WarioWare: Move It!


WarioWare: Smooth Moves é um dos meus jogos favoritos da Nintendo Wii. Certo, já era fã dos microgames que Wario trouxe à GameBoy Advance e à Nintendo DS mas foi este bizarro jogo da Wii, onde usamos o comando da Wii através de simples movimentos, que me viciou completamente. Todo o jogo são sucessões de pequenas tarefas de escassos segundos apenas, até chegar a uma boss fight que colocava os movimentos que aprendemos previamente à prova, em objetivos mais longos que podem demorar alguns minutos. É um jogo estranho, parvo e sem ponta de sentido, exatamente o tipo de jogo que adoro por tudo o que oferece!


Surge agora na Nintendo Switch WarioWare: Move It!, a verdadeira sequela de Smooth Moves que só peca pela demora. Sim, tivemos jogos da série na Wii U e até mesmo na Switch com WarioWare: Get it Together!, mas nenhum deles foi aquele jogo da Wii que fez muita gente levantar a sobrancelha no início, para minutos depois levantarem o rabo do sofá. Desta vez tudo acontece quando Wario (e a sua ganância) ganha uma viagem a um resort numa ilha paradisíaca. Só que como o prémio é para ser partilhado, temos a desculpa perfeita para Mona, Ashley, Jimmy T. e muitos outros fazerem as malas também, e irem de viagem!

Claro que estas nunca poderiam ser umas férias relaxantes e, chegando ao destino, todas as personagens decidem ir à sua vida e explorar todos os cantos da ilha por motivos diferentes, deparando-se então com todo um conjunto de situações atribuladas. E não é que nesta ilha remota existem umas misteriosas pedras com o formato de Joy-Cons, com toda uma mitologia… ou melhor, fanatismo, associado? Uma coincidência incrível, mesmo! E para mais elas podem ser usadas a nosso favor para nos salvar de eventos caricatos? Sim, a história é completamente irrelevante e quase nada têm a ver com os microgames que vamos ter de cumprir com sucesso, mas recupera muito do espírito bizarro que Smooth Moves trouxe, onde até os tutoriais a explicar como usar os Joy-Cons nas diversas posições, vêm acompanhados com uma descrição do porquê de ela existir.


Estava então mais que preparado para o que seguia, física e mentalmente, mas principalmente desejoso por voltar a um jogo do género, onde os brevíssimos jogos que me atiravam para cima tinham de ser cumpridos com sucesso, senão era o meu fim. Este é um jogo muito acessível que coloca em prova os nossos reflexos, onde nos indicada a posição para colocar os nossos comandos, surge o minijogo e temos de fazer a ação que surge no ecrã. A descrição é simples, coisas como puxar, empurrar, abrir, defender, correr, dançar, ações que facilmente percebemos o que temos de fazer com elas. Temos de massajar, atacar, imitar um crocodilo, até usar o leitor infravermelhos presente no Joy-Con direito (algo que estava completamente esquecido), ou alguns movimentos que envolviam premir botões dos comandos. A nossa reação é fazer exatamente o que o jogo nos diz, sem desenvolver o porquê porque ainda nem pensamos no que acabou de acontecer que já nos aparece o próximo jogo. Onde o jogo se tornou mais desafiante para mim foi mais à frente quando estava em níveis onde mudava constantemente de posição e, quanto mais níveis cumpríamos mais rápido o jogo ficava, dando-me menos tempo para cumprir o objetivo com sucesso. E isso divertiu-me imenso!


São mesmo, mesmo muitos microgames que nos aparecem de surpresa. Comandar uma carruagem até um sítio específico, bloquear uma investida em voleibol, desviar de um avião de papel, equilibrar taças, levantar peso, imitar a posição de um halterofilista, abanar uma bola mistério e adivinhar o seu conteúdo, levantar a mão para pedir um táxi, iluminar a cara do Frankenstein, tocar sinos, copiar os passos de uma dança, comer uma espetada, estender a mão ao nosso cão, fazer festas a um cão e um gato ao mesmo tempo, enfiar os braços num nariz gigante, pois não seria um jogo WarioWare sem estes narizes. Podia enumerar os jogos todos, mas são tantos que não saía daqui! Embora grande parte sejam mesmo totalmente novos, são vários os que nos recordam de Smooth Moves e, sim, o minijogo de dança está de regresso, só que ainda mais bizarro (e divertido)!

Estava de volta à Wii, de regresso ao WarioWare que tanto gostava, tinha saudades e precisava de uma nova iteração deste género. É um party game que podemos jogar sozinhos, mas a diversão aumenta quando partilhamos o modo principal de aventura com outro jogador, onde caso um falhe num nível o outro jogador pode salvar a situação, ao cumprir com sucesso o mesmo objetivo. Podemos ainda jogar até quatro pessoas com alguns modos diferentes, sejam eles num tabuleiro de jogo à semelhança de Mario Party, sobreviver a um combate de boxe ou andar apenas quando a Medusa não está a ver, pois se nos apanha a mexer perdemos (os fãs de Squid Game ou quem brincava a este jogo em criança vão sentir-se em casa). E sempre com os microgames bem presentes, adaptados para o número de jogadores com alguns jogos que coloca todos os jogadores a exibirem os seus passos de dança como… carimbarem fotocópias com o rabo. Sim, isto acontece mesmo e terrível quando já não somos propriamente novos.


Tudo neste jogo vive destes microgames, tudo são situações estranhíssimas com que interagimos através de simples gestos e as gargalhadas associadas ao bizarro de tudo que acabamos de assistir. Ou de ver os restantes jogadores a imitarem uma galinha ou… pior, sinceramente mais não desenvolvo e convido-vos a serem apanhados de surpresa. E sim, convém mesmo, mesmo muito certificar que têm espaço à volta para não atingir nada nem ninguém, acidentalmente. Só porque voltamos aos tempos da Wii nem tudo tem de ser replicado como o simples arremesso acidental dos comandos para todas as direções, as nossas televisões agradecem e as nossas carteiras também. Algo que podia ser adaptado a novos hábitos era a presença de português no jogo e, embora tenha noção que tento sempre tocar no mesmo assunto, este não é um jogo difícil de localizar, de todo. E dava muito, mas muito mesmo para ouvir as descrições dos movimentos que temos de fazer em português!

Essencialmente este é um jogo muito fácil e breve de descrever, mas só experimentando é que têm uma noção completa da diversão que o jogo é, um título que ganharia bem em ter uma versão de demonstração disponível para as pessoas perceberem o quão bizarro, mas simples, o jogo é. São centenas de diferentes jogos de segundos apenas, a serem concluídos com cerca de vinte posições diferentes, mas só entrando no jogo é que percebem, concretamente, do que o jogo tem para oferecer. Para mim, quanto mais bizarros fossem os níveis mais me divertia e, sim, os breves jogos que nos levam a jogos do universo Nintendo estão de volta, cada um com devidas variações dos jogos mais retro a outros mais atuais, como Fire Emblem Engage!


Este é daqueles jogos em repito várias vezes: "joguem!", principalmente se tiverem por hábito fazerem sessões de jogo com amigos, localmente, mas se jogam habitualmente no conforto do sofá em modo portátil, talvez não seja o jogo para vocês. É pura diversão, faz-nos mexer e levantar para conseguir fazer tudo direito. Agora que saiu uma sequela que há tanto tempo esperava, talvez seja tempo da equipa se focar noutra série que também trouxeram, até porque estou com muitas saudades de um novo Rhythm Heaven.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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