The Last of Us Part I


The Last of Us. Lançado em 2013 para a PlayStation 3, foi imediatamente aclamado como um dos videojogos mais impressionantes de sempre, quer em termos visuais, como na sua excelente narrativa e personagens inesquecíveis. Agora, a Naughty Dog traz-nos uma nova versão inteiramente dedicada à PlayStation 5, com um novo subtítulo para acompanhar a sua sequela lançada em 2020. Mas será este The Last of Us Part I uma aquisição essencial?



O "remake" do "remaster"

Lançado no final do ciclo de vida da PlayStation 3, The Last of Us parecia ter feito o impossível, espremendo ao limite todas as capacidades gráficas da consola, no mesmo ano em que chegaria ao mercado a sua sucessora.

Um ano depois, é a vez da PlayStation 4 receber The Last of Us Remastered com algumas melhorias tanto em termos visuais, como a nível de interface, com os conteúdos do DLC "Left Behind" já incluídos. Pessoalmente, comprar a PS4 com este jogo acabou por ser um ponto de viragem tão importante que afetou até o caminho a seguir com o Meus Jogos, que se tornou uma página de conteúdos aberta a todos os tipos de jogos e plataformas... mas isso são outros quinhentos. Na prática, The Last of Us Remastered é uma versão do original optimizada para a PlayStation 4 e um jogo obrigatório para todos os que tenham a consola (a menos que sejam facilmente afetados por algumas cenas mais "gore" e de terror), atualmente disponível por €19,99 na PS Store. 

Agora é a PlayStation 5 que se prepara para receber The Last of Us Part I (ou "The Last of Us Parte I" em Português), naquele que é anunciado como um remake feito de raiz com as mais recentes tecnologias da Naughty Dog para a PS5, mantendo-se exatamente fiel à história e personagens do original, com o "Left Behind" também incluído. Na prática, porém, as alterações feitas não correspondem ao que se está habituado com remakes de jogos mais antigos, onde os cenários são atualizados e melhorados para os tempos modernos, até porque, convenhamos, o título original ainda é hoje um jogo moderno. Há sim, uma grande melhoria em termos visuais a nível de iluminação e expressões das personagens, bem como algumas novidades de gameplay incluídas. Irá isso justificar os €79,99 de preço desta versão?



The Last of Us

Nunca é demais referir que The Last of Us é um dos jogos mais marcantes da história dos videojogos. Uma história pós-apocalíptica que decorre bastantes anos depois de uma misteriosa pandemia de fungos capazes de transformar as pessoas numa espécie de "zombies" (oops, palavra proibida) sem controlo do seu próprio corpo. Este é um jogo linear no qual se vai alternando entre a narrativa e os momentos de ação, acompanhando a jornada de Joel, que perdeu a sua filha ainda no início da pandemia, e a jovem Ellie, nascida já nesta sociedade onde a ameaça dos infetados já faz parte do quotidiano. Ellie não é uma jovem qualquer: apesar de ter sido atacada pelos infetados, o seu organismo parece ter resistido à contaminação, dando assim a esperança de uma futura cura ou vacina, algo que possa proteger a população. Joel recebe-a com uma espécie de missão, levá-la a um grupo conhecido como Fireflies, para que possam estudar a imunidade de Ellie.

Mais do que o destino, porém, é a jornada que faz deste um jogo inesquecível. Uma história humana com a qual facilmente nos podemos relacionar, mesmo num ambiente hostil como é o do mundo em que eles se encontram. Há certos momentos que são verdadeiramente icónicos, momentos que muitos jogos tentaram imitar desde então, que aqui são apresentados no momento e contexto perfeito desta aventura. Tudo isto, com um excelente voice acting (na versão original) que faz até do mais irrelevante figurante uma personagem real.

