Lisboa Games Week: Portugal tem Talento


Há dois anos que acompanhamos o programa PlayStation Talents que, na primeira edição, premiou o Strikers Edge da Fun Punch Games e, na segunda, o VRock da Game Studio 78. Com este programa, a PlayStation procura descobrir talentos nacionais, financiando os vencedores de forma a que possam publicar o seu título na PlayStation 4. Aproxima-se a terceira edição e, após o anúncio dos 10 finalistas em Outubro, foi a vez de apresentar os seus trabalhos na Lisboa Games Week.

Por falar nisso, o Strikers Edge está pronto e em vias de ser publicado no início de 2018. Na Lisboa Games Week, tiveram direito a destaque no stand da PlayStation mesmo ao lado de jogos AAA de outras editoras, e mesmo assim eram dos mais concorridos. Estes tipos estão a viver o sonho, por isso deixamo-vos com o trailer mais recente enquanto aguardamos por novidades.


Este ano, a Lisboa Games Week cresceu a olhos vistos e, com ela, a visibilidade dos criadores de jogos indie nacionais e internacionais. Basta uma visita ao Indie Dome para constatar a qualidade da oferta que existe no mercado indie, embora muitas vezes uma pesquisa pelo Steam não nos permita separar facilmente o trigo do joio. A área do evento dedicada ao PlayStation Talents era um ponto de visita obrigatório onde os visitantes tinham uma oportunidade única de jogar algo em primeira mão: pelo menos um daqueles 10 jogos sairá um dia na PlayStation 4.

Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e entrevistar muitos dos criadores destes títulos. Foi interessante conversar com eles e perceber os diferentes backgrounds. Muitos são ainda estudantes, outros acabaram recentemente o curso, alguns já trabalham. Em comum, o sonho de criar videojogos e a insegurança de estar ou não à altura do prémio. Quem não gostaria de ver o seu projeto ser financiado? Caros investidores, olhem para estas equipas, pois seria um desperdício de talento deixá-los ser absorvidos pela "máquina"... Não é fácil ter um emprego para sustentar um sonho.

Da minha visita ao espaço, retive alguns jogos que captaram a minha atenção por diversos motivos. Vou falar desses, mas sem qualquer ordem de preferência.


HoverShock da Can Play é um daqueles jogos que captam imediatamente a nossa atenção. Vejam o trailer acima e percebem logo porquê! O jogo estava a ser demonstrado no modo para 4 jogadores em split-screen (que o trailer não mostra mas podem ver aqui) e não faltou quem o quisesse jogar. Basicamente é um jogo onde pilotamos drones de combate, com um grafismo cel-shaded e cores vibrantes. Rápido, fluido e divertido. Saiu da LGW com o prémio de melhor jogo indie nacional e era, realmente, um concorrente de peso.


O Out of Line é um jogo fora de série que já tinha tido o prazer de experimentar por ocasião de uma apresentação de jogos dos alunos da ETIC, onde conquistaram o prémio de "melhor jogo do ano". Na altura gostei bastante do jogo, mas a maior surpresa foi chegar à LGW e encontrar uma demo completamente nova. Se a primeira era mais focada nas sequências de plataformas, aqui tive de resolver uma sequência de puzzles que envolveu prestar bastante atenção ao ambiente. O mais interessante do jogo é ter como mecânica principal uma única lança que o personagem pode atirar e chamar de volta conforme lhe apetecer. Uma mecânica simples mas com imensas possibilidades de interação que a equipa parece empenhada em explorar.

Não posso deixar de destacar a arte do jogo, que me cativou desde o dia em que o Meus Jogos recebeu no e-mail a primeira press release sobre o Out of Line. Um estilo desenhado à mão com cores industriais, melancólico até. Funciona na perfeição com o conceito do jogo, pois o pequeno San é um boneco de testes de segurança que acordou numa linha de montagem sem saber porque é diferente dos restantes. E já disse que a banda sonora se adequa perfeitamente a este ambiente? Vejo aqui imenso potencial para um grande jogo!


Já o Bifrost Spire deixou-me algo dividido. Este é um twin-stick shooter para até 4 jogadores com uma jogabilidade intensa, controlos precisos e já bem trabalhados. No entanto, a componente artística ainda deixa bastante a desejar. No caso da demo que experimentei, por exemplo, era difícil distinguir os disparos dos inimigos do restante cenário. Ainda assim diverti-me bastante com o jogo, já com uma boa diversidade de armas e um verdadeiro "bullet hell" dos inimigos. Boa música de ambiente para ajudar.


O Obscuria surpreendeu pela longevidade da demo, com um nível completo e ainda dois bosses para experimentar. Aqui somos uma bola preta que se desloca pelo meio das trevas em busca de luz. Além de contornar os labirintos e escapar às armadilhas, também há inimigos para derrotar e bosses colossais que, sozinhos, valem por um nível. É suposto ser um jogo para jogar tranquilamente, o que nunca liga bem com estes eventos (onde a poucos metros se ouve bem alto o trailer do novo God of War), mas gostei bastante do ambiente criado. A premissa é boa, estou curioso para saber como será introduzida aqui alguma narrativa.


Finalmente, quero destacar também o Nameko. O jogo da Green Kiwi Studios está a ser desenvolvido com um estilo cel-shaded que remete um pouco para o Jet Set Radio e promete bastante ação. Ainda é preciso afinar a jogabilidade, nesta versão, mas no futuro há potencial para uma boa mecânica de jogo, um pouco ao estilo de Bayonetta / Devil May Cry. Este jogo pede fluidez e rapidez para fazer justiça ao seu grande estilo - estou confiante de que a equipa ainda nos virá a surpreender com o resultado final. Até já estão a pensar numa integração com o PlayLink da PS4!

Em janeiro, estes e outros 5 jogos irão disputar o prémio PlayStation Talents pela oportunidade de financiamento da parte da PlayStation. Os restantes terão de procurar outras vias de financiamento para seguir o sonho, mas espero muito sinceramente que não desistam. Há aqui muito talento, sem dúvida, mas há principalmente uma grande paixão pelo que estão a fazer.

Boa sorte a todos!

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