Bayonetta 2


Dizer que a Wii U foi um fracasso comercial já é mais do que estar a bater no ceguinho, mas não invalida o facto de ter tido grandes exclusivos, aclamados pela crítica, com um baixíssimo impacto no mercado. Um grande exemplo foi este Bayonetta 2, uma muito aguardada sequela que foi considerada um dos melhores jogos de ação dos últimos anos mas, no fim de contas, pouca gente jogou. A bruxa está de regresso com a adaptação dos seus dois títulos para a Nintendo Switch. Ao fim de pouco mais de três anos, continuará Bayonetta 2 a ser o jogo de ação de referência?


Nesta série de ação frenética, controlamos a bruxa Bayonetta ao longo de diversos cenários, relativamente lineares mas com bastantes segredos para os mais atentos, onde teremos de enfrentar as mais temíveis criaturas angelicais. Temíveis para o jogador, pois a protagonista, Bayonetta, é uma Umbra Witch e come anjinhos destes ao pequeno almoço. Mas já lá vamos. As batalhas são intensas, com múltiplos inimigos em simultâneo e um enorme leque de combos possíveis para os derrubar. Há tantas combinações à disposição que o jogador terá resultados visualmente gratificantes quer prima os botões de ataque à toa, quer perca horas no modo Practice a aperfeiçoar a sua técnica para um melhor desempenho em combate.

Em Bayonetta 2, a nossa bruxa está a fazer as suas compras de Natal quando é apanhada desprevenida numa estranha sucessão de eventos que nos atira de imediato para a ação. Gomorrah, um dos seus demónios de estimação, vira-se contra a feiticeira e acaba por ceifar a vida de Jeanne, melhor amiga de Bayonetta e que se sacrifica para a salvar. Ao ver a alma de Jeanne ser levada para o Inferno, a nossa protagonista não hesita em descer ao Inferno para recuperar a alma da amiga e assim parte numa missão urgente. Agora lutando contra anjos e demónios, não será uma missão fácil, mas será assim que a bruxa irá descortinar toda uma cadeia de eventos que está a causar o desequilíbrio entre as diferentes realidades.

A história é propositadamente exagerada, dramática e cómica com um charme que se tornou característico desta série mas claramente não é para qualquer um. Não faz propriamente muito sentido, mas é cativante e sempre um bom pretexto para a ação. Bayonetta é uma personagem sexual e serve-se dessa mesma sexualidade para arreliar todas as figuras sagradas - como ousa esta bruxa provocá-los? Ao mesmo tempo é uma verdadeira senhora e não tolera qualquer falta de respeito. Os anjos são figuras associadas às que podemos ver nas igrejas, desde os pequenos querubins que não são mais do que uma cabeça de bebé com asas a figuras absolutamente majestosas com caras em sítios estranhos. Já os demónios têm um design mais associado ao grotesco, com figuras inspiradas em insectos e formas mecânicas, oferecendo uma grande variedade ao leque de inimigos.


O melhor do jogo é a sua jogabilidade baseada em combinações de ataques. Ao longo do jogo, vão sendo desbloqueadas novas armas, seja pela história ou como recompensa de derrotar certos inimigos. Muitas destas podem ser equipadas tanto nas mãos como nos pés da personagem, aumentando exponencialmente a quantidade de combos diferentes à disposição. É extremamente gratificante ver uma mistura de socos terminar com um braço demoníaco invocado de outra dimensão a esmagar o inimigo, assim como sabe sempre bem conseguir desviar de um golpe no último segundo e ativar o "Witch Time" colocando os adversários em câmara lenta. "So close!", provoca a bruxa. Jogar isto é puro prazer!

Já referi que o jogo tem modo multiplayer? Com o "Tag Climax" será possível jogar online ou em modo local com duas consolas ligadas por wireless, num modo cooperativo onde os dois jogadores partilham a vida e cooperam para enfrentar desafios denominados de "Verse Cards". Alguns destes desafios são desbloqueados ao avançar no modo história, outros vão aparecendo conforme se ultrapassa os já desbloqueados. De salientar que a possibilidade de jogar em modo local é uma novidade desta versão.


Esta edição para a Nintendo Switch é uma adaptação direta do original para a Wii U. Levou poucas alterações e contém todos os modos, incluindo a opção de controlar todo o jogo com o ecrã tátil em modo portátil, dedicado aos jogadores mais ocasionais. Dito isto, até a esses recomendaria jogar com botões, mesmo que optem pelo grau mais baixo de dificuldade, o modo pseudo-automático simplesmente não dá a mesma satisfação. Há imenso conteúdo desbloqueável, muito do qual pode ser acedido mais rapidamente com a utilização de figuras amiibo, que permite obter novas armas ou mudar drasticamente o visual da Bayonetta, incluindo roupas inspiradas em personagens icónicas da Nintendo. Alguns destes fatos têm alterações mesmo ao nível da jogabilidade e das cutscenes, tornando a Bayonetta numa personagem diferente.

Comparando com a original, esta versão oferece a melhor experiência de jogo, com uma resolução de 720p a 60fps. Sendo um jogo de acção, a fluidez dos gráficos é mais importante que a sua resolução, pelo que a opção de dar primazia ao framerate foi uma boa escolha. Ao jogar em modo portátil, esta é a resolução nativa da consola, pelo que a imagem é absolutamente impecável. Apercebi-me de algumas perdas de fluidez neste modo enquanto explorava cenários de maior escala com muita coisa a acontecer, mas não notei o esse problema em nenhuma das sequências de acção, pelo que em geral pareceu-me estar muito bem optimizado para a Nintendo Switch.


Se Bayonetta 2 era um jogo obrigatório para a Wii U, continua a sê-lo agora. Os amantes dos jogos de acção terão com esta série uma forte razão para investir na consola, cuja portabilidade irá proporcionar a repetição do jogo vezes sem conta, tanto para experimentar as diferentes armas como tentar bater os próprios recordes. Apesar de não ser um jogo novo, continua "como novo" e perfeitamente digno de destaque na consola-sensação do momento. Para fãs de jogos de acção, bruxaria ou apenas muita sensualidade, este é um verdadeiro must-have para a Nintendo Switch.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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