Surviving Mars


Colonizar Marte, afinal, não é assim tão simples quanto se poderia pensar. É evidente, sim, mas foi o pensamento que me ocorreu no final da minha primeira sessão de jogo com este Surviving Mars, já sem orçamento e depois de todos os colonos se terem suicidado ou morrido asfixiados. Oops, então é nisto tudo que o Elon Musk tem de pensar para levar o seu plano adiante!

Este é o novo jogo da Paradox Interactive, a mesma companhia que nos trouxe fantásticos jogos de estratégia como Cities: Skylines e Stellaris. Aliás, Surviving Mars bem que poderia ser o filho de ambos, já que nos leva a construir a primeira colónia em Marte... e fazer com que a mesma sobreviva. Sim, é um "Sim City" em Marte mas, mais do que planear o ordenamento do território, teremos de nos preocupar com a recolha e gestão de recursos, já para não falar no bem estar dos colonos.


Ao começar uma nova aventura interplanetária, temos a possibilidade de escolher um "Easy Start" com parâmetros bem relaxados na dificuldade ou começar normalmente com uma série de parâmetros como o grau de financiamento, a história da missão, etc., até ao local de Marte onde nos queremos estabelecer. Há alguns locais pré determinados com critérios bem definidos de recursos e desastres naturais, mas somos livres de escolher qualquer ponto do planeta ao nosso critério.

Aterrando o primeiro foguetão, damos oficialmente início à missão. A carga inicial contém alguns drones e os materiais necessários para começar a recolher os recursos naturais do planeta que nos permitirão construir a colónia. Logo à partida há imenso para fazer: colocar fontes de alimentação, fábricas de extração de cimento e ligar tudo com cabos elétricos, apenas para começar. Antes de poder receber o primeiro humano, a colónia irá precisar de elementos básicos como água e oxigénio. Convém assegurar que a produção será superior ao consumo feito pelos colonos, mas é também importante armazenar os excedentes para quando vierem períodos de necessidade, pois estes virão.

Eventualmente chegamos a um ponto em que não conseguiremos evoluir sem mão-de-obra humana. Está na altura de receber o primeiro grupo, os pioneiros, os grandes aventureiros que confiam a sua vida na nossa capacidade de gestão e planeamento! Construindo a primeira cúpula, poderemos agora acolher humanos no seu interior, mas teremos de lhes conceder elementos básicos como habitação, comida e algum conforto. Ao recrutar humanos, podemos escolher as caraterísticas de personalidade que desejamos e as que queremos evitar. Vamos querer "workaholics" ou preguiçosos? Pessoas sexy ou nerds? Claro que, para as pessoas quererem ir para Marte, precisam de um bom incentivo. Como vai a vida na colónia?


A vida em Marte não é fácil. Uma tempestade de areia irá desligar os painéis solares e desgastar tremendamente os materiais. Uma cúpula sem energia rapidamente sucumbirá ao frio e matar os seus habitantes de hipotermia. E se falha um cano de abastecimento de água ou oxigénio? Pobres colonos. Ninguém pensa no entretenimento? Tal como na Terra, humanos que só trabalhem irão acabar deprimidos e pouco produtivos, por isso há que os manter entretidos e não abusar das horas extraordinárias. Ah, bons tempos em que só havia drones no planeta a trabalhar sem reclamar.

A grande questão neste jogo é mesmo a gestão de recursos. Estaremos a produzir em quantidade suficiente? Antes de partir para o próximo avanço tecnológico, construir o próximo equipamento ou recrutar mais colonos, é fundamental avaliar se temos o suporte necessário para sustentar a vida no planeta, pois uma avaria poderá ser letal e, sem os recursos essenciais, colocar a colónia numa perigosa espiral descendente. É tão fácil acontecer um imprevisto num planeta que se encontra tão perto da cintura de asteróides... o melhor é estar preparado.

Uma componente fundamental do jogo que ainda não mencionei é a pesquisa científica, com a qual poderemos fazer a tecnologia evoluir e assim, trazer o progresso à civilização. A investigação cobre todas as áreas do jogo, desde as capacidades dos drones e novos edifícios de produção de recursos até à educação e especialização dos colonos para maior eficiência no trabalho.

E os mistérios de Marte? Não seria um jogo de ficção científica se não desse largas à imaginação!

Uma das minhas primeiras colónias, no modo de fotografia.
Fiel ao género em que se insere, Surviving Mars não é um jogo para jogar "cinco minutos", mas facilmente uma sessão de 4 horas passa como se de apenas 5 minutos se tivesse tratado. Ajuda a jogabilidade viciante, as constantes preocupações a ter com tudo o que se passa na colónia, o grafismo adorável e a fantástica banda sonora. As músicas do jogo são tudo o que podemos esperar de uma aventura épica no espaço! O grafismo tem algo de retro-futurista que não sei explicar mas é fascinante e, tal como acontece em Cities: Skylines, permite-nos fazer zoom até ao nível dos trabalhadores e drones na sua lufa-lufa.

Para além do essencial, o jogo traz alguns extras bem interessantes, como o modo de fotografia. Com este, será possível escolher ângulos de câmara e todo o tipo de efeitos de lente para retratar a nossa colónia. Além disso, logo de raiz, o jogo vem preparado para receber "mods" criadas pelos utilizadores e até traz uma ferramenta para criação das mesmas. Será muito curioso ver o que irão os outros jogadores acrescentar a este título através da Steam Workshop! Lancem lá uma para termos fundos ilimitados, por favor, que nesta versão de análise não houve acesso a batotas. O jogo oferece imensos graus de dificuldade, mas mesmo o chamado "Very Easy" não será tarefa fácil.


Inspirado, viciante e lançado numa altura oportuna, Surviving Mars é um óptimo jogo de estratégia, feito a pensar em todos aqueles que ficaram fascinados com a imagem do Tesla de Elon Musk a vaguear pelo espaço. Agora, colonizar Marte está nas mãos de qualquer um, embora rapidamente todos fiquem a perceber que não é tarefa fácil. Se apreciam o género e a temática, preparem-se para dedicar muitas dezenas de horas ao planeta vermelho. Para mim, um forte candidato a favorito do ano.
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código disponibilizado para o PC via Steam, gentilmente cedido pela Paradox Interactive.

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