Layers of Fear: Legacy


Atmosfera, atmosfera e atmosfera. Um bom jogo de terror não vive só de jump scares. A atmosfera e todo o ambiente tem de ser perfeito para uma pessoa se sentir desconfortável, estranha e querer estar em todo o lado menos ali.

Layers of Fear: Legacy tem de tudo um pouco: os jump scares, o ambiente opressivo e aquele eco de que raio se passa proferido por mim várias vezes.

Comecemos pelas apresentações. O jogo saiu em 2016, mas só em 2018 é que a Bloober Team o trouxe para a Nintendo Switch. Não foi um port preguiçoso, mas algo trabalhado que deu uso ao movimento dos Joy-Com, HD Rumble, ecrã táctil e incluiu o DLC Inheritance.

O jogo é um walking simulator e eu tenho um grande problema com o género por achá-los tão aborrecidos porque não se faz nada. São quase como uma visita guiada onde andamos uns passos e ouvimos o guia. Na verdade, é exactamente isto o que acontece, mas eu joguei os jogos errados, parece-me. Layers of Fear é um para arranca com alguns puzzles, mas é capaz de nos manter colados até ao fim.


A narrativa coloca-nos na pele de um pintor que regressa a casa depois de algo ter acontecido (não posso dizer o quê porque vão descobrir ao longo do jogo). Ao longo dos seis capítulos iremos percorrer a nossa mansão vitoriana enquanto recordamos o que por lá se passou. E nada de bom aconteceu lá. A arte tem um grande papel no enredo, com um grande foco na pintura e na música. Os temas da deterioração e do perfeccionismo são recorrentes. A insanidade e o isolamento são o reverso desta moeda.

Não consigo explicar bem o que se passou comigo neste jogo, mas senti-me várias vezes incomodado. Não o digo como característica negativa, mas houve alturas em que tive de desligar para fazer outras coisas. Eu adoro jogos de terror e ultimamente estes não têm sido bons ou porque enveredaram pela acção ou porque usam truques básicos para assustar. Layers não se escapa sem uns sustos fáceis, mas o grosso do jogo passa por mexer com a cabeça. Os visuais e o som estão no ponto e esta combinação resulta numa experiência tétrica. Ouçam, eu gostava de descrever o que aconteceu durante o jogo, mas se desse um exemplo sequer já estava a estragar. Apenas deixo um conselho: não confiem muito nos sentidos porque não serão úteis.


O mau disto é que visto uma vez já fica visto. O jogo chama para ser jogado mais duas vezes para terem o bolo da história completa, mas a experiência já não será a mesma. Aposto que será algo repetitiva com algumas diferenças. Se amarem a história então acabará por compensar, caso contrário podem lê-la na Internet.

O conteúdo adicional expande a narrativa do pintor, mas dá-nos uns olhos novos. Gostei mais desta personagem e de como interagia com o cenário.

Os gráficos não eram nada por aí além e eram bastante repetitivos, mas cumpriam o seu dever. Já o departamento sonoro era um mimo. Podiam jogar com auscultadores como recomendado, mas não era obrigatório. As vozes, os sussurros, as coisas a acontecerem no fundo da cabeça, sei lá.


Não vou dar nota máxima ao jogo porque tive alguns problemas técnicos e talvez decidam que a culpa é minha – sem quaisquer problemas. Achei chato ter de abrir todas as gavetas, todas as portas para não encontrar nada. A personagem é lenta e usar os movimentos resultava numa dança contra a estante. Tive um bug onde caí dentro do cenário, mas nada que um reset não resolvesse.

Quase tudo dito. Joguei em modo portátil e em Docked. Em nenhum modo a experiência foi inferior. É um jogo recomendado e que as portas do Terror continuem abertas na consola da Nintendo. Mas olhem, se jogarem em público, tenham cuidado se saltarem no lugar.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Bloober Team

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