The Fall Part 2: Unbound



Asimov ensinou-nos as três leis da robótica. Um robot não deve magoar nenhum humano ou deixar que o façam, por inação; deve obedecer às ordens dos humanos; deve proteger a sua existência. Mas o que acontece quando um robot tem simultaneamente de proteger a sua existência, obedecer a um ser humano e evitar que este se magoe?

É nesta trama que estamos quando começamos a nossa jornada como A.R.I.D, ou carinhosamente apelidada de Arid. Fomos infectados por um vírus, que nos corrói a nossa missão. O nosso utilizador, o mau da fita, descartou-nos para a censura e programou-nos com um novo objetivo. Salva-te a ti próprio.


No meio desta trama, somos postos à prova numa sequência de combate, que nos leva a conectar a um outro robot. Huh? Sim, de facto tomamos as rédeas de outras personagens robots, que utilizando as suas peculiaridades pomos à prova a nossa capacidade de dedução e de resolução de puzzles.

É difícil catalogar este jogo numa só categoria. É um excelente point-and-click mas também é um excelente quebra-cabeças, por vezes complexo demais. A sua trama é irreverente e passa uma mensagem a nós, humanos. Por mais que tentemos impedir os robots de ganharem a sua própria consciência, emoções e rotinas, eles vão conseguir escapar das nossas patéticas barreiras. Talvez tenhamos algo a aprender com esta história? Juntos somos mais fortes e usando as valências dos nossos semelhantes podemos atingir feitos incríveis.

The Fall Part 2 tem de tudo: cenas de combate, dedução, disparos, propostas sexuais indecentes, enfim, tudo o que se queira para um bom serão de Detetives Privados. O jogo nunca se torna entediante por se fazer repetidas vezes o mesmo.


Os gráficos são simplistas, não nos esqueçamos que se trata de um point-and-click 2D. Mas simplistas não quer, de todo, dizer desapropriados ou fora do lugar. O tom é claramente demarcado pela intenção do jogo e até a aura nos dá indicações preciosas na fase avançada do jogo.

A música é adequada mas nada demasiado rebsuscada. Talvez em certas partes, sua inexistência, ou aparente inexistência, provoca-nos uma sensação de sufoco, tão intrincada como a história que conta a imagem.

A história é linear, havendo em muitos dos casos, apenas uma correta e cronológica maneira de resolver os enigmas. A duração da história é curta, mas intensa. O jogo está cheio de detalhes nas inúmeras etiquetas com informações no ecrã.


Toda a mística do jogo, inóspito, séptico, vazio, fizeram-me voltar para mais. Eu era o responsável pela resolução dos problemas dos que sofriam do vírus injetado pelo User. Eu tinha de decifrar todos os puzzles, descobrir todos os segredos e conduzir as minhas personagens a ajudarem-se mutuamente e solucionarem toda aquela dramática situação. Mas porque demorei tanto tempo a ajudar Arid e os restantes? Alguns puzzles eram demasiado aleatórios, sem qualquer explicação ou ajuda na sua compreensão. Algumas ações estavam dependentes de outras, sem uma clara relação entre ambas. Talvez um propósito mais claro ou algo que possamos aplicar a nossa vivência do dia a dia na resolução de problemas poderia dar um rumo mais acertado ao desenho dos puzzles.


Embora não tenha sido esta a plataforma onde o experienciei, este é um bom jogo para se ter num sistema portátil, como a Nintendo Switch, que possibilita poder ser desfrutado em pequenos momentos. Com o seu caráter exploratório em grande relevo, atacar aquelas entediantes viagens de transportes podem tornar-se muito mais suportáveis com um jogo como o The Fall Part 2: Unbound, que parece feito de propósito para este conceito. No entanto, jogá-lo num ecrã grande não lhe retira nem um pouco da sua aura, sendo também perfeito para jogar acompanhado e assistir ao desenrolar da trama.


Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Plan of Attack.

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