Dragon Age: The Veilguard
É um jogo que tomei determinada decisão bem vincada antes de o começar, a de abraçar a nova aventura em Thedas abstraindo-me (o melhor possível) das aventuras passadas noutras regiões deste mundo, tentando-me “esquecer” das experiências que tive nos jogos anteriores. Porquê? Bem, queria uma experiência nova, diferente, receber o jogo como uma autêntica novidade até porque se passaram tantos anos desde Inquisition. Certo que depois dos eventos desse jogo haviam várias questões a resolver, mas, este regresso da série seria mesmo para desfrutar da novidade, num jogo que se distanciou dos restantes. Outra decisão era de tentar saber o mínimo possível sobre The Veilguard, fugindo a spoilers, saber quem eram as personagens jogáveis ou outros detalhes sobre a história, por muito breves que fossem, algo que fiz com sucesso e estava, assim, preparado para esta aventura!
Dragon Age: The Veilguard tem um arranque tempestuoso, somos literalmente entregues aos lobos numa missão para salvar Tevinter da destruição, após Solas, importante personagem jogável em Inquisition, ter posto em marcha o seu plano que poderá mudar tudo o que conhecemos. Um plano que começou nesse capítulo anterior (que não vou desenvolver, caso ainda queiram jogar esse também) em que agora vemos realmente os seus frutos, servindo de base para a aventura que iria seguir pelas várias dezenas de horas que tinha pela frente. Isto, claro, após investir quase uma hora a criar a minha personagem principal, o meu “Rook” como é referido durante a campanha inteira.
Logo aqui tinha uma reação… curiosa. O jogo pede-nos para criar a nossa personagem, o seu estilo de combate (ao que escolhi ser Mage, entre esse, Warrior e Rogue) e, algo bem importante, o seu background. São opções onde via o potencial de serem decisivas para o desenrolar da história, fações que conhecia bem e já tinha uma escolha fácil ao ver as opções, mas que me deixavam a pensar, para alguém que pela primeira vez jogava um Dragon Age, se lhe iria dizer muito. É certo que há uma breve descrição de cada fação, o aspeto do equipamento podia até ser decisivo, mas tinha as minhas dúvidas como iria funcionar tendo completo desconhecimento do que estava a escolher. Segue-se de outra escolha, definir o que tínhamos assistido nos eventos de Inquisition através do nosso protagonista, o Inquisitor, preparando assim a aventura antes dela começar.
Quando finalmente entrava na aventura estava no meio do caos, uma situação mais próxima dos últimos capítulos da maioria dos RPGs do que os pacatos começos de aventura que começam com uma simples missão organizada numa estalagem ou até mesmo num pub. Quer dizer… a história bem começa num pub, mas acontece logo tanta coisa que mal tempo temos para desfrutar de uma boa cerveja. No meio de tanta ação habituava-me aos controlos, num estilo de combate mais frenético e menos pausado quando comparado com os Dragon Age anteriores e, mesmo sendo fã dos tradicionais sistemas por turnos, estava a gostar do que via. Por vezes até parecia acontecerem coisas a mais, o caos vinha acompanhado com tanta informação onde nem tempo tinha para pensar, personagens eram apresentadas e nem percebia se eram ou não os companheiros da minha jornada, algo que sei que seria fácil tivesse visto vídeos ou apresentações sobre o jogo… só que queria mesmo saber o mínimo possível!
Ao fim de cerca de oito, dez horas de jogo sentia que já estava mais que habituado ao sistema de combate e às skills que havia desbloqueado. Pode parecer muito, eu sei, mas nestas horas todas mudei tantas vezes a minha skill tree até encontrar aquela que mais me agradava. Chateou-me não ter loadouts, configurações onde podia escolher o que havia desbloqueado na skill tree e alternar entre elas, o que me levou a dar reset umas quantas vezes só porque encontrava bom equipamento de determinados elementos que não estavam bem otimizados para as habilidades, ataques e magias que havia desbloqueado. Certo foi que, a partir de determinada altura, simplesmente ignorei se tinha equipamento otimizado para ataques de gelo quando as minhas armas eram de fogo ou tocadas pelo macabro poder da necromancia, mas a falta destes loadouts foi aquilo que menos gostei no combate e configuração da personagem.
Porque de resto? Maravilha! Embora a minha primeira reação ao estilo do combate do jogo não fosse a melhor, os movimentos frenéticos da minha personagem, esquivando-me de ataques enquanto contra-atacava, congelando os inimigos e atirando com grandes bolas gravitacionais ou aproveitava as suas fraquezas atingindo os pontos fracos, tudo isso divertiu-me! Tinha ali tática, nem tanto ao estilo em que tinha de pensar, mas sim mais à base da reação, sabendo quando usar determinados ataques ao invés de simplesmente despejar os ataques todos assim que estavam disponíveis para uso. Mesmo a sinergia entre as três personagens da equipa é importante, onde guardava determinados ataques até estar tudo pronto para usar combinações com notórios resultados. No meio disto tudo ainda tinha de prestar atenção ao meu redor, avaliar se o inimigo tinha uma ou outra proteção (ou barreira) para primeiro ter de lidar com ela antes de dar propriamente dano, ou até mesmo observar se não havia nada no cenário que me estivesse a colocar em desvantagem.
