Metal Gear Solid: Master Collection Vol.1


Se há obra que dispensa quaisquer apresentações é Metal Gear Solid. O filho prodígio de Hideo Kojima, série que foi evoluindo à medida que o próprio Kojima ia refinando a sua visão como autor, com resultados que vemos atualmente em grandes jogos como Death Stranding. Lembro-me perfeitamente de ver (por várias vezes) o trailer de apresentação de Metal Gear Solid na PlayStation, com visuais incríveis e um estilo de jogo bem diferente do que estava habituado, com foco em stealth e menos na ação. Esse, tal como os segundo e terceiro jogos da saga estão de volta numa coletânea para as plataformas atuais, juntamente com alguns extra!


Há muito que era pedido, a possibilidade de poder jogar os antigos Metal Gear Solid com algumas melhorias, até porque, mesmo sendo jogos incríveis no seu lançamento, hoje em dia já têm algumas coisas datadas e a precisar de um certo melhoramento, típico de muitos dos remasters que por aí encontramos. Pedido feito, resposta dada pela Konami através de Metal Gear Solid: Master Collection Vol.1 e, logo aqui, temos logo a dica que será a primeira de mais coletâneas.

À nossa espera temos os primeiros 3 jogos da série, o icónico Metal Gear Solid originalmente lançado na PlayStation, o Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty e Metal Gear Solid 3: Snake Eater, jogos já da PlayStation 2. Todos eles trazem alguns extras como manuais digitais ou ainda diferentes versões dos mesmos jogos, como é o caso do primeiro que inclui as VR Missions/Special Missions e versões de jogo com algumas diferentes pouco ou nada significativas, mas é bom ter esta escolha. Ainda como bónus temos incluídos, também, os jogos Metal Gear e Metal Gear 2: Solid Snake, clássicos da MSX2, um computador pessoal pouco (ou nada) conhecido cá, mas, pensem num Spectrum ZX e é algo assim parecido.


O primeiro Metal Gear Solid ainda é um jogo que merece ser jogado por qualquer fã de videojogos, mesmo aqueles que têm alguma dificuldade com jogos do género, pois o jogo vem equipado com diferentes níveis de dificuldade a pensar em todos. É um jogo com um foco enorme na narrativa, explorando uma base militar nos confins do Alasca enquanto tentamos prevenir o lançamento de bombas nucleares cujo alvo são os Estados Unidos da América. História que ainda hoje é relevante, a guerra continua a ser uma constante desde o lançamento deste jogo em 1998 e o modo como a caracterizam aqui é impressionante, conseguindo juntar momentos de tensão com outros mais pacatos num espaço de horas.

Segue-se de Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty, aquele que ainda é o meu jogo favorito da série, sabendo que criou muita divisão entre os fãs na altura, pois o protagonismo vai todo para Raiden e não Solid Snake. A história é incrível, a sensação de aventura é tal e qual o primeiro jogo, explorando uma base militar (no meio do mar) às escondidas com uma missão bem clara: salvar o mundo. Um jogo que aumentou em muito aquilo que podemos fazer, mais e melhores coisas para sermos furtivos e um arsenal de armas ainda mais extenso para a nossa missão. É também um jogo em que eu passo facilmente dezenas de horas a colecionar dog-tags dos adversários, excelente para o meu vício de colecionar, péssimo quando me tenho de me focar no jogo.


Por último surge Metal Gear Solid 3: Snake Eater, um jogo que vai ainda mais além do que o segundo jogo nos trouxe, com um foco ainda maior na narrativa e um storytelling incrível que nos faz envolver com todas as personagens ali presentes. Voltamos a jogar como Snake e enfrentamos uma história mais relevante para o nosso protagonista do que propriamente para o mundo, embora também tenhamos de preservar a sua frágil paz, descrição esta que deixo assim que incógnita, pois não quero dar spoilers a ninguém, nunca se sabe se existem aqueles que o vão jogar pela primeira vez e, ao nível de surpresas, este é uma história incrível se jogarem mal terminarem os anteriores. Jogo este que mudou muito a jogabilidade para aquilo que estamos habituados na série agora, descartando a visão tradicional vista de “cima” para uma câmara mais típica de jogos de ação, totalmente em 3D. Uma mudança que na altura não gostei, embora me tenha habituado rapidamente.


Enquanto as três obras continuam incríveis, o seu tratamento já deixa muito a desejar. Aliás, mesmo que tenha o nome “Master Collection” esta coletânea é praticamente o relançamento da HD Collection com algumas diferenças, como é o caso do primeiro jogo da série estar aqui presente, até porque os loadings ainda mantêm o nome da coleção original. O mais grave, talvez, foi o tratamento dado a Metal Gear Solid, que mantém o aspecto do jogo original em 4 por 3, totalmente pixelizado, pois nem um simples upscale teve e, ainda, correr no framerate original. Já o segundo e terceiro jogo estão bastante “limpos”, fluídos e com uma resolução HD, mas sem 4K que estamos habituados a ter, hoje em dia.

O que é pena, muita pena mesmo, esta coleção merecia o mesmo carinho e atenção que outras trilogias de clássicos como é o caso de Tomb Raider I-III Remastered, sem ser preciso a brincadeira de mudar instantaneamente o aspeto entre o jogo clássico e o remasterizado, mas outras coisas como uma atualização dos visuais no primeiro jogo, nem que fosse um simples upscale e melhoria do framerate, já era muito bom. Ainda assim recomendo esta coleção, mais pelas obras originais do que o tratamento que receberam e, também, por vir artilhada de conteúdo adicilonais repletos de ilustrações da série, banda sonora e outros conteúdos adicionais.


Continuo a achar incríveis muitas das “brincadeiras” que Kojima implementou nos jogos, dos puzzles que pensam completamente “fora da caixa” e na altura deixaram-me a pensar o quão geniais eram. Pequenas grandes coisas que se tornaram num dos pilares da série e, acima de tudo, naquilo que Kojima traz aos seus jogos e nos fazem pensar o que raio vai ele inventar de seguida. Fico também a aguardar pelo Volume 2 desta coleção, até porque Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots continua preso na PlayStation 3 e merecia ser jogado por muita mais gente.

Nota: Análise efetuada com base no jogo para a PlayStation 5, gentilmente cedido pela Konami / Keymailer.

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