Super Smash Bros. Ultimate


Desde o primeiro título lançado há quase 20 anos para a Nintendo 64, a série Super Smash Bros. é sempre um marco incontornável de cada geração de consolas da Nintendo. Uma saga tão peculiar, que consegue ser, ao mesmo tempo, tanto um "party game" divertido e acessível a todos os jogadores, como um sério e intenso jogo de luta para os mais competitivos. Acima de tudo, é uma celebração sem igual da história dos videojogos.

Chegou, então, a vez da Nintendo Switch receber aquele que pode realmente ser considerado o "crossover" de personagens mais ambicioso de sempre: eis Super Smash Bros. Ultimate!


Neste Super Smash Bros. Ultimate (SSBU), há um pouco de tudo para todos, desde os que preferem jogar a solo até aos que gostam de juntar 8 amigos em frente ao televisor. Antes de mais, importa referir que esta análise não irá considerar uma componente importante deste jogo: os modos multijogador online e via wireless local, por não ter sido possível testá-los a tempo desta publicação. Sobre estas temáticas, haverá posteriormente um artigo dedicado no Meus Jogos.

A partir do menu principal, o modo Smash será naturalmente o ponto de partida ideal para todos os jogadores. Ao início, haverá apenas 8 personagens disponíveis: Mario, Donkey Kong, Link, Samus, Yoshi, Kirby, Fox e Pikachu. Uma homenagem ao primeiro jogo da série, mas que não durará muito tempo. Ao fim de cada 3 ou 4 partidas, um novo lutador irá surgir como desafio em combate: a vitória irá desbloqueá-lo, aumentando assim o catálogo de personagens disponíveis até um total de 74! Isto, sem contar com os futuros DLCs que irão subir o catálogo até um incrível número de 80 personagens no total.


A variedade de personagens é mesmo impressionante, representando desde as principais séries de videojogos da Nintendo, como Super Mario, Legend of Zelda e Pokémon, até às menos conhecidas como Earthbound ou Ice Climbers, por exemplo. Mas este não é apenas um ponto de encontro para heróis e vilões da Nintendo, havendo espaço para icónicas personagens de outras companhias e videojogos incontornáveis, como Sonic the Hedgehog, Final Fantasy VII, Metal Gear Solid, Street Fighter ou Castlevania, entre outras. É um cardápio sem igual!

Mas em que consiste, afinal, o combate de Super Smash Bros.? De uma forma muito simples, tudo começa com duas ou mais personagens numa arena, cada uma com uma percentagem a zero. À medida que se dá "porrada" num adversário, a sua percentagem aumenta. Esta percentagem irá influenciar a distância a que cada um será projetado com cada golpe sofrido, sendo que o objetivo será atirá-los para fora do ecrã para acumular pontos de vitória. Este é o típico "Smash", mas o jogo oferece vários tipos de regras que os jogadores poderão configurar livremente para criar os seus próprios modos de jogo.

O mais importante, porém, é mesmo a jogabilidade deste SSBU. Para os novatos, será bastante fácil começar a jogar pois, afinal, pode ser jogado com apenas dois botões e um analógico. Ataques "normais" num botão, "especiais" no outro, mais uma variação por cada direção do analógico associada ao ataque. Simples, sim. Depois, aos poucos vai-se aprendendo as subtilezas de cada movimento e as particularidades de cada personagem. O curioso de ver novatos a jogar é a forma como em poucas batalhas passam do "isto é muito complicado" para já querer saber as técnicas mais avançadas.


Para quem já jogou algum jogo da série, nada disto será novo, mas há muitas novidades na jogabilidade de SSBU. Acima de tudo, o jogo sente-se mais rápido e mais intenso. Muitas personagens sofreram grandes alterações em relação a jogos anteriores, com novos ataques e movimentos, parecendo em geral um jogo mais equilibrado também.

Smash não é apenas um jogo de luta, é também um jogo de festa e, por isso, há uma chuva de itens variados com diferentes efeitos, pokébolas para chamar diferentes pokémon a ajudar em batalha e até mesmo os "Assist Trophies" que invocam personagens não jogáveis para vir ajudar. Alguns destes também atrapalham, naturalmente. É a aleatoriedade que torna tudo mais divertido, mas quem não se diverte com isso tem também a possibilidade de personalizar as regras do Smash de acordo com a sua preferência.