Ainda assim o jogo não vive sem o grupo de personagens que nos acompanham, mesmo que sinta existirem ali duas personagens no grupo que me foram completamente irrelevantes, em que genuinamente me esquecia de as usar até ter missões onde era obrigado a tê-las na equipa. A progressão de cada uma era simples, apanhava peças de equipamento para as melhorar e conseguia skill points para explorar as suas pequenas skill trees, que adaptava ao meu gosto e de forma a ter boa combinação com as restantes personagens. Gerir o equipamento foi, peculiar, à falta de melhor palavra. Embora não tenha acompanhado o desenvolvimento do jogo de perto, muitas das coisas que vi no jogo são típicas de jogos online com uma progressão à base de upgrades como recompensa de um combate, cumprir um objetivo ou derrotar determinados bosses. Aqui é muito nesse estilo, ao repetidamente conseguir equipamento exatamente igual a peças que já tínhamos, apenas para melhorar os seus atributos e acrescentar um “+1” ao nome, subindo o seu rank. Isto é válido para todas as armas, armaduras ou acessórios que podemos equipar nas personagens, onde facilmente podíamos mudar o aspeto do que tínhamos equipado, algo que agradeço sempre.
Depois muito do jogo parecia bastante desconexo, sem ligações diretos entre eventos, mas apreciei não ter um exagero de momentos mortos como estou habituado a ver em jogos de campanha semelhantes. Mesmo a campanha principal? Há muita coisa que vi em que erguia a sobrancelha ou encontrava-me repetidamente a dizer “uh, ok” mais do que devia. Houve, no entanto uma sensação inicial enquanto jogava dizer a mim mesmo se estava ou não a jogar um Dragon Age, dúvida que desvanece por completo assim que se abre o segundo ato do jogo e volta a uma estrutura mais familiar para mim. Enquanto que a primeira parte do jogo é demasiada linear, é neste segundo momento do jogo (umas horas valentes após o seu arranque) que o mundo se abre, deixa-me explorar Tevinter e viver os dilemas das personagens principais ao meu ritmo, através das suas missões específicas, que me deixavam-me empolgado por conhecer mais sobre a história e mitologia de Thedas e os seus habitantes, tanto em The Veilguard como no resto da série.
Também senti que entre todas as escolhas possíveis, apenas em pontos muito chave é que o jogo parecia tomar um ou outro rumo, com notórios resultados pelas nossas escolhas, consequências que me acompanharam até ao final da campanha. Podem ter sido momentos muito específicos, mas deixaram-me curioso por ver o que acontece se optar por outras escolhas, onde tenho já preparada uma segunda campanha totalmente diferente daquela que tive agora. Ainda assim gostava de ver mais consequências, ver resultados por rebaixar determinadas personagens ou proteger outras que provavelmente não o deveria ter feito, onde muitos dos resultados parecem estar apenas guardados para os diálogos entre personagens.
Do arranque até às últimas horas do jogo, aquilo que mais senti é que o jogo divertiu-me imenso, tudo quase que parecia uma desculpa para me levar a explorar aquele mundo só mesmo porque me divertia, estivesse ou não interessado na missão que estava a tentar concluir, tal como a sua história. Terminando a história e quanto à sua conclusão? Posso dizer que não gostei do modo como tudo terminou, só porque não seguiu um rumo que queria, onde até vejo muitos paralelismos à conclusão de Mass Effect, cujo final também deixou-me algo desapontado. Ainda assim gosto da abertura que deixa para futuros capítulos na série, onde quero ver a jogabilidade de Dragon Age: The Veilguard a ser aprimorada e explorar novas mecânicas, ou quem sabe, um remake dos primeiros dois Dragon Age que se encontram muito datados atualmente, mas que convido a jogarem apesar de tudo.
Concluíndo, esta minha aventura foi bastante positiva, com altos e baixos e que durou sensivelmente 80 horas, tendo-a estendida após a terminar ao explorar pontas soltas que havia deixado. Já tenho uma ideia clara de como será a minha próxima aventura neste jogo, nas escolhas que vou tomar e até mesmo a posição da minha nova personagem em Tevinter. Algo que irá acontecer após ter jogado a série novamente, por ordem, a ver com novos olhos muitas coisas que haviam sido criadas nestes jogos, com o conhecimento que tenho agora.