Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition


Chegou o momento de celebrar mais um jogo que saiu da prisão da Nintendo Wii U, provavelmente o último grande port da consola para a Nintendo Switch, agora que a sucessora está a caminho! Pedido por muitos ao longo destes anos todos, eis que finalmente surge Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, trazendo o extenso mundo alienígena de Mira para o formato híbrido, tanto para jogar na TV como nas nossas mãos, em modo portátil.

Talvez possa não ser novidade, já o devo ter expressado, mas Xenoblade Chronicles X é o título que menos gosto da série. Ainda assim sempre foi uma aventura excecional, com um incrível foco na ficção científica aliada a questões filosóficas e religiosas, que a série tanta gosta de utilizar. Algo que vem desde Xenogears, o eterno clássico da Squaresoft que a Square Enix parece não querer trazer de novo. Juntamente com a série Xenosaga são jogos que muitos fãs pedem constantemente, que pagariam bem para poderem jogá-los nas consolas atuais.


Com a Nintendo parece que esse problema não existe, lançando agora a versão definitiva de um jogo da Nintendo Wii U, juntando-se assim ao resto da família Xenoblade numa única consola, um marco que gosto de celebrar, pois é uma série que acarinho imenso e quero que todos se dediquem a ela, levando o tempo que tiverem de demorar. Preparem-se, pois cada um dos títulos são jogos que facilmente atingem mais de cem horas se optarem por explorar mesmo tudo, onde só a história principal é coisa para durar grande parte desse tempo.

Em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition exploramos o planeta alienígena Mira, a nova casa para a humanidade após uma fuga da sua extinção, após o planeta Terra ter sido totalmente destruído, escapando a bordo da White Whale, a nave onde embarcamos para fugir à morte que carregava New Los Angeles (New LA), a nossa cidade. No meio desta dramática história nós somos um simples avatar, uma personagem sem qualquer background ou origem definida, totalmente criada por nós. Nesta edição definitiva contamos com algumas novidades ou surpresas na configuração do nosso protagonista, referências a outras personagens na série que surgiram nos capítulos que surgiram entretanto.

Apesar de sermos o protagonista, a verdadeira heroína desta aventura é Elma, a nossa líder que comanda a equipa dos BLADE, uma força militar que tem como objetivo garantir o bem-estar de todos os humanos em Mira, enquanto exploram territórios inóspitos juntamente com Lin que também tem bastante destaque na história, entre as várias personagens que se juntam a nós. Tudo pelo futuro da humanidade, à procura de partes que vieram com a White Whale, a nave que nos trouxe da Terra. Coisas que compõem o legado da nossa história, que temos de assegurar o melhor possível de forma a encontrar em Mira um novo começo com tudo o que tornou a humanidade no que é. Claro que não seria uma gigante sem uma boa dose de desafio e, Mira, está recheada de fortíssimos monstros que não existam em atacarem-nos caso nos cruzemos com eles!


A aventura desenrola-se ao longo de vários capítulos, sendo que aqui surge uma das minhas principais queixas do jogo, se não, a mais importante: constantemente estamos a ser bloqueados para progredir na história. Isto é, acompanhando a história principal há um conjunto de missões secundárias que temos de concluir sem falta, o que me leva a pensar que acabando por ser obrigatórias (mesmo sendo secundárias), porque é que não estão inseridas na missão principal? Por várias vezes também via a minha progressão na história parada por não ter um determinado nível que, ao focar-me apenas na main quest não subia de nível o suficiente para poder progredir, levando-me a um grind desnecessário que, mesmo sendo breve, eu só queria era continuar com a história principal.

