Horizon Forbidden West


Depois de uma grande estreia na PlayStation 4, seria apenas uma questão de tempo até que os mais de 20 milhões de jogadores de Horizon tivessem à disposição uma sequela, que está agora prestes a chegar às consolas PS4 e PS5. Mas será Horizon Forbidden West mais do mesmo, ou uma refrescante nova jornada para Aloy?

A história começa 6 meses depois dos eventos de Horizon Zero Dawn, com um breve resumo do que aconteceu, passando logo de seguida para um ponto de situação do que Aloy, a protagonista, tem andado a fazer. Apesar de ter salvo o mundo de uma quase imediata destruição pelas máquinas, controladas por uma maléfica Inteligência Artificial, a verdade é que a natureza entrou num ciclo de destruição cada vez mais acentuado, colocando em perigo todas as formas de vida no planeta. É aqui que a aventura começa, em busca de uma cópia de GAIA, a benéfica Inteligência Artificial do projeto "Zero Dawn" que tinha como objetivo restaurar toda a vida na Terra.

Importa referir que, se este resumo da introdução pode parecer confuso para quem não tenha jogado o anterior ou já não se recorde do que lá se passou, o jogo em si tem o cuidado de ir explicando os vários conceitos, sem que tal se torne aborrecido ou repetitivo. Até mesmo as principais mecânicas de jogabilidade são explicadas de forma sucinta, prática e até bem contextualizada na história, por oferecer ao seu amigo Varl um Foco idêntico ao seu - uma ferramenta central desta série que permite aos utilizadores aceder a uma série de tecnologias, incluindo a análise e manipulação de máquinas selvagens. É neste contexto que Aloy descobre que, se pretende salvar o mundo, terá de se dirigir a Oeste, atravessando uma fronteira há muito tempo fechada entre povoações.


Apesar de ter um começo relativamente linear, Forbidden West é um "open world" que, ao fim de poucas horas de jogo, se torna totalmente aberto à exploração, com a exceção de alguns momentos importantes na história, para os quais há sempre um aviso prévio antes de avançar. Isto, a acompanhar uma história que se expande muito mais e se torna bastante mais envolvente que a de Zero Dawn, apesar da premissa aparentemente simples que, no início, nos é apresentada. Esta é provavelmente a maior surpresa do jogo: a sua qualidade narrativa, que o coloca ao nível das melhores franquias do universo PlayStation. Mais do que revelações e plot twists, que também as há, o jogo dá um grande destaque à humanidade e as relações entre as personagens, sem se limitar às personagens principais.

Este é um mundo bastante rico onde, em cada aldeia, em cada povoação, existe uma grande diversidade de personagens e culturas, associadas às múltiplas tribos e que, no jogo em si, se transformam em missões secundárias ou "recados". Em todos eles, há uma história, e não uma mera "to-do list" como muitas vezes acontece neste género, e que enriquecem bastante toda a narrativa e vontade de explorar para além da história principal. Neste Oeste, onde a população se encontra dividida até mesmo pelas suas crenças religiosas, são os comportamentos das personagens e as suas histórias que dão uma real vida a todo este mundo pós-apocalíptico.

Voltando à história principal, também esta tem uma construção bem trabalhada, com uma boa dose de personagens já conhecidas e outras novas à mistura, cujo desenvolvimento tira partido de uma base de operações, na qual Aloy reúne os vários aliados que vai reunindo ao longo da sua jornada. Quanto ao que acontece, o melhor a dizer é que quanto menos souberem quando forem jogar, mais surpresas irão encontrar.


No que diz respeito à jogabilidade, esta expande em relação ao que já era oferecido no jogo anterior, com um sistema que tanto permite optar pela furtividade como pelo combate corpo-a-corpo, ou uma mistura dos dois. Uma das mecânicas mais gratificantes em Horizon é a capacidade de converter máquinas selvagens, colocá-las em combate contra as restantes e apreciar o caos entre elas, enquanto se vai preparando o momento ideal para entrar em batalha. Para quem preferir combate corpo-a-corpo, a personagem continua super ágil e com um variado leque de movimentos e combinações, que se tornam ainda mais variados conforme se vai expandindo a árvore de habilidades.

A nível da exploração, há também novas habilidades que ajudam a experimentar novos caminhos, incluindo um parapente eletrónico que facilita o acesso de sítios altos a locais inferiores, ou a nova capacidade de mergulhar, com novos tipos de locais a visitar. Algo que se mantém fiel ao original, porém, é toda a recolha de recursos necessária para manter e gerir o stock de equipamentos, e o tempo que se perde com isso ao longo da jornada. Se muitos jogos fazem da recolha um mero toque de um botão, aqui a personagem tem toda uma animação associada, havendo até elementos que requerem manter-se premido um botão.

A outra componente importante está nos espaços fechados que, na maioria dos casos, contam com desafios de plataformas, intercalados com sequências de combate. E se já na história principal existem combates realmente intensos, em alguns destes espaços opcionais conseguem ser ainda mais desafiantes. O jogo, porém, está longe de ser frustrante, graças ao seu sistema de dificuldade totalmente ajustável pelo jogador, mesmo ao longo da jornada. Uma boa experiência foi ver as grandes diferenças que se tem contra o mesmo boss, ao jogar em modo difícil, normal, ou história, por exemplo. Isto permite que, na numa missão onde a dificuldade já esteja a ficar frustrante, se possa reduzir a dificuldade sem ter de voltar atrás, e mais tarde voltar a subir conforme se desejar.


Finalmente, algo que realmente dispensa apresentações: toda a componente visual. Inteiramente jogado na PlayStation 5, Horizon Forbidden West foi impressionante desde o primeiro, ao último momento, com cenários ricos e detalhados ao mais ínfimo pormenor, desde as florestas verdejantes até às ruínas no meio do deserto. As vilas das diferentes tribos contam com uma impressionante variedade de estilos, ao ponto de se tornar fácil identificar ao longe se Aloy se aproxima de um local onde residem aliados ou perigosos adversários, mesmo pela sua arquitetura.

Todo o jogo é uma fusão de excelentes gráficos com uma direção artística inspirada. Se o cenário das ruínas de San Francisco é cartaz em quase todos os elementos promocionais deste jogo, esperem só até ver, por exemplo, como são as ruínas de Las Vegas. O mesmo pode ser dito das criaturas robóticas que povoam o Oeste, onde para além de algumas já bem familiares do título anterior, se juntam outras verdadeiramente colossais, incluindo até gigantescos elefantes-robô inspirados nos olifantes do Senhor dos Anéis. Sem esquecer, claro, as personagens, extremamente realistas e humanas, não só a nível da protagonista, como de todas as personagens secundárias, se excluirmos os habituais NPCs mais genéricos que vão preenchendo as povoações. A Aloy, então, transmite mesmo a sensação de se ter uma atriz real à frente, não só uma reprodução das suas expressões faciais.

É, também, uma aventura maior do que a anterior em todas as definições, desde a história, aos visuais, a todo o conteúdo que incentiva à exploração. Só para esta análise, com a história principal e algumas secundárias pelo meio, foram mais de 40h de jogo, com muitas mais pela frente em termos de conteúdos opcionais, o que faz deste um daqueles jogos onde se continua alegremente a jogar depois dos créditos finais.


Disponível para PlayStation 4 e PlayStation 5, Horizon Forbidden West é um excelente jogo para os fãs de aventura, com umas belas pitadas de ficção científica à mistura, que nos coloca na pele daquela que já é uma icónica protagonista do mundo dos videojogos.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 5, gentilmente cedido pela SIEE.


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