RoboCop: Rogue City

 

Um dos meus filmes favoritos dos anos 80, RoboCop já chegou a receber algumas adaptações para videojogos nos tempos das consolas de 8 bits, como até na geração dos 128 bits. Agora em 2023 recebemos, o que se pode dizer, o jogo RoboCop mais fiel e fantástico de sempre. Se forem fãs há muitas razões para comprar e jogar Rogue City, apesar das pequenas falhas de que será julgado pela maioria da imprensa.


A criação de Rogue City tem como responsáveis as mesmas pessoas por detrás de Terminator Resistance. Para alguns será novamente um FPS sem grandes novidades e básico até, para outros tantos jogadores será uma experiência que valerá todo o investimento, que é o meu caso. Caso tenham jogado Terminator Resistance já sabem o que esperar da Teyon: a produção é extremamente semelhante, apenas muda o “filme” e, tenho a dizer que uma vez mais, sinto-me feliz por este estúdio ter a audácia de criar com tanto amor e paixão um jogo que fosse tão fiel e respeitasse tudo que a trilogia original trouxe aos ecrãs das nossas CRTVs nos anos 80/90.

RoboCop: Rogue City tem as suas falhas no entanto, mas na minha opinião os pontos negativos não afetam em nada no que diz respeito ao jogo na sua totalidade, porque são meros aspetos que não impedem do jogo ser interessante e divertido, tais como a renderização em certos momentos do jogo, os pequenos pop-ups e, o que já acontecia antes, as expressões faciais nos diálogos de certos NPCs. Honestamente, fora isso, não há muito mais a apontar de errado: a jogabilidade pode ser básica, o grafismo podia estar melhor, no entanto não estamos a falar de uma empresa com um orçamento gigante comparado com tantos outros estúdios no mundo dos videojogos e, por isso mesmo, é necessário ter isso em atenção.


Agora falemos das partes positivas e que me levam a dar uma nota positiva a RoboCop: Rogue City. Podemos começar já pela sua apresentação, para quem viu a trilogia, é impossível deixar de reparar em todos os detalhes desde a música como também os próprios ângulos de certos momentos do jogo. Por exemplo, quando o título do jogo surge no ecrã ele surge exatamente tal como no primeiro filme, e isto é apenas umas das dezenas de referências existentes no jogo, como também quando chegamos à esquadra da polícia após uma missão.

As missões são um pouco do género que podemos encontrar em Terminator Resistance. Como é sabido pelos fãs, o jogo passa-se em Detroit, mas numa Detroit repleta de bandidos e vândalos onde o crime é um cancro, já dizia uma das personagens do filme que marca também presença em Rogue City. E verdade seja dita, a pequena zona de Detroit que podemos explorar não tem muito a revelar nem grande movimento, portanto em pouco tempo conseguem explorar o mapa mesmo com o correr lento de Alex Murphy.

Enquanto percorremos as pequenas ruas deste mapa, o nosso agente especial pode seguir a lei à risca ou então ter em atenção os sentimentos dos cidadãos. Para que possam entender da melhor forma, o jogador terá que confrontar certos NPCs que estejam a cometer crimes, seja atirar lixo para o rio, graffitar paredes, meter os pés numa fonte pública, etc… Vai do jogador falar com os civis e decidir se deve ou não emitir uma multa devido ao comportamento perante a lei. No fundo podem perdoar aquela pessoa que apenas molhou os pés na fonte e sofre apenas com um aviso e que da próxima vez terá de ser multada. Já no caso de uma pessoa estar a atirar lixo para o rio pode ser considerado crime, caso assim o desejarem e optarem por passar a multa à pessoa. Vão poder passar multas a carros indevidamente estacionados no passeio, ou a verter óleo, ou por impedir o acesso a boca de água para os bombeiros.

