Pepper Grinder
Cada vez mais vemos jogos a serem lançados e que são obra de praticamente um único desenvolvedor. É o caso de Pepper Grinder que foi criado por Riv at Ahr Ech, publicado pela Devolver Digital e que nos dá a conhecer Pepper, uma aventureira irreverente de cabelo azul que assim que se apanha com uma broca na mão se faz ao caminho da descoberta de tesouros e de novas aventuras.
Pepper Grinder é uma proposta diferente da tradicional abordagem aos jogos de plataformas 2D e que tem como mecânica principal o uso de uma broca que nos faz avançar pelos vários níveis perfurando a terra que nos vai aparecendo pela frente. Além disso, a broca é mesmo "pau para toda a obra", basta para isso acoplarmos variados itens tais como chaves ou metralhadoras e até mesmo inserir a broca em motores para subirmos ou descermos de elevadores, andar de mota ou limpar tudo e todos operando um mech.
Apesar desta panóplia de utensílios, a maior parte do tempo é passado a perfurar o terreno e a saltar de porção de terra em porção de terra e todo este processo é até fácil de apanhar à primeira, mas a arte de o dominar requer um pouco mais de destreza do jogador. Quando esse domínio começa a aparecer e o ritmo e cadência de jogo se começa a entranhar em nós é quando Pepper Grinder começa a brilhar em todo o seu esplendor.
Nota-se claramente que o intuito do seu criador, mais do que apresentar uma narrativa, era de banhar o jogador com mecânicas e desafios ambientais que se entrosassem bem uns com os outros. Uma ideia que passou na perfeição do papel para os bits e que apresentam desafio ao jogador, mas sempre num contexto casual e apenas revelando-se um pouco frustrante a espaços.
Os tradicionais bosses neste tipo de jogos obviamente que fazem a sua aparição no final de cada mapa (que contêm mais ou menos 5 níveis em cada um), todos eles diferentes, originais e todos os encontros têm a sua própria mecânica e desafio.
A estrutura dos mapas faz lembrar um pouco o mítico Super Mario World e afins. Esta inspiração vai mais além do que a apresentação visual, pois no final de cada nível que temos a içar uma bandeirinha. Uma bela homenagem ao clássico dos clássicos.
A estrutura dos mapas faz lembrar um pouco o mítico Super Mario World e afins. Esta inspiração vai mais além do que a apresentação visual, pois no final de cada nível que temos a içar uma bandeirinha. Uma bela homenagem ao clássico dos clássicos.
Se tivemos direito a certos pormenores que fazem lembrar a era dourada dos 16 bits da Nintendo, também a concorrência da altura teve direito a ser inspiração. Tal como o desenvolvedor Riv at Ahr Ech confessou publicamente, Ecco The Dolphin da SEGA serviu muito de inspiração no que tocou à criação de certos movimentos da personagem, estruturação e design de níveis e isso fica patente desde o princípio até ao fim.
A pixel art está muito bem trabalhada e bastante coerente ao longo de todo o jogo embora em certos biomas ou instâncias se torne um pouco vazia e nada vibrante no que toca aos cenários que servem de pano de fundo, o que contrasta um pouco com toda a temática do jogo.
A banda sonora exulta irreverência e acompanha na perfeição toda a nossa viagem neste jogo. Com muita batida Drum and bass misturada com vários outros géneros musicais, foi compra obrigatória para mim logo após a conclusão do jogo.
Encaixando perfeitamente na categoria "jogo para usufruir numa Steam Deck ou numa Nintendo Switch", Pepper Grinder é o exemplo perfeito de que tudo o que é bom acaba depressa. Ainda que tenha uma existência curta, enche a sua própria efemeridade com energia, algum desafio e muito charme. A banda sonora é fantástica e a pixel art competente mas é na sua jogabilidade que está o seu principal cartão de visita e onde alguma destreza de dedos poderá poupar o jogador de alguma frustração, mas nada que possa afastar até o mais casual dos jogadores.
Quem for fã de jogos de plataformas 2D certamente irá apreciar esta proposta cativante e diferente feita apenas por uma pessoa.