Please, Touch the Artwork 2
Em Please, Touch the Artwork 2 continuamos a velha regra de andar a tocar nas obras de arte, algo que é completamente proibido no mundo real, mas, aqui não só é recomendado como é mesmo obrigatório. Um título com uma visão diferente, abraçando mais o estilo aventura gráfica do que algo abstrato, onde somos um elegante esqueleto bem vestido a viajar entre pinturas a resolver todo um leque de peripécias, muitas vezes com alguns puzzles à mistura.
Desta vez o autor escolhido, que vamos agora andar a passear pelas suas obras é o pintor belga James Ensor, famoso pelas suas pinturas impressionistas, mas que gradualmente foi explorando um estilo muito próprio, tocando no expressionismo e até mesmo surrealismo. Coisas que se refletem neste jogo, com cores bem sólidas onde o bizarro reinava, através do uso frequente de máscaras, caveiras entre figuras exageradamente expressivas e grotescas. Todas as obras de Ensor estão bem animadas, criando uma interessante experiência interativa mais do que uma simples apresentação das pinturas, que contam com a presença do autor em si, durante esta nossa aventura.
O jogo em si, acaba por ser uma aventura gráfica onde temos de ir procurando itens escondidos pelas pinturas, dando-os às personagens que nos pedem pedaços de madeira, conchas, garrafas de vinho ou os mais variados frutos, entre muitas outras coisas. Cumprindo o objetivo abre-se caminho, prosseguindo na aventura para encontrar novas personagens com os seus pedidos. Viajamos de pintura em pintura num museu onde parece que todas as obras estão ligadas e com os seus problemas, pois uma estranha personagem passa o tempo todo a rasgar quadros que, depois, temos de andar a consertar.
Aqui que entram os puzzles em si, consertar os quadros é um minijogo onde temos de criar uma linha apenas que nunca se pode cruzar, num padrão que está desenhado, algo bem simples com alguns puzzles que me deixaram a pensar um pouco. Há outros como tocar música num piano, repetindo as notas que nos são dadas ou ainda o clássico jogo de procurar as diferenças entre dois desenhos aparentemente iguais. Não é nada de transcendente, é bem relaxante mesmo no muito curto tempo de jogo, onde em ponto algum bloqueamos, pois temos sempre um número ilimitado de dicas que podemos usar para nos indicar onde temos de interagir ou onde estão escondidos os itens.
Uma experiência curta, que peca por ser repetitiva ao ser uma caça ao tesouro por itens escondidos nos quadros, que mais parecia um daqueles livros de atividades para o verão (nada contra, atenção). Apreciei bem o nível de humor muito à Monty Python pela sua aleatoriedade e, mais ainda, por recordar-me das breves animações que a série de humor britânico criava, usando obras de arte como meio para a sua criação. É muito aleatório e abraça bem esse sentimento, só gostava que tivesse um conteúdo bem mais variado, como o primeiro jogo conseguiu fazer bem.
Please, Touch the Artwork 2 mantém todo o espírito de transformar a arte como um meio interativo num videojogo, dando uma nova vida a obras de um pintor em que, depois de Piet Mondrian e James Ensor, questiono-me que movimento artístico ou artista irá Thomas Waterzooi usar para um possível terceiro jogo! Quem sabe, talvez explorar o pós-impressionismo de Toulouse-Lautrec? Abraçar o surrealismo de Salvador Dalí? Ou, ainda, o fauvismo de Henri Matisse? Aguardemos!!