Super Mario RPG


Super Mario RPG é um clássico da Super Nintendo, bastante conhecido entre fãs do género embora nunca tivesse sido lançado na Europa. Um RPG acessível e o primeiro de muitos jogos do género que levaram Mario e companhia a um estilo de jogo que dá fama à Square Enix, também responsável por este título. Até porque foi um jogo que surgiu numa espécie de colaboração, quase como se Final Fantasy e Super Mario se juntassem num só muito antes de imaginarmos que Kingdom Hearts iria existir, com uma premissa semelhante.

À boa imagem dos jogos da época, o mundo (bem, o Mushroom Kingdom) está em perigo com a chegada do terrível Exor the Giant Sword, que ameaça não só os habitantes do reino como os vilões, levando a que Mario, Peach e Bowser unam esforços. Temos ainda Mallow e Geno, duas personagens originais com os seus motivos para se juntarem à equipa, cuja história até acaba por desenvolvê-los melhor que Mario, este que é mudo exprimindo-se apenas por gestos. A nossa trupe segue, então, numa demanda para resolver os problemas de todos os cantos do Mushroom Kingdom enquanto vai apanhando os fragmentos da Star Road, esta responsável por realizar os desejos de todos, agora incapaz devido ao desastre causado por Exor.

Ao bom estilo dos RPGs clássicos avancei de zona em zona enquanto lidava com os problemas de cada local que, após resolvido, partia para o próximo destino e em direção à conclusão das história, algo bem característico dos RPGs de então. Passei por cidades, florestas, cavernas, esgotos à boa imagem de Super Mario Bros., entre outros cenários que fogem ao estilo de níveis que estamos habituados aos jogos de plataformas da série. Aqui nem tudo é exploração e combates, pois numa espécie de limpa-palatos a minha destreza foi posta à prova através de minijogos, com boas recompensas se a prestação fosse boa. São provas de atletismo com o Yoshi, saltar de barril em barril rio fora, corridas em carros nas minas ou por uma montanha a cima enquanto saltamos por cima de obstáculos, pequenas atividades que podemos revisitar sempre para obter melhores pontuações e recompensas. Tudo resulta numa aventura com imensas surpresas, nada repetitiva e, quando dava por ela, estava prestes a terminar a história. Até porque este não é um jogo que vá demorar umas 40 ou mais horas, como estamos habituados ao género.


No seu lançamento em 1996 este foi o primeiro RPG do universo de Mario, que mais tarde recebia Paper Mario e, bem depois, Mario & Luigi. Duas séries que até se cruzaram em Mario & Luigi: Paper Jam Bros, numa junção de ambos os universos que não só partilhavam muito entre si, como com Super Mario RPG. Os combates onde temos de premir o botão no timing certo, entre outros movimentos com os controlos que podemos ver nos RPGs de Super Mario surge aqui, que inspirou outros jogos como Legend of Dragoon ou até o mais recente Sea of Stars. É uma mecânica fundamental, de uma satisfação enorme quando via que tinha conseguido fazer um ataque especial perfeito, mas que raramente me penalizou por falhar um ou outro ataque. Também é um RPG sem grande complexidade, embora haja alguma estratégia onde podemos aproveitar as fraquezas dos inimigos e evitar atingi-los com ataques ineficazes. Não é frustrante, tal como o original não existem random battles e entrar em batalha é quase que instantâneo, terminando-a em menos de um minuto a não ser que sejam bosses, que duram bastante mais tempo.

No sistema de combate surgem ainda algumas novidades face ao jogo original, que melhoram imenso a experiência do jogo, acompanhando a nova opção de poder jogar num grau de dificuldade menor para quem não está habituado ao género, mas quer conhecer a aventura. Além do timing certo, se este for mesmo perfeito atingimos todos os inimigos em combate com um único ataque, sendo que estes ataques precisos são fundamentais para a nova barra do ataque especial que vai enchendo. Quando atingimos os 100% o nosso trio de personagens usa um ataque especial, que varia dependendo da composição da equipa, todos eles muito bem acompanhados com uma sequência de animação que mais me parecem os Summons de Final Fantasy. O combate, mesmo que simples, divertiu-me! A sensação de atingir os timings certos, tal como em Mario & Luigi, dava-me vontade de combater mais. Foram muito, muito poucos os combates onde senti grandes dificuldades durante a aventura, mesmo contra o boss secreto que nos espera próximo do fim do jogo, talvez por já conhecer a peça estava mais que preparado. O que não estava preparado, de todo, era para outra novidade: novos combates contra bosses após terminar o jogo.