Entre os momentos de história, surgem vários momentos de ação intensa, tanto contra infetados como diferentes grupos de humanos, sejam militares ou simplesmente rebeldes. É um jogo tenso, onde em todo o lado podem surgir inimigos, e os combates irão variar bastante conforme os cenários e as situações onde se encontram. As armas são limitadas, pelo que será importante gerir bem a sua utilização e recorrer à furtividade sempre que possível. O jogo conta ainda com vários níveis de dificuldade, desde o mais fácil para quem apenas se quer focar na história, até ao mais difícil onde os materiais disponíveis são escassos e cada erro poderá colocar a personagem em risco.



As novidades

Apesar da Naughty Dog referir melhorias a nível do combate e exploração introduzidas neste "remake", não é algo que se perceba facilmente sem comparar com o original lado a lado. Há cenários com novos detalhes, com o objetivo de ficarem mais realistas. Já a nível das animações e efeitos visuais, aqui sim há grandes melhorias, especialmente nas expressões das personagens. Talvez pelos detalhes de rugas, Joel parece agora um pouco mais velho, já a Ellie parece ter agora um ar mais inocente e juvenil, mas em geral houve aqui um ótimo trabalho com os modelos das personagens.

Visualmente, entre várias configurações disponíveis, a mais importante será a de optar entre a fidelidade dos gráficos em 4K a 30fps ou o desempenho a 4K "dinâmico" a 60fps. Na prática, os jogadores irão notar muito mais diferença com o framerate e respetiva fluidez do que com a resolução em termos de jogabilidade, mas colocar o jogo em alta definição será sempre melhor para utilizar o modo de fotografia, com os pormenores dos cenários mais detalhados, ideal para fazer um wallpaper, por exemplo. Ainda assim, para um jogo feito a pensar inteiramente na PS5, é uma pena não terem conseguido atingir os 40K a 60fps - talvez aconteça depois na adaptação para PC, entretanto já anunciada.

4K dinâmico, 60fps

4K, 30fps

A maior novidade desta Parte I está no Modo Contrarrelógio, que pode ser desbloqueado ao completar a história principal, ou obtido à partida na aquisição da edição "Deluxe" na PS Store por mais 10€, juntamente com mais alguns desbloqueáveis. Como o nome indica, este modo permite jogar com um timer que vai acompanhando tanto o tempo de jogo atual, como o decorrido desde o início do jogo, sem contar com cutscenes e outros momentos não jogáveis. Os recordes de tempo ficarão depois disponíveis no menu, onde poderão ver os tempos gastos por secção e nível de desafio, permitindo assim competir pelo melhor desempenho contra os amigos na PSN.

Um aspeto com que a Naughty Dog tem sido um bom exemplo para toda a indústria está a nível da acessibilidade, e aqui volta a investir nessa vertente. Ao todo, são mais de 60 as configurações possíveis para que o maior número de jogadores pode desfrutar desta experiência. Algumas são relativamente simples, como ajustar o tamanho das legendas, configurar as ações atribuídas aos diferentes botões do comando ou personalizar a dificuldade em diversos parâmetros. Já outras são alterações profundas, com opções já definidas tanto para ajudar a pessoas invisuais, como surdas ou com dificuldades motoras, e que podem ainda ser personalizadas mais a fundo nas definições do jogo.



Conclusão

The Last of Us é um dos melhores videojogos alguma vez feitos, e esta nova versão traz consigo uma melhor experiência visual de um jogo que, para todos os efeitos, continua bastante atual. A grande questão, porém, é se as melhorias justificam a enorme diferença de preço entre o The Last of Us Remastered da PlayStation 4 e este novo The Last of Us Part I, especialmente para quem já o tenha jogado. Talvez o melhor a fazer neste caso seja mesmo aguardar por eventuais promoções.

Para quem nunca tenha jogado, The Last of Us Part I é um excelente ponto de partida para este universo da Naughty Dog, cuja adaptação para série de TV se encontra a caminho da HBO, além de já ter também uma excelente sequela em The Last of Us Part II.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 5, gentilmente cedido pela SIE.

Latest in Sports