Metal Gear Survive
Mas afinal de que se trata o jogo? Este é um spin-off da série Metal Gear, que abandona Snake e troca-o por um personagem criado por nós, em que o nosso principal objetivo é, como o nome indica, sobreviver. Começa com os eventos de Metal Gear Solid V: Ground Zeroes enquanto a Mother Base se encontra sob ataque, mas a novidade é que algo de estranho acontece e um enorme portal surge no meio da confusão, levando a base para um universo paralelo. Esse mundo é habitado por Wanderers, uma espécie de zombies em que os corpos dos soldados foram infetados com algo estranho e que pode colocar em risco a própria humanidade. É certo que a premissa consegue tocar no ridículo, ao estilo de filme de terror de série B, mas levando a sério o que poderia ser apenas absurdo.
Há bastante por explorar no estranho mundo que temos pela frente, Wanderers para matar e ganhar Kuban Energy, uma espécie de "moeda" que usamos não só para construir tudo como também desenvolver habilidades para o nosso personagem. Sinceramente até gostei do look destes zombies, embora se tornasse repetitivo andar sempre a exterminá-los em todo o lado, e para o bem ou mal a inteligência destes era mínima. Explorar Dite e encontrar pontos marcado no mapa consegue ser interessante, e mesmo existindo alguma repetição nas missões acabava por desvendar sempre um pouco mais do mapa, e encontrar locais que mais tarde voltaria a visitar por vontade própria. À medida que avançava no jogo essa exploração era facilitada, algo fundamental pois passamos o jogo todo à procura de bens essenciais para a nossa sobrevivência.
Talvez seja esse o propósito, mas durante o jogo sentia-me constantemente abafado por coisas a que prestar atenção, e geralmente o meu personagem ou estava com sede ou com tanta fome que os pontos de vida eram escassos. Outro detalhe é que tudo no jogo tem de ser construído através dos vários materiais que vamos encontrando espalhados por Dite, mas a quantidade destes recursos é tão grande que facilmente construía e melhorava o meu equipamento. Mas há medida que ia avançando nas missões, ia tendo novas coisas na Mother Base que nos facilitam a vida, desde a possibilidade de nos teletransportar para pontos específicos do mapa, longes de base, a descoberta de novas receitas para criar e melhorar o nosso equipamento, ou até mesmo coisas fundamentais como poder criar água potável.
O jogo tem os seus momentos bons, a possibilidade de fazer bastante nele e há um sentimento de recompensa sempre que conseguimos algo novo, quer para o personagem quer para a base, em que vamos assistindo aos poucos a nossa própria progressão dentro do jogo. Há bons momentos, sequências que exploram um pouco a temática do horror e são interessantes, mas longe de serem memoráveis. Não tive muitas oportunidades para explorar o modo cooperativo do jogo, mas tal como a campanha de um jogador, todo o jogo se desenvolve à base de missões, e também estamos sempre online, quer pelos loadings e ligações sempre que começamos a jogar, quer pelas missões diárias ou semanais que recebemos. No geral senti que o jogo e a sua jogabilidade conseguiam ser interessantes, mas depois era confrontado pelas mecânicas principais dele e tornava-se cansativo.
Durante todo o jogo há um sentimento familiar mas estranho, e embora as (muitas) referências à série o sentimento em torno do jogo é que se trata mesmo de um Metal Gear à parte do universo que conhecemos. Pode-se dizer que este jogo sofre de problemas desde o seu início, começando por toda uma onda de insatisfação por parte dos fãs desde o seu anúncio, ao ser um jogo de sobrevivência quando a loucura atual são os jogos ao estilo battle royal. Mas a revolta agrava-se com o lançamento, e micro-transações indesejadas que pioram ainda mais a imagem do jogo e, por sua vez, da Konami.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Ecoplay.