Por entre as missões principais os jogadores vão ter as secundárias, que devem ser realizadas para obter mais pontos de experiência e gastar na árvore dos upgrades. Além disso algumas das missões secundárias são realmente engraçadas, tais como visitar um clube de vídeo VHS para alugar um filme onde as referências são imensas. Todas estas missões não levam muito tempo e vão ajudar muito na progressão do jogador para obter mais pontos e, poderem então, ser gastos em upgrades. Estes são vários desde ao combate, à armadura, à engenharia, ao foco, todos estes elementos acabam por ser bastante importantes para abrir cofres, aumentar a saúde, ter uma visão ampliada de onde estão os inimigos e por aí fora. Além destes upgrades há também uns chips para que a arma principal de Alex Murphy seja mais rápida a carregar, ou que tenha mais munições, entre outras opções válidas para um melhor manuseio da arma tal como o jogador desejar.

Sempre que termina uma missão principal o jogador é reencaminhado para a esquadra de polícia onde tem sempre de realizar o check up e ter uma conversa com Dra. Blanchet, para entender como está Alex Murphy psicologicamente, já que este vai tendo memórias auditivas e visuais da sua esposa e filho e que acaba por ter dificuldades em lidar. Ainda na esquadra, Alex pode e deve ajudar os seus colegas de trabalho nas tarefas mais básicas como ensinar a disparar no shooting range, ajudar com os problemas dos civis que apresentam queixa, verificar dados no computador, entre tantos outros problemas do quotidiano na esquadra de Polícia de Detroit.

A narrativa é nova, mas envolve todo o tipo de personagens, as conhecidas como a sua companheira Anne Lewis e o chefe de polícia Sargento Reed, por exemplo, personagens icónicas dos 3 filmes. Também são introduzidas novas personagens que acabam por desempenhar papéis importantes no desenvolvimento da história. Para além das personagens as famosas quotes dos filmes não escapam, expressões como “Serve the public trust, protect the innocent, uphold the law” e as famosas publicidades “I'd buy that for a dollar”, "Dead or alive, you're coming with me!" estão evidentemente presentes, o fan service é, como seria de esperar pela Teyon, excepcional e muito mais existe a referir. Além do envolvimento da OCP, empresa que quer controlar a polícia e criar uma nova cidade de nome Delta City, que pretende demolir os bairros e deixar os cidadão ao abandono, tal como sucede no filme. Portanto, muitos dos eventos estão relacionados com o filme apenas são contados de forma diferente, a própria droga de nome Nuke, que anda pelas ruas como um dos níveis ser o próprio local da suposta morte de Alex Murphy, entre tantos outros locais e referências icónicas que vão fazer o jogador esboçar um sorriso. Até a presença de um ED-209 e a extrema violência gratuita e destruição que os filmes apresentavam.

 
Ainda antes de terminar, o jogador vai ter bastante conteúdo, missões secundárias e vários objetos roubados como malas e documentos ou drogas Nuke espalhadas pela cidade que serão evidências criminosas importantes para dar pontos de experiência. O jogador apesar de ser o RoboCop destemido, é antes de tudo um verdadeiro Agente Policial que terá de interrogar os cidadãos e ter mãos na lei e regras cívicas, ao longo de uma campanha com mais de 10 horas.

Portanto, RoboCop: Rogue City é um jogo importante e fantástico para os fãs, é o melhor que se pode pedir já que ninguém teve a ousadia de criar algo tão fiel, seja de RoboCop como de tantas outras franquias dos anos 80, a Teyon é de facto exímia na criação e fidelidade à produção original, o que faz deste jogo um obrigatório para os fãs desde que estes deixem de lados os pequenos erros e falhas técnicas. Por outro lado, os jogadores que não têm qualquer ligação com RoboCop vão encontrar aqui uma experiência básica sem muito interesse, mas os fãs vão estar a jogar como eu e a repetir constantemente frases como "Your move, creep".

Nota: Análise efetuada com base em código final para PS5, gentilmente cedido pela Upload Distribution

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