Devil May Cry HD Collection
Com o seu primeiro título lançado em 2001, Devil May Cry foi uma das séries mais marcantes da geração da PlayStation 2. Criado por Hideki Kamiya, o que começou por ser um projeto para o Resident Evil 4 acabou por encontrar o seu caminho na inspiração pel'A Divina Comédia de Dante e, assim, dar origem a um estilo próprio dentro do género de jogos de ação.
Após o lançamento de Devil May Cry 4 na PlayStation 3, a Capcom aproveitou a então popular vaga de "versões HD" para relançar os três primeiros jogos sob a forma de Devil May Cry HD Collection, a mesma que agora chega à PlayStation 4.
Pelo menos escreveram "2018" no Copyright! |
A partir do menu principal, é possível escolher e jogar qualquer um dos três jogos. O melhor desta edição é que nos permite observar o quanto a série, sem ter saído da PS2, conseguiu evoluir brutalmente. O pior... bem, é mesmo que estas adaptações não ofereceram a melhoria que cada um deles necessitava, principalmente o título que deu origem à série.
Devil May Cry está horrivelmente datado e merecia um remake profundo, com jogabilidade modernizada. Consegue-se perceber a origem baseada em Resident Evil, mas também a procura de um novo caminho com sequências de ação bastante empolgantes apesar dos movimentos limitados da personagem. A câmara fixa é um grande problema, afetando a jogabilidade de forma desconcertante, quer por deixar inimigos fora do campo de visão, quer pelas transições entre perspetivas que não são nada amigas do comando analógico. Foi um bom jogo para o seu tempo, sim, mas estes 17 anos não foram nada simpáticos para o seu envelhecimento. Mesmo remasterizados, os cenários são básicos, com texturas sujas e os menus, inalterados, são horrendos.
Devil May Cry 2, originalmente lançado em 2003, ofereceu um enorme salto qualitativo e um passo firme no caminho que a série traçou para os jogos de ação subsequentes. Tanto a jogabilidade como os cenários são muito mais interessantes, com movimentos rápidos e melhores sequências de combos. Infelizmente, a qualidade técnica não foi acompanhada pela criatividade (talvez pela mudança de diretor) e o jogo acaba por se revelar repetitivo. Os gráficos têm um aspeto datado, mesmo nesta versão "HD", mas também não ferem a vista, desde que não tentem abrir os menus. Agora o repetitivo sou eu, mas não há volta a dar.
Devil May Cry 3 foi lançado originalmente em 2005 e é um caso curioso pois, na realidade, é uma prequela do primeiro título. Com um grafismo tremendamente superior ao dos jogos anteriores, já apresenta um aspeto bem mais moderno e quase nem parece ter sido feito para a mesma consola. Nesta versão, a imagem parece a de um título inicial de PS3, o que é uma grande melhoria mas continua a não parecer muito "HD". O melhor, no entanto, é a jogabilidade extremamente rápida e fluída! No mesmo ano, a Sony lançaria God of War e, neste título, a Capcom exibia toda a sua experiência acumulada dentro do género "hack and slash". Facilmente, o melhor jogo dos 3 e o que mais vale a pena jogar.
Esta coleção não faz justiça, de todo, ao legado criado pelos três primeiros títulos da saga. Se pensarmos bem, não faz sequer sentido ter deixado de parte o Devil May Cry 4 (PS3) para uma coleção completa da série original antes do reboot ocidentalizado que fizeram com DmC: Devil May Cry em 2013. Para ser justo, também é verdade que estas três versões oferecem a melhor qualidade de imagem possível para se jogar estes clássicos de PS2. Com um preço de lançamento bastante acessível, é uma boa oportunidade de reviver ou ficar a conhecer estes jogos, sem os quais não estaríamos hoje a apreciar obras como Bayonetta 2, o mais recente de uma saga no mesmo estilo e também iniciada por Hideki Kamiya. Mas preparem-se para uma experiência que de "HD" não terá muito.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Ecoplay.