Falando em festa, é mesmo no momento em que vários jogadores se juntam em frente à TV que o Smash Bros. consegue realmente brilhar. Neste jogo, até 8 lutadores podem participar, bastando para isso ir adicionando ou removendo jogadores no ecrã de escolha das personagens. Da mesma forma, é possível adicionar personagens controladas pelo CPU com um nível à escolha ou até mesmo personagens amiibo, aqui conhecidas como FP ("Figure Player). Estas últimas irão aprendendo com os combates em que participam, podendo tornar-se verdadeiramente implacáveis.


O jogo tem um grafismo bastante apelativo, até bastante melhor que o do seu antecessor na Wii U, e corre com uma fluidez impressionante mesmo quando se joga em batalhas com 8 jogadores. No entanto, é neste cenário (8 personagens) que se consegue encontrar as limitações do jogo. O teste extremo: colocar 8 lutadores Ice Climbers, em que cada um utiliza duas personagens, num dos maiores cenários do jogo e com todos os itens ligados produziu uma notável perda de fluidez, já para não falar no absoluto caos de se tentar perceber onde está cada um. Fora esta situação em concreto, foi totalmente imperceptível qualquer tipo de quebra na fluidez do jogo, mesmo com a consola em modo portátil.

Ainda dentro do modo Smash, há muitas opções de jogo além de todas as variedades dentro da "principal":
  • Squad Strike, onde equipas de 3 ou 5 personagens se defrontam em combate, uma de cada vez;
  • Tourney, onde podem participar desde 4 até 32 jogadores, ideal para grandes festas e eventos e com opções de combates 2-contra-2 ou 4-contra-4 até ser encontrado o vencedor;
  • Custom Smash, onde é possível alterar as caraterísticas das personagens para batalhas peculiares;
  • Smashdown, onde 2 a 8 jogadores competem com todos os lutadores desbloqueados;
  • 300% Super Sudden Death, batalhas onde um único golpe será suficiente para tirar um ponto ao adversário.
Todos estes modos são totalmente personalizáveis a nível de regras de jogo, para que cada jogador possa ter uma experiência ao seu gosto e desafiar os seus amigos. Aliás, e como é já tradição na série, até os botões dos comandos são personalizáveis, com 3 configurações distintas conforme os tipos de comandos: Pro Controller + Handheld + Dual Joycon; Sideways Joycon; GameCube Controller.


Seguindo os ponteiros do relógio, chega-se ao menu Games & More, onde se encontram modos de combate como o Classic e o Mob Smash, além do modo de treino e os menus de criação de Personagens Mii e de Figure Players com as figuras amiibo. É também aqui que irão surgir as oportunidades de desbloquear personagens que não se tenha conseguido à primeira tentativa.

O Classic Mode pode ser jogado por um ou dois jogadores, havendo registos separados de pontuações para cada caso. Aqui, cada personagem será protagonista de uma sequência de combates pensados só para si. Por exemplo, o Bowser irá defrontar adversários vermelhos (pois claro) e o Luigi terá de enfrentar os maiores medos com personagens assustadoras. Alguns destes irão incluir bosses verdadeiramente espetaculares! Conforme se vai avançando com uma personagem, o painel de dificuldade vai subindo para combates mais desafiantes e melhores recompensas. Ao perder um combate, o painel irá reduzir a dificuldade e também a pontuação.

Já o Mob Smash é apenas um conjunto de desafios onde o jogador escolhe uma personagem e tenta bater o seu recorde contra uma horde de adversários.

Como se o jogo não tivesse já muitas personagens, a opção Mii Fighters permite criar e personalizar lutadores dentro de uma de três categorias: Brawler, Swordfighter e Gunner. Cada categoria inclui um conjunto de 12 ataques dos quais se deverá escolher 4, além de configurar as roupas, cor e voz da personagem. Seja um Mii à imagem do jogador ou a imitar uma personagem ou até uma celebridade, a criatividade é o limite!


É praticamente conteúdo sem fim, tal o nível de opções e personalizações à disposição. No Vault encontra-se uma das funcionalidades mais interessantes deste jogo: utilizar a Nintendo Switch como um leitor de música. Num jogo com mais de 28 horas de faixas musicais incluídas, só faria sentido que se pudesse tirar partido da portabilidade da consola para as apreciar. É possível desligar o ecrã sem que a Switch entre em modo de descanso e ficar simplesmente a ouvir.

