Fitness Boxing 3: Your Personal Trainer

O desafio “summer body” já lá vai há muito e agora estamos todos preparados para nos empanturrar em plena época natalícia, certo? São os jantares seguidos uns aos outros, os lanches com amigos que já não vemos há muito e os reencontros sempre bem acompanhados com imensa doçaria da época. Tudo muito bom, mas imagino que os sacrifícios feitos para o verão não devem ser esquecidos!

Pelo menos é este o pensamento que tentei ter quando iniciava pela primeira vez Fitness Boxing 3: Your Personal Trainer, uma série que ignorei por completo por ser, essencialmente, preguiçoso. Desta vez lá teve de ser, levantei o rabo da cadeira e preparei-me para sessões diárias de exercício onde equipado com os meus Joy-Con atirava socos invisíveis e imaginários ao som do ritmo, enquanto um Personal Trainer me dava instruções.

Até porque é precisamente este o foco, com o subtítulo “Your Personal Trainer” trazemos um treinador digital para o nosso amplo espaço para exercitar, deixando o subtítulo do jogo anterior “Rhythm & Exercise” de parte, o que torna a coisa um pouco mais séria. Digo pouco, porque na realidade continua a ser um jogo de ritmo, onde o exercício é relevante, sublinhando bem esta parte não fossem as minhas sessões de treino com cerca de 16 minutos, mesmo para marcar o ponto e não chatear a minha personal trainer.

Sessões breves, rápidas, mas cansativas, onde não pensava que os movimentos rítmicos de soco fossem tão cansativos! Aliás, não era só exercitar os braços, pois todo o tempo era-me pedido mover ao ritmo da música, posicionando bem as pernas enquanto movimentava as ancas para a frente e para trás, treinando assim a minha coordenação motora (que já teve dias melhores). O final de cada sessão era gratificada com uma pontuação, marcava no calendário que tinha feito o exercício diário enquanto me mostrava a minha idade física. “24 anos” dizia, o que me fez rir, essa idade já lá vai, mas foi um bom elogio. Há todo um controlo associado aos nossos objetivos, desde o peso que pretendemos atingir e um contador de quilocalorias, onde podemos ver as que (supostamente) perdemos até ao momento.

Há semelhança de muitos jogos de validação diária constantes, estes exercícios diários são o grande foco do jogo, apresentando a nossa progressão ao longo do tempo e retirando dali várias estatísticas sobre a nossa performance. O treino acaba por ser adaptado a nós, há um conjunto de configurações como a dificuldade do exercício (Baixa, Moderada e Alta) caso estejamos com as energias mais em baixo ou aquela dor de costas decide voltar, mas, também podemos puxar um pouco mais por nós e aumentar o desafio para suar um pouco mais. São também dezenas de músicas para escolher, sendo que senti que há muitas que o ritmo é um pouco… estranho, não encaixando bem com os movimentos que me eram pedidos.

O mais bizarro é talvez as vozes do personal trainer que nos instrui constantemente sobre o que fazer. Lin, a treinadora que me recebeu neste jogo, tinha falas bizarras, parecendo até mesmo duas pessoas totalmente diferentes a dar a voz, mudando drasticamente de tom entre falas. Algo que era desconcertante quando temos alguém a “berrar” constantemente aos ouvidos sobre o que temos de fazer, que por vezes me fez perder o foco. Ela é uma de seis instrutores, tendo uns mais rígidos que outros, alguns que tinham energia para dar e vender e ainda outros mais relaxados, mas assertivos. Aos poucos vamos conhecendo estes personal trainers, podendo mudar o seu aspeto desde a roupa ao cabelo, olhos e cor de pele! São muitas as coisas a desbloquear, comprando com os frutos da nossa prestação diária.

Mesmo sendo um jogo de exercício físico não deixa de ser um videojogo, acompanhado de coisas habitualmente associadas à gamificação das aplicações de exercícios que temos nos nossos dispositivos móveis. Há um incentivo a ligar diariamente o jogo, nem que seja pelos pontos a adquirir que nos ocupam menos de meia hora diariamente. Ou até mesmo para ter a certeza que o calendário não fica ali com uma falha num dia, envergonhando-nos para sempre, mas há muito além disso, mesmo que os exercícios tenham alguma variedade. Mesmo o modo multijogador é um extra giro, e pouco mais, pois é só mesmo um extra em que cada jogador usa um comando.

Além de todo o exercício físico feito, o jogo divertiu-me! Ao fim ao cabo é um jogo de ritmo, mascarado de atividade física com os avisos constantes do instrutor para movimentar sempre o corpo todo, para além dos braços. Há outros modos de jogos para além do exercício diário, com treinos livres para exercitar a gosto ou até mesmo treinos adaptados, com dificuldades variáveis. Temos sessões de alongamento, com controlo de respiração e várias instruções para estar sempre hidratado.

Para alguém preguiçoso como eu, esta foi uma boa mudança de ritmo que me fez levantar o rabo da cadeira, que não prometo que vá mudar muito a minha postura embora tenha aqui um incentivo extra. Há alguma competitividade online para ver a minha prestação face ao resto do mundo, embora que tudo se resume a querer ter umas breves aulas de exercício e ganhar esse hábito. Curiosamente, enquanto jogava fiquei com saudades das sessões passadas com o Wii Fit, onde os meus passos eram registados e tinha de estar sempre na linha!

Foi uma boa mudança de hábitos, que até pode não perdurar, mas… pode entrar nos planos de recuperar das festividades do Natal e de todos os doces que vou comer, que com localização em português do Brasil pode ser acessível para muitos (embora tenha optado por jogar em inglês). Não é um título que ofereça mais do que promete, e, embora gostasse de ver algum sumo extra relativamente a modos de jogo e atividades fora o exercício físico proporcionado, tem todo um conjunto de coisas a desbloquear para nos manter entretidos.