Mercenaries Saga Chronicles
Leve
três, pague um. São três jogos num só pacote, o que por si já vale a pena. O
que não vale a pena são os jogos em si, o que é uma pena. Gostei deste
seguimento de penas.
Como quem
tem penas são as galinhas, vamos lá falar sobre Mercenaries Saga Chronicles. Os
jogos não são muito bons, começamos logo por aí. Certo, se tiverem uma ligeira
fome por RPG tácticos e já acabaram o Disgaea 5 é um bom entretém, mas é tipo a
comida chinesa, enche e ficam com fome rapidamente.
O enredo é do mais básico que há, servindo como desculpa para ligar os vários
cenários e começar uma luta. Jogaram o primeiro, jogaram os outros dois e vão
deixar de querer saber que reino invade o outro e vice-versa. As personagens
não escapam ao mesmo destino e desaparecem na história de tão não-memoráveis
que são, servindo apenas para usarem a respectiva Classe. Mas ei, saltar os
diálogos é sempre uma opção se só quiserem andar à tareia.
Apesar de os combates não brilharem, são competentes e servem o seu propósito. À
medida que o jogo avança vão recrutando várias personagens, com várias Classes,
que poderão usar nas batalhas. Se jogaram Final Fantasy Tactics ou Tactics Ogre
então sabem como a coisa funciona. Posicionam os combatentes na parte inicial
do mapa, escolhem os inimigos e só param na vitória – ou na derrota. Agora, há
uns detalhes interessantes como a equipa começar com zero Mana e ir aumentando
a cada turno. O que quer dizer? Quer dizer que não vão começar um combate e
dizimar logo o adversário, mas terão de ir aquecendo. Assim até estão em pé de
igualdade. Defeito ou não, até gostei desta medida porque nos deixa algo
ansiosos e obriga a uma melhor estratégia. Outra mecânica nova é o “aggro”
(agressividade) que faz com que um membro da equipa se torne alvo dos inimigos conforme
os ataques utilizados.
Terminado
o combate, depois de terem sido atribuídos os pontos da batalha e subido de
nível, podem aceder a um menu de personalização onde equipam as personagens, visitam
lojas ou aprendem habilidades. Não é muito difícil de perceber esta secção e
após algumas visitas torna-se intuitivo personalizar a personagem.
Aumentar
de nível é obrigatório porque o jogo tem uns picos de dificuldade ridículos que
vos farão perder tempo em grind. Há algumas missões secundárias para fazer, mas
aquela a repetição de mapas genéricos, apenas com alguns tesouros novos,
afasta-me. E se começo a fazer algo por obrigação é meio caminho andado para
apagar o jogo da consola e nunca mais olhar para ele.
Se
saltarmos estes detalhes, não há muito por onde se pegar. O jogo é uma confusão
técnica e precisava de estar mais tempo no forno – os três jogos! Como foram
lançados em telemóveis, o ecrã minúsculo era mais do que perfeito, mas numa
consola com um ecrã maior, é simplesmente um insulto lançar como está. A acção
decorre no meio do ecrã e o resto está preenchido com cores para encher
chouriços. Agora imaginem em Docked… Além disso, este port foi pegar e largar.
Os controlos são atrozes. Nem menciono o facto de não usarem controlos tácteis
que seriam uma bênção para o género de jogo. Usar os analógicos é uma
penitência e igual a zero, usar os direcionais é a única solução, mas passamos
mais tempo a lutar contra eles do que a jogar. Se desse para virar o mapa e
alternar entre vários modos de vista até ignorava, mas nem isso implementaram.
Não houve um refinamento ou cuidado ou aprumo.
E isto
também se aplica aos gráficos e som. A música tem uns loops estranhos que estão
sempre a repetir. Se a batalha se prolongar, e vai, vão ouvir o mesmo uma e
outra vez até a música se transformar em ruido de fundo. Os gráficos, como
falámos em cima, são minúsculos naquele ecrã central, genéricos porque se viram
um mapa, já viram os outros. Apenas destaco positivamente os ícones dos
diálogos porque é só assim que conseguimos distinguir as personagens.
Para
concluir, o jogo (os jogos) não são muito bons. Servem um propósito de terem
mais RPG tácticos, que eu adoro, mas podiam ser melhores. Se ainda assim
quiserem arriscar, o preço até está em conta. Se ainda assim quiserem enfrentar
a repetição, os picos de dificuldade e o grind, então força. Foram avisados
aqui. Dá a sensação de que a CIRCLE Entertainment despejou os jogos na Nintendo
Switch para ganhar uns euros fáceis, se lançassem um de cada vez a um preço
modesto ainda via razão para jogar o mesmo jogo três vezes ao longo de meses.
Assim não, assim não.