São estes bloqueios que ainda hoje me chateiam em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, que de algum modo foram aliviados através de uma jogabilidade mais acessível e rápida, como ser mais fácil subir a afinidade com as várias personagens, aliviando o grind necessário para determinadas missões obrigatórias para continuar com a história. Regra geral e, sem estar a entrar em detalhes muito específicos, cumprir as imensas missões tornou-se mais fácil e rápido, até mesmo mudar de personagens agora é tão simples como aceder ao menu e já está, sem a tarefa horrivelmente chata de ir ter com elas aos seus locais específicos. Esta alteração, juntamente como ter um Quick Cooldown que rapidamente nos permite usar ataques especiais em seguida, tornaram o jogo muito mais divertido.


Fora estes percalços na progressão da história ela é bastante interessante, mesmo não contada de uma forma tão empolgante ou marcante como quando comparado com o resto da série, embora que aqui encontremos umas quantas surpresas bem interessantes. Temos muito do estilo de filosofias usadas nos restantes Xenoblade, tal como nos anteriores Xenos que acabam por estar também ligados aos recentes jogos, com uma bela pitada de niilismo que eu aprecio. Acima de tudo é um jogo sobre as personagens que compõem a nossa equipa, mesmo sendo secundárias, que neste remaster contamos com novas adições que expandem a história do jogo, mesmo que sejam "só mais alguns". Dei por mim a dedicar-lhes mais tempo, não só por serem novidade, mas por sentir que eram mais importantes, mesmo que as sequências de história as continue a colocar como estacas imóveis que não reagiam a absolutamente nada do que estava a acontecer, o que por vezes era até mesmo bizarro.

Voltando ao sistema de combate este é bastante simples, prático e temos uma total liberdade em configurar a nossa personagem de acordo com o nosso estilo de combate. Há um enorme leque de habilidades que vamos aprendendo e várias classes a explorar, que acabamos por explorar tudo bastante facilmente. É um sistema tão simples como complexo ou detalhado, se quisermos, há pequenas peças adicionais para usar no nosso equipamento, com atributos especiais que vão do dar mais dano a determinados tipos de inimigos, a simplesmente receber mais experiência ou receber mais loot. Se quiserem, isto é mesmo jogo onde podem esmiuçar as características mais complexas dos RPGs, tornando a nossa equipa em algo completamente devastador, ganhando imensas vantagens, coisas que não se têm de preocupar a não ser que queiram enfrentar os mais difíceis monstros, enquanto exploramos a pé.


Digo a pé porque a principal mecânica que torna este RPG numa aventura inesquecível é poder lutar com mechs, os Skell. Enormes robôs que nos permitem enfrentar os mais variados desafios de Mira com maior segurança, que podemos também configurar livremente através das várias peças de equipamento disponíveis e armas, estas que mudam os nossos ataques especiais. Aviso só que obter a licença para poder usar os Skell continua quase tão penoso como dantes, aparecendo umas dezenas de horas valentes após o arranque da aventura. Explorar este perigoso planeta pilotando um Skell é inesquecível, sem dúvida dos momentos mais altos do jogo que só é superado a partir do momento que podemos voar pelas regiões do mapa, explorando todos os cantos de Mira e enfrentar os mais perigosos inimigos.

Há novos tipos de Skell a explorar, com mecânicas únicas e novidades, alargando ainda mais as estratégias possíveis no jogo, apenas não pensem que só vão usar estes novos Skell e ignorar os já existentes. E bem que precisamos de tudo para estarmos o melhor preparados para os mais variados combates, quando mesmo passados estes anos todos continuo boquiaberto quando me vejo a lutar contra inimigos do tamanho de autênticas cidades! Combates épicos, que como fã de mechs, este jogo nutre-me bastante bem e fico com vontade de ter mais. 


