Silent Hope



Trazido até nós pela Marvelous e pela XSEED Games, Silent Hope é a mais recente proposta dentro do género dos RPGs de acção/dungeon crawlers. Silent Hope apresenta-nos um mundo no qual a habilidade da fala, identificada como o mal que corrompeu os seus cidadãos, foi roubada pelo rei do mesmo. Este mergulhou, de seguida, num enorme e aparentemente interminável abismo, desaparecendo sem deixar rasto e deixando para trás uma filha pesarosa. A princesa, enclausurada nas suas próprias lágrimas, numa enorme lágrima de cristal, vai decidir tentar restaurar a fala ao reino e faz isso convocando um grupo de heróis capazes de explorar o abismo negro e resgatar, se possível, o rei foragido.

Esta é uma aventura na qual podemos escolher entre sete heróis diferentes, cada um deles representando uma determinada classe. Temos o espadachim, munido de espada e escudo, que nos surge como sendo o mais equilibrado dos heróis, em termos de stats iniciais. Com um combate de proximidade, mas com reflexos consideráveis, de forma a não ser atingido facilmente, ele é a personagem adequada para os iniciantes no género. Um verdadeiro jack of all trades. Segue-se a guerreira, cuja enorme lâmina possibilita-lhe efectuar poderosos, mas lentos ataques. Ela é o tanque do jogo, com uma resistência física que supera a dos seus compatriotas. A arqueira, por sua vez, é uma das personagens capazes de combate à distância, fruto do seu arco e flechas.

Outra das personagens que usa ataques ao longe é o feiticeiro. Este usa magia para o efeito e teleporta-se de forma a evitar ataques na sua direcção. Contudo, ambas as personagens pecam pela pouco resistência física, pelo que lutas em multidões são de evitar. A velocidade e o ataque em combos são as palavras de ordem aquando de descrever a rogue, uma criada com duas pequenas lâminas, e a lutadora, munida com as suas luvas de metal. Por último, temos a agricultora. Embora pareça ser uma personagem frágil, ela é bastante hábil com a sua forquilha, efectuando ataques tão devastadores como aqueles feitos pela guerreira, mas sem a lentidão da mesma. De salientar que a escolha inicial de uma destas personagens não invalida o uso das restantes. A qualquer momento do jogo podemos mudar de personagem, inclusive no abismo. Contudo, é importante ressalvar que o equipamento e nível das personagens é pessoal e intransmissível.


Para além do ataque standard e da capacidade de se desviarem, cada personagem têm três movimentos próprios da sua classe, que lhe darão acesso a ataques mais poderosos e eficazes. Por exemplo, a agricultora poderá eventualmente invocar uma borboleta para a auxiliar em combate ou plantar vegetais que lhe darão um stat boost. De igual modo, o espadachim tornar-se capaz de reforçar a sua defesa por alguns momentos, fazer um ataque rotativo com a sua espada ou um charge com a mesma. Tais habilidades podem ser desbloqueadas através do uso de runas verdes, que podem ser encontradas no abismo. De igual modo, cada personagem conta ainda com duas classes extra, que serão desbloqueadas à medida que formos avançando no jogo. Essas classes veem com as típicas melhorias de stats e com um novo trio de habilidades especiais para serem adquiridas. A juntar a isso é possível melhorar ainda mais as nossas personagens, via o equipamento que estivermos a usar.

Cada personagem tem a sua arma de eleição, assim como um anel e brincos, para esse efeito. Novas armas, brincos e anéis de melhor qualidade podem ser encontrados durante as nossas excursões ao abismo. A juntar a isso e antes de cada aventura no dito abismo, podem ser adicionados pratos culinários ao arsenal dos nossos heróis. Esses pratos não são usados em combate directo, mas a sua presença concede certos boosts aos nossos personagens, desde probabilidade de encontrar mais runas ou ter mais experiência, até melhorias no ataque e defesa. É claro que o cardápio é reduzido inicialmente, mas irá aumentando com a nossa evolução no jogo.

