Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age


Tudo começou em 1986 na NES, o primeiro jogo da série Dragon Quest inspirado por RPGs ocidentais tornava-se no berço do género dentro Japão, dando depois origens a famosas séries como Final Fantasy. Surgiu como uma aventura épica a enfrentar todo um conjunto de perigos e monstros ilustrados por Akira Toriyama, acompanhados por uma banda sonora de Koichi Sugiyama e tudo dirigido por Yuji Horii, nomes que ainda hoje permanecem na série. Dragon Quest XI surge de certo modo a celebrar os 30 anos da série, uma viagem nostálgica para os fãs da série e que demonstra que os RPGs tradicionais ainda conseguem surpreender!

Viajamos para o mundo de Erdrea onde a grande árvore Yggdrasil é a fonte de toda a vida e também um dos pontos centrais da história. Um mundo assombrado por uma invasão de monstros e demónios que apenas a chegada do herói lendário pode resolver. Conhecido como Luminary, o nosso protagonista parte numa aventura grandiosa onde aos poucos vai ganhando aliados que o irão ajudar na sua missão, enquanto enfrenta vários inimigos entre outros perigos. Viajamos para todos os cantos do mundo onde vamos conhecendo imensos personagens, quase todos eles com um problema em mãos que nos cabe a nós resolver, para depois ser possível progredir no jogo. Para quem já conhece bem Dragon Quest esta fórmula é bastante familiar, até mesmo tradicional, mas que ainda funciona e pelo meio vamos conhecendo cada vez melhor os personagens principais e aqueles que lhes são chegados e também o mundo que nos rodeia.


Visualmente impressionante, todo o mundo está deslumbrante e grita em detalhe, todas as diferentes áreas tornam-se memoráveis muito pelos vários elementos que embelezam os diferentes cenários. Há sempre alguma coisa à espera para ser descoberta, sejam itens que brilham à distância a convidar-nos para os ir buscar, tesouros escondidos que nos fazem explorar melhor o mapa e até mesmo encontrar personagens que por vezes contêm missões. Existem várias side quests que vamos desbloqueando aos poucos, geralmente fáceis de concretizar e quase todas elas com recompensas que nos ajudam na aventura. O jogo convida a explorar devidamente Erdrea sem perder muito tempo, até porque geralmente podemos atravessar o mapa a cavalo (ou em cima de monstros) logo desde o início do jogo.

Também bem familiar é o sistema de combate por turnos e toda uma quantidade de ataques e magias mais que conhecidas, agora com algumas novas que encaixam perfeitamente com as restantes. A grande novidade são os Pep Powers, poderes especiais ativados aleatóriamente onde podemos até efetuar combinações com diferentes personagens em resultados bem devastadores, ou que nos salvam de situações complicadas. Mesmo não sendo novidade na série os tradicionais random encounters foram trocados pela presença de monstros no cenário e há imensos monstros a vaguear pelas planícies, montanhas, cavernas, etc. Podemos ganhar vantagem em combate, atacando logo um inimigo no mapa, iniciando rapidamente a batalha que pode até mesmo durar breves segundos, obter experiência e diversos itens e depois continuar mapa fora.


Não é um jogo difícil, de todo. Desde o seu início raras foram as vezes em que perdi, game overs em que podemos decidir voltar para o último autosave, perdendo toda a experiência e itens obtidos desde então, ou até mesmo o tradicional voltar para o save mais próximo (normalmente igrejas) com metade do dinheiro mas mantendo os itens e experiência ganhos. Habilidades como Disruptive Wave que nos retiravam os estados especiais como mais defesa ou ataque, bastante comuns em jogos anteriores e que sempre nos causavam grande frustração, surgem muito tarde desta vez e com muito menor frequência. Talvez o que achei mais difícil foi mesmo obter dinheiro, dificultando a compra de novos equipamentos, mas também tal não era muito preciso pois podia criar eu próprio novas armas e armaduras, precisando apenas itens obtidos no decorrer do jogo. Terminando o jogo é possível recomeçar a aventura num modo de dificuldade bem mais difícil, mas ainda não o explorei devidamente.

Quase todas as mecânicas do jogo são um melhoramento do que a série tem vindo a oferecer ao longo das décadas, desde o sistema de crafting e de aprender novas habilidades através de skill points como podemos encontrar em Dragon Quest VIII ou IX, onde desta vez as habilidades estão distribuídas numa skill tree que vem ajudar imenso a planear o que desbloquear a seguir. Também podemos andar em cima de monstros especiais e dar uso às suas habilidades, como podemos encontrar na série spin-off Dragon Quest Monsters. O jogo celebra as 3 décadas da série com vários pormenores que marcam presença, uns mais óbvios que outros. Peças de equipamento que retratam outros personagens da série, partes da história que nos fazem recordar momentos de outros jogos e até mesmo irem buscar músicas bem reconhecidas ao baú. Por falar em banda sonora, este é o ponto mais fraco do jogo muito devido ao uso de músicas em MIDI e não a bela versão orquestrada que podemos encontrar na versão japonesa do jogo, ou também devido a momentos em que se torna repetitiva. Em compensação a nossa versão vem recheada de um voice acting excelente que retrata na perfeição os personagens, dando bom uso aos típicos sotaques que já é um registo habitual na série.


A história está recheada de altos e baixos, várias surpresas (algumas que parecem ser homenagens à série) e plot twists embora em vário momentos o jogo consiga ser previsível, bastando observa-lo com atenção ou pensar na fórmula que a série nos tem habituado. Ainda assim é uma aventura emocional, várias das missões secundárias mesmo que remetidas apenas a balões de texto sem cutscenes estão bem escritas, muitos dos momentos da aventura principal não são felizes, lançam revolta ou causam frustração. Por outro lado também surgem momentos positivos, somos recompensados por tentar salvar o mundo e vários personagens, mesmo secundários, dão-nos força para cumprir o nosso objetivo. Todos os personagens principais tem algo por desvendar durante o jogo, mesmo o Herói que acompanhamos desde o início da aventura, sendo esses os momentos em que cada um dos personagens brilha e se desenvolve. Chegar aos créditos também não é sinal que o jogo termina, pelo contrário: há todo um post game com muitas outras horas pela frente, mais enredo e mais surpresas!


Dragon Quest XI é o culminar que a série tem vindo a criar, uma aventura épica não só feita para os fãs, mas convida muitos outros a se envolverem num RPG old school sem problemas. São várias as horas de jogo que nos esperam, tendo demorado cerca de 65 horas para completar o jogo, onde ver os créditos não é sinal que acabamos o jogo. É também um dos melhores jogos que a série vem oferecer e um dos jogos do ano, com muito conteúdo pela frente que facilmente se traduz em mais de 100 horas de jogo. Há um futuro risonho para este jogo, o seu lançamento na Nintendo Switch irá chegar a mais gente, talvez com mais surpresas na aventura!


Nota: Esta análise foi efetuada com base numa cópia adquirida pelo autor do artigo, para a PlayStation 4.

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