o desafio. E, quem sabe, se não se tornarão novos fãs da série e vão entrar no ritmo do jogo: caçar, grindar e caçar monstros mais difíceis!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PlayStation 5, gentilmente cedido pela Ecoplay

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