 

Será no abismo que decorrerá o grosso da aventura. Dividido em níveis e estando esses níveis por sua feita divididos em pisos, o abismo é longo e repleto de adversários perigosos. Se em grande parte dos pisos basta encontrarmos a saída, no último piso de cada nível essa saída encontrasse guardada por um boss de proporções dantescas, numa luta precedida de uma bela cut-scene. Derrotando o boss, permite ao jogador avançar para o nível/área seguinte, sendo que a área anterior continua a ser passível de visitar, com os seus inimigos (mesmo o boss) intactos para enfrentar novamente (o que é óptimo para efeitos de level-up das personagens menos usadas). A presença da princesa em alguns dos pisos, permite-nos mudar a nossa personagem ou fazer um retirada estratégica para a superfície. Essa retirada permite mantermos o espólio adquirido, o que não seria possível se fossemos derrotados na masmorra. Nesse último caso, parte desses itens seriam perdidos, ainda que a experiência adquirida se mantenha. Em caso de derrota o jogador é enviado para a hub central, onde pode melhorar ou mudar de equipamento, apetrechando-se para uma nova incursão (mas o hub é algo que falarei mais adiante). Para evitar termos que fazer os pisos todos cada vez que voltemos ao abismo, existem fogueiras que podem ser acessas em determinados pisos, e que servem de checkpoints. Enquanto no abismo, o jogador pode encontrar uma variedade de itens, desde armas e runas (o dinheiro neste jogo), deixadas pelos inimigos caídos, até matérias-primas que podem ser usadas mais tarde na hub. Estes itens podem ser encontradas também delapidando troncos, rochas, ervas ou abrindo arcas de tesouro (atenção aos Prize Pickpockets). 


Os inimigos que iremos encontrar serão bastante variados. Só no primeiro nível, a Forgotten Town, temos 14 inimigos diferentes, desde abelhas venenosas e aranhas gigantes, até Geckos armados e cordeiros aparentemente inocentes (isto excluindo o boss final da zona). Cada um deles tem um modo muito próprio de ataque que por vezes não se limita a um dano físico, mas que provoca os famigerados e temidos stats ailments. No abismo e escondidos em alguns pisos estão ainda espíritos animais que irão restaurar a nossa energia. Uma adição útil, uma vez que os dois remédios com que começamos cada excursão, muitas vezes não dão para o gasto. No abismo, temos ainda certos desafios, que nos são colocados pela princesa no início de alguns dos pisos e que passam por coisas como derrotar x inimigos, usar uma determinada técnica ou não usar itens de cura, por exemplo. Igualmente desafiantes são pequenos buracos negros, que nos levam, se entrarmos neles isto é, para versões mais difíceis do piso em que estamos.


Findada a exploração do abismo, quer por termos derrotado o boss ou recuado estrategicamente ou por termos perdido, a nossa personagem regressa sempre a uma pequena hub, na qual se encontram a princesa e as outras personagens. Estas últimas ocupam tendas, de acordo com as suas habilidades. A guerreira é a ferreira do grupo e será através dela que iremos aprimorar a nossa arma ou criar novas. A lutadora gere o restaurante e será através dela e da sua perícia culinária que iremos obter os pratos a usar no abismo. Estas duas tendas não requerem level-up para funcionarem a 100%, ao contrário das restantes. A tenda da alquimia, regida pelo feiticeiro permite sintetizar novos materiais, da mesma maneira que a da rogue. Estas matérias-primas metálicas e orgânicas serão depois usadas na ferreira. Por sua vez, através da arqueira iremos conseguir os produtos lácteos e da agricultora os restantes alimentos, que irão permitir a confecção de pratos mais tarde. Por último, através da princesa podemos fazer as mudanças de classe e desbloquear novas armas e itens especiais para serem mais tarde forjados.

 

Relactivamente aos gráficos, Silent Hope optou por um aspecto cutie e bastante colorido, com protagonistas e antagonistas a revelarem grande carácter no seu design. Cada nível segue a sua própria temática, complementada com a respectiva banda-sonora, se bem que os pisos sejam todos idênticos uns aos outros (seguindo a já referida temática própria do nível em questão). Este é um jogo onde não nos precisamos de preocupar em guardar, uma vez que o auto-save é constante e preciso. De dificuldade média (baixa para os mais experientes no género), Silent Hope tem uma história diferente e variedade o suficiente no desafio e no gameplay que usa, para durar muito e muito tempo.

Nota: Análise efetuada com base em código final para a Switch, gentilmente cedida pela Decibel-PR.

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