Dragon Quest Builders


Lançado inicialmente para PlayStation 4 e Vita (e também para a PlayStation 3 no Japão), Dragon Quest Builders surge como um spin-off que em poucos segundos após a sua revelação já gritávamos "Minecraft!", colando-se ao fenómeno que foi esse jogo mas cobrindo-o com a imagem de Dragon Quest. O jogo não o esconde, desde a sua estética em que quase tudo são cubos ao estilo de jogo, e uns anos após o seu lançamento original chega agora também à Nintendo Switch.


O objetivo aqui é bastante simples: construir, e construir ainda mais! Mal entramos no mundo o nosso primeiro objetivo é criar e também arranjar modo de sair da pequena masmorra que nos prende. Já fora vemos o mundo de Alefgard, num universo paralelo ao do primeiro jogo de Dragon Quest, partilhando mais que apenas o nome do mundo. Rapidamente nos é dada a missão de ir para as ruínas de uma pequena cidade, e com o poder que nos foi recentemente dado começamos então a aventura. Poder este que é nada mais que o de construir, uma habilidade que (ao que tudo indica) foi esquecida quando a desgraça caiu sob a humanidade e os monstros e o mal tomaram posse do mundo.

Com um enredo bastante básico e que desenvolve a sua pequena história, Dragon Quest Builders foca-se principalmente no acto de construir, e todas as missões que nos vão sendo dadas envolvem construir diversos tipos de casas, criar poções, cozinhar, forjar equipamento, entre outras coisas. É, sem margem para dúvidas um jogo semelhante a Minecraft, mas que se foca também numa vertente mais RPG, fugindo das clássicas masmorras enormes com bosses demoníacos, embora haja várias grutas escondidas por explorar, ricas em materiais preciosos. A exploração implica alguns riscos, por isso convém andar bem equipado e munido de itens para recuperar vida, comida e outras coisas, pois embora o sistema de combate seja um simples RPG de ação existem inimigos que nos estragam bem os planos se não estivermos devidamente preparados.


Sendo assim uma espécie de RPG de construção, o jogo desenvolve-se através de missões umas atrás de outras, que não só servem para nos ensinar as mecânicas de jogo como nos ajudam a desenvolver não só a(s) cidade(s) que passamos a habitar, e nos faz progredir no jogo. É interessante assistir à evolução da cidade onde temos total liberdade de construir o que quiser, respeitando apenas os objetivos que nos vão sendo colocados. A jogabilidade do jogo é extremamente acessível, o que nos facilita imenso a construir sem quaisquer problemas e de um modo bastante rápido e fluído. Dei por mim muitas vezes a criar todo um tipo de coisas, limpar destroços para construir habitações novas, decorar casas e aos poucos tudo ia ganhando mais vida, novos personagens iam aparecendo com mais missões. Mas quanto mais viva era a cidade mais monstros apareciam à noite, e tinha então de a proteger mesmo que não que fosse necessário, pois bastava dormir que os monstros desapareciam, mas os recursos que eles largavam eram bastante importantes para criar novos itens.

Construir é bastante rápido, tal como criar itens novos nas pequenas bancas de trabalho, sendo bastante rápido criar edifícios (em poucos minutos, mesmo) que depois podemos-nos distrair a decorar o que acabamos de criar. Uma casa pode ser feita de terra inicialmente, mas depois desbloqueamos chão de palha, paredes de madeira ou até mesmo tudo em pedra ou tijolo, e não é necessário construir de novo pois o jogo dá-nos itens que nos permitem re-decorar várias paredes ou chão com um simples item. Isto vai depender sempre de jogador para jogador, mas quem goste de construir é bem capaz de perder longas horas por capítulo devido à exploração, adquirir materiais e desenvolver as cidades. Mas quem queira simplesmente progredir rapidamente no jogo as missões são muitas, temos itens que nos ajudam imenso a construir "sem pensar muito", locais escondidos e ainda um conjunto de objetivos secretos para cumprir, alguns deles bastante desafiantes!


A progressão é feita através de capítulos e cada um nos leva a um local diferente com os seus problemas e cenários distintos (embora tudo se resuma a blocos) que nos obrigam a lidar com situações e mecânicas também elas diferentes. Há uma história que liga isto tudo, mas os eventos que surgem acabam por nos desligar um pouco do enredo principal, focando-se apenas nos problemas locais. No geral os personagens são bastante genéricos, salvo um ou outro que têm mais destaque, e embora o mundo esteja em perigo estes não parecem muito preocupados, por muito que lamentem todos os seus problemas. Há momentos de tensão no jogo, com invasões constantes de inimigos que temos de derrotar, e sem entrar em muitos spoilers no final de cada capítulo há um Boss para derrotar, estes com capacidades destrutivas impressionantes. Paralelo à progressão do jogo temos um mapa mais sandbox a que podemos ligar à internet e convidar amigos para ver as nossas construções, mas durante o tempo de análise não pude explorar assim tanto o modo, devido à falta de outros jogadores.

Falando um pouco em questões técnicas, visualmente o jogo é bom e a conversão para a Switch está semelhante ao original na PS4, bastante fluído quer no modo docked como em portátil sendo que neste modo encontramos algumas quebras de fluidez em momentos com mais elementos presentes. Não chega ao nível de outros jogos da série, mas atendendo o estilo de jogo que é cumpre bem a sua função estética. Já na banda sonora pega nos vários temas da série criando uma boa dose de nostalgia, mesmo que não sejam os temas orquestrados que podemos ver associados à série. 


Mas momentos emocionantes à parte, muitas das missões que o jogo nos obriga a concluir são enfadonhas, tarefas chatas de recolher um certo número de itens para criar um item e dar aos personagens. O mundo em si, embora tenha vários segredos é algo vazio, mesmo com vários monstros por derrotar, e o próprio ciclo de dia e noite bastante curto obrigava-nos a explorar muitas vezes à noite, em que mesmo equipados por uma tocha mal víamos o que estava em nosso redor. Há no entanto algumas recompensas resultado de explorar, as tais missões secretas e recursos bem valiosos que desbloqueava novos itens bastante úteis. Algo que me puxou várias vezes foi ao encontrar certas ruínas encontrava todo um leque de itens que podia simplesmente roubar, e me via a transporta-los de volta para a cidade de modo a desenvolvê-a ainda melhor. Por muito que o jogo nos leve a construir ou criar, muitas vezes pegar no que já tinha sido construído era uma ajuda tremenda!


Resumindo, este é sem dúvida um Minecraft que difere não só pelo estilo artístico à Dragon Quest mas também por ser mais RPG de ação. O jogo dá liberdade de construir o que bem quisermos, e com muita dedicação é possível criar coisas realmente impressionantes, como locais ou outros elementos dignas da série principal! Surpreendeu mais do que estava à espera (face à minha inicial reação menos positiva), e dei por mim a passar horas e horas seguidas a fazer o que não me era pedido no jogo, mas que gostava mais de fazer.

Nota: esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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