Separado em diferentes zonas, Mira tem várias coisas a fazer em cada uma delas, que por si cada um estão segmentados em pequenos sectores onde há sempre uma coisa especial a obter: um tesouro, um inimigo especial ou uma antena que nos desvenda um pouco mais do mapa. Há mecânicas de ganhar recursos ou dinheiro, que vai evoluindo à medida que progredimos no jogo, coisas bastante vitais, pois adquirir e usar os Skells sai caro! Isto tudo num jogo open-world que, ainda hoje, é impressionante a magia que a Monolith Soft conseguiu fazer não só na Nintendo Wii U como agora na Nintendo Switch, envergonhando até jogos que saíram exclusivamente para esta consola. Um jogo mesmo muito bem polido, sem grandes compromissos tanto a nível visual como na fluidez do jogo, sendo que quando comparado com os restantes jogos Xenoblade na consola, mesmo a jogar em modo portátil o jogo mantém-se perfeitamente nítido, sem aquele desfoque manhoso que encontramos, por exemplo, em Xenoblade Chronicles 2

Claro que nem tudo são maravilhas, por muito que o mapa seja totalmente aberto ele também é bastante vazio, que fora os imensos monstros que por lá vagueiam só temos uma única cidade que é New LA, a base das nossas operações. Tudo o resto são pequenos acampamentos ou bases inimigas e, mesmo New LA só serve mesmo para comprar equipamento num único sítio e para aceitar (e fazer) várias das missões secundárias. Compensa por o quão ricas sãos as diferentes partes que compõem Mira, de extensos desertos a florestas cheias de perigos, onde por várias vezes encontramos grutas cheias de preciosos itens e monstros que queremos enfrentar, ou até mesmo objetivos para várias missões secundárias.


São várias as coisas que ajudam a que a história principal não seja tão memorável com o resto da série. A história em si mais parece um conjunto de missões onde, de vez em quando, temos momentos mais dramáticos e cinemáticos que guiam a narrativa. Momentos estes agora ainda mais detalhados, devido a melhorias a nível visual que não só aproxima as personagens a algo mais a par do resto da série na Nintendo Switch, torna-as bem mais detalhadas e interessantes. Melhorias visuais acompanhadas por uma interface muito melhorada, bem mais legível quando comparado com o jogo original, com alguns quality of life que tornam o jogo mais acessível, embora a navegação entre menus continua a ser algo estranho.

Mas… e então, o conteúdo novo? Bem, não quero muito entrar em detalhes, até porque é muito fácil entrar em spoilers mesmo com a mais pequena informação, estragando principalmente o jogo principal. Temos novos locais a explorar que, honestamente, senti que não foi propriamente bem utilizado, tornando-se mais próximo de uma tarefa chata do que emocionante. O mais curioso com o novo conteúdo é aprimorar e continuar a narrativa, de modo que me deixa a questionar se aquilo não estava já pensado para o jogo original, apenas não o conseguiram fazer por questões de timing ou algumas limitações. Xenoblade Chronicles X só faz sentido com o que foi adicionado em Definitive Edition, e estou feliz que se tenham dedicado a fazer algo assim para esta revisão. Há coisas que quero referir, coisas que provavelmente irão entusiasmar os fãs da série… coisas que talvez fiquem para depois.


Concluindo com algo que apontei no início, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é o jogo da série que menos gosto, mesmo com tudo o que foi adicionado e tenha melhorado imenso a aventura, continuo a sentir que não chega ao nível dos restantes. Ainda assim, foi uma aventura onde adorei voltar a explorar, gastei imensas dezenas de horas que só não se tornaram nas centenas por ignorar grande maioria das missões secundárias, pois estava era ansioso por conhecer o novo conteúdo. Não é jogo que vá largar tão cedo, quem sabe, é uma aventura que vou começar do início para jogar a muito bom ritmo ao longo do ano, completando o jogo a 100% o que sim, irá durar umas centenas de horas.

Se são fãs de RPGs e têm uma forte paixoneta por ficção científica, este é um jogo obrigatório que vos vai deliciar, mas, sem a pressão de fazer tudo a correr. Apreciem a história pelo que é ao seu ritmo, voltando sempre para fazer mais um ou outra missão, que irão encontrar aqui uma narrativa cheia de surpresas!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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