American Arcadia


Rotina, acho que todos nós já sentimos o peso da mesma, ou se não sentiste, parabéns, tens uma vida bastante mais interessante que eu! Tenho apenas este hobby, de procurar títulos interessantes e partilhar convosco. Neste caso, nem tive de procurar muito. Desde o lançamento de Call of the Sea que o estúdio Out of the Blue Games marcou o seu espacinho no meu peito. American Arcadia pavimentou assim o seu território como sendo uma experiência interessante e imersiva.


Trevor é um habitante da movimentada Arcadia, uma retro-futuristic 70's metropolis. Na verdade muitos de nós nos veremos em Trevor. É aquela pessoa que tem um trabalho que paga as contas, mas que na verdade não gosta de todo, não sai à noite, tem uma tartaruga como companheiro de apartamento, uma consola de jogos e um piano que muito embora não goste de expor esse seu lado criativo para fora da sua zona de conforto, será sempre aquele cantinho seguro que o distrai da rotina do trabalho. 



American Arcadia é vista como uma utopia, no entanto, é também um reality show visto por imensas pessoas todos os dias. Misturando conceitos como o livro de George Orwell intitulado de 1984 e por exemplo a série Westworld, onde os habitantes desta peculiar região estão completamente à parte do que se passa fora de cidade, que na verdade se situa dentro de uma gigantesca cúpula, sem qualquer conhecimento do mundo exterior, ou de que estão a ser filmados 24/7. Os telespectadores podem até passar uns dias de férias em Arcadia para se divertirem e relembrar os loucos anos 70. Claro está que a barreira entre o tempo atual e o que se vive por lá não poderá ser destruída, logo todos os equipamentos eletrónicos, ou o tipo de roupa terá de ser visto à sua entrada.

Sendo este um reality show que depende exclusivamente do interesse dos telespectadores, Trevor é um problema. É uma personagem sem grande interesse para quem assiste, logo os seus números são inexistentes e assim como todos os restantes elementos que passaram pelo mesmo, recebe um guia de marcha para fora de Arcadia, como quem diz, será eliminado sem deixar qualquer rasto, disfarçado de uma ida para um ponto paradisíaco com tudo pago. Ainda assim, Trevor conta com uma visualizador bastante assídua, um membro da resistência que se encontra no exterior e que o informa que será um alvo a abater.





Angela é a portadora de más noticias, descrevendo na integra o que realmente se passa com a vida de Trevor. No entanto, é também a guia para a sua salvação, durante a sua desesperada e atabalhoada fuga. É interessante ver como este título brinca com os dois tipos de vista de cada personagem jogáveis. Com Trevor é possível ter uma vista ampla em 2.5D, onde a personagem apenas se move para um dos lados, como se o jogador fosse Angela a ver toda a ação do seu ecrã do posto de trabalho, enquanto o guia por um hotel, um centro comercial e locais repletos de assessórios dos mais diferentes tipos. Sendo Angela uma espécie de hacker, está equipada com mecânicas que possibilitam controlar portas, ou controlar sistemas de alarme que ajudaram Trevor na sua aventura. Já com Angela a visão que temos é de Primeira Pessoa 3D, com mecânicas stealth. E que tal misturar os dois pontos de vista? Esse foi de facto um dos pontos altos deste título. Foi brilhante!

Cada nova secção coloca o jogador numa experiência enriquecedora que mantém o desenrolar de toda a ação bastante fresca. Seja em termos de plataformas, misturado com pequenos puzzles com simples mecânicas colocação de plataformas nos locais certos, passando por salas com tons fortes de laranja, finalizando em momentos psicadélicos com elementos de arte sublimes que oferecem novas perspectivas da mente, de certa forma, atormentada de Trevor. Já com Angela, os puzzles podem ser um tanto ou quanto mais complicados. As secções de stealth são bastante divertidas e a atenção ao que rodeia ao jogador é também super interessante. As seções com Angela revelam que existe pouco detalhe nos modelos das personagens, principalmente na cara. Ao longe este ponto é contornado pelas animações corporais interessantes. Foi certamente uma escolha artística marcante. 




As secções de Angela transparecem também os twists na história deixadas por pistas que podem passar despercebidas ao jogador. Assim sendo, será importante manter a atenção a cada detalhe, a cada botão, ou informação absorvida por Angela. E neste capítulo é também interessante prestar atenção a cada pedaço de referências d filmes, séries ou até mesmo um estúdio de animação bastante conhecido por todos nós.

É impossível não torcer para que esta dupla saia vitoriosa das garras deste show televisivo. É especialmente interessante perceber o conceito de vitória pela perspectiva de Trevor, no final da sua aventura. American Arcadia entra assim para o meu top de jogos Indie do ano.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Steam, adquirido pelo autor do artigo.

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