Sim, 28 horas de músicas originais e novas versões, agrupadas por série de jogo e com a possibilidade de criar playlists personalizadas. É completamente absurdo, de tão bom que é!

Voltando ao modo Smash, para cada cenário de batalha disponível, é possível também personalizar a probabilidade de cada música que lhe está associada poder aparecer e até desligar por completo aquelas de que não se gosta. Numa batalha específica pretende-se ouvir uma música específica? Então também é possível, bastando escolher no menu de seleção do cenário.

Ainda no Vault, é possível ver uma série de estatísticas sobre a utilização do jogo, dados de batalhas, personagens favoritas, etc. A título de curiosidade, para esta análise e em cerca de 24 horas de jogo no total, o Ganondorf (Legend of Zelda) foi a personagem que mais adversários destruiu, seguida pelo Ike (Fire Emblem) e Simon (Castlevania).

Já o modo Online não foi possível ainda explorar, pois apenas ficará disponível no momento de lançamento do jogo.


Concluindo a volta ao menu principal, é dentro da opção Spirits que se encontra a maior novidade deste jogo: todo um modo de aventura, intitulado de Super Smash Bros. Ultimate: World of Light.

Todas as personagens, excetuando o Kirby, foram transformadas pelo vilão e clonadas numa espécie de recipiente para os "Spirits" de outras personagens. Isto significa que esses espíritos vão determinar as caraterísticas da batalha, normalmente associados a uma personagem relacionável. Por exemplo, um Guardian da série Legend of Zelda poderá associar-se ao R.O.B. devido à forma como este emite o laser a partir dos seus olhos. Sem que estas centenas de personagens sejam jogáveis, os criadores do jogo conseguiram uma forma muito interessante de as ter presentes "em espírito".

Conforme se vai avançando no jogo, além dos diferentes espíritos em posse de personagens, será possível encontrar as personagens originais e defrontá-las em combate de forma a juntá-las à equipa - estas ficarão imediatamente disponíveis em todo o SSBU, também.

A cada combate, a personagem do jogador e os seus espíritos associados podem ser alterados de forma a tornar o combate mais fácil e assim se poder avançar, mas há muitas particularidades a descobrir dentro deste que acaba por ser um jogo dentro do outro jogo: colecionar Spirits, fazê-los subir de nível e tirar partido das suas caraterísticas para usar em combate. É realmente interessante e constitui o melhor modo para um jogador que já se viu em Super Smash Bros., oferecendo batalhas que, além do desafio, conseguem sempre o divertido efeito de "percebi o que fizeram aqui" com a associação entre spirits e personagens.


Naturalmente, além do modo de aventura, os Spirits podem ser levados para o modo Smash e utilizados em combates onde os regulamentos os suportem. Afinal, é esse o modo principal do jogo, quer se jogue a sós ou em multijogador, localmente ou online.

Mais de 70 personagens, mais de 100 cenários, mais de 1200 Spirits, mais de 28 horas de faixas musicais... este jogo é muito mais do que um jogo de luta e/ou um jogo de festa. Não há nada nesta indústria que se possa comparar ao que foi feito neste Super Smash Bros. Ultimate enquanto celebração do universo dos videojogos.

É, por isso, ingrato o sentimento de que poderia estar mais alguma coisa. Pela internet fora não faltam "queixas" de que falta certa personagem ou cenário representado no jogo. Poderia sempre haver mais qualquer coisa, sim, mas que isso não impeça alguém de apreciar o incrível trabalho de Masahiro Sakurai e a sua equipa: um tremendo valor de conteúdo de excelente qualidade!

O cuidado com que cada uma das 74 personagens foi desenvolvida é simplesmente notável. Sejam fãs do Mario ou do Sonic, do Pikachu ou da Bayonetta, todos os jogadores encontrarão facilmente neste título personagens que adoram e irão apreciar a atenção que foi dada durante a sua criação. O mesmo pode ser dito em relação aos jogadores, com toda a atenção que foi dada a possibilidades de personalização da experiência de cada um. Sem sombra de dúvida, é um trabalho de amor e dedicação.


"Especial" é pouco para descrever um videojogo como este. Raros são os jogos de luta que se podem dizer jogos "de festa" e mais raros ainda são os jogos de festa com uma séria vertente competitiva. Mais do que o culminar de uma série com já quase 20 anos, Super Smash Bros. Ultimate é um jogo sem igual na indústria. O novo jogo obrigatório da Nintendo Switch.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.


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