Bem, subitamente parecia que estava a jogar Shin Megami Tensei… Não por explorar fraquezas dos inimigos, enquanto melhorava a defesa ou ataque das minhas personagens, mas sim por serem combates onde a estratégia é chave para a vitória. São combates onde o timing perfeito dos ataques é fundamental, igualmente para a defesa, ou somos reduzidos a pó. Batalhas onde precisamos de mudar a estratégia a meio, bosses que, após derrotar todos só pensava “gostava de ter um modo de jogo mais difícil para colocar estas estratégias à prova”, por muito difíceis que fossem. E, sim, já tinha atingido o nível máximo quando fiz este conteúdo. Um extra que ainda me deu umas horas extra de jogo, com umas belas surpresas pelo caminho!

Este jogo é uma recriação perfeita, com visuais novos mas mantendo todo o estilo artístico do original. Gosto que tenham mantido o nome do jogo tal como é, sem nenhum “Remake” ou “Remaster” que, nos dias que correm, parecem levantar mais dúvidas que apresentar o jogo pelo que é. É o jogo tal como o conhecemos, abraçando totalmente o 3D seja nas personagens como nos cenários, que o original na Super Nintendo já piscava o olho. Há imensos detalhes deliciosos que elevam os visuais: desde pequenos pormenores como as expressões das personagens, que variam dependendo do seu estado, a animações que respeitam na íntegra os sprites extremamente expressivos do jogo original. Para quem já conhece vê aqui o jogo tal como se lembram, mas com visuais completamente novos.


Há coisas no entanto coisas que se perderam nesta adaptação, como o labirinto visual em Booster Tower que brincava com a nossa percepção do que víamos como plataformas e o que eram paredes, mas de resto quase tudo é mantido como, por exemplo, as referências aos diferentes jogos da Nintendo. Visualmente temos um trabalho muito bem conseguido, foi um dos jogos onde os visuais se destacam bastante bem no ecrã da Switch OLED, levando-me a jogar mais no modo portátil à custa disso, sem quaisquer quebras no desempenho do jogo. A nível de banda sonora este é um fantástico trabalho de Yoko Shimomura, arranjando os temas originais e dando o seu toque pessoal a cada uma das músicas. É, sem qualquer sombra de dúvidas a versão definitiva do jogo e obrigatório para os fãs dos RPGs mais clássicos, principalmente se forem fãs de Super Mario e/ou os jogos da Square Enix e, embora não haja nenhuma opção para jogar com os visuais originais, já a banda sonora podemos alternar entre a nova e a original. Mas tal como disse na antevisão e, agora que terminei o jogo, a banda sonora atualizada está incrível e merece ser apreciada a alto e bom som.

No entanto sinto que perderam a oportunidade de explorar um pouco mais o jogo, embora hajam diferenças face ao original, gostava de poder, por exemplo, desbloquear Luigi ou Yoshi para os combates, mesmo que não tivessem participação na história. Gostava de ter uma ou outra zona nova no jogo e não ser tanto uma réplica 1 para 1, já que todo o jogo foi refeito. Sei bem que a visão era de fazer um jogo o mais fiel possível ao original e, nisso, fizeram um trabalho incrível! Sinto também que se abre caminho, a par de Paper Mario ou Mario & Luigi, este que parece estar esquecido desde a Nintendo 3DS, estende-se o convite para um “Super Mario RPG 2”, aproveitando o motor que a ArtePiazza trouxe a este, equipa responsável por vários remakes de Dragon Quest. Também olhando para Super Mario Bros. Wonder, que saiu há tão pouco tempo, este lançamento peca por não ser localizado em português, ou mesmo quando olhamos para jogos como os Final Fantasy Pixel Remaster, lançados com português do Brasil.


Super Mario RPG é um jogo memorável e esta nova versão do mesmo eleva o jogo original. Há muito que o original era um jogo em falta do catálogo da Super Nintendo no catálogo da Nintendo Switch Online e, agora, parece que não faz muito sentido atendendo este lançamento. Mas quem sabe, até pode sair para as pessoas poderem ver como era o original e compararem. Um grande trabalho a recriar um clássico agora na Nintendo Switch e, se são fãs do género sabendo que me estou a repetir, merecem a vós mesmo jogar este jogo. É divertido, diferente e não vos vai roubar centenas de horas. E, bem, fica o convite para perceberem porque é que Geno é tão adorado pelos fãs!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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