Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte (PC)

Desde a sua estreia em 2002, a franquia "Ratchet & Clank" tem sido aclamada por entusiastas de jogos de ação e plataforma. Em 2021, a Insomniac Games brindou-nos com mais uma emocionante aventura do icônico Lombax e o seu inseparável robot Clank. Com o lançamento de "Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte" a ser exclusivo apenas e só para a PlayStation 5, este jogo serviu como uma espécie de tech demo para demonstrar o poder da nova consola da Sony principalmente ao nível das capacidades do muito publicitado disco SSD modificado que permitiria pela primeira vez num jogo passar instantaneamente de um mundo para outro num piscar de olhos e sem ter de esperar por qualquer tipo de ecrã de carregamento. 

O nosso Telmo Couto fez uma magnífica análise deste mesmo jogo mas na sua versão original da Playstation 5 no dia do seu lançamento. Ficam aqui alguns excertos da mesma (para ler a versão integral o link estará no final deste artigo).

O jogo começa num ambiente misterioso, onde nos é apresentada a Rivet, uma nova personagem da mesma espécie do Ratchet, conhecida como Lombax. Num cenário recheado de robôs, Rivet tenta passar despercebida durante uma missão, mas acaba por sacrificar o seu disfarce para ajudar alguém que se encontra em perigo. Mas o que se passa, pergunta o espectador? Entretanto, num contexto bastante familiar, Ratchet é levado a participar numa gala de celebração dos seus actos heróicos, decorridos há uns anos num jogo anterior. Como recompensa, o seu amigo Clank tem uma surpresa para oferecer: uma máquina que permite viajar entre dimensões, para que possa ir procurar a sua espécie, da qual é o único existente nesta dimensão. Problema: o Nefarious estava atento, mete-se no meio e, com isso, lança o caos entre as várias dimensões.

Antes de mais, há que louvar uma excelente decisão da equipa de desenvolvimento para um jogo onde, frequentemente, se vai alternar entre personagens: ambos partilham os mesmos sets de equipamentos, armas e upgrades. Na prática, em termos de gameplay, não haverá qualquer impacto à medida que se vai avançando na história e trocando entre o Ratchet e a Rivet. Se faz "sentido"? Não. Se alguma vez é explicado? Também não. Se é a melhor decisão que podiam ter tomado? Sem dúvida! Do princípio ao fim do jogo, o tempo investido em ambas as personagens acaba por ser equivalente, mas ter de gerir o inventário de cada uma teria sido potencialmente frustrante. Desta forma, a história avança de forma fluída, sem causar qualquer impacto em termos de jogabilidade.

Acima de tudo, é um jogo realmente divertido, acompanhado de uma boa história que irá agradar tanto aos mais pequenos como aos “velhos exploradores”, que já acompanham Ratchet & Clank há quase duas décadas. Para os grandes colecionadores, chegando ao fim da história, o jogo conta com duas úteis opções: continuar a explorar a partir do capítulo anterior, ou começar uma nova jornada do início mantendo todo o equipamento já obtido, mas com inimigos mais desafiantes a acompanhar.

E o que é que nos traz este port para o PC do "Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte"? Basicamente uma passagem a papel químico do que tem sido habitual até agora nos jogos Sony que vão saindo nesta plataforma. 

Mais uma vez temos disponível na versão PC suporte para monitores Ultrawide  nas resoluções de 21:9, 32:9 e tambem 48:9 (de modo a podermos usufruir de um set-up com 3 monitores), total suporte para todo o tipo de tecnologia de aprimoramento de qualidade de imagem tais como o NVIDIA DLSS 3, o AMD FSR 2,o Intel XeSS e também a tecnologia de injeção temporal da Insomniac que permite criar uma imagem 4K sem que sejam criados exatamente todos o pixels em cada frame que aparece de modo a que cada frame apareça o mais rápido possível.

Todas as opções de Ray-tracing estão disponíveis pela primeira vez neste jogo e com uma gama bastante saudável de opções de intensidade. O mesmo acontece em basicamente todas as opções do menu de configuração, quer a nível gráfico, sonoro ou de acessibilidade.

Como não poderia deixar de ser também temos total acesso a todo o potencial do comando Dual Sense no PC desde que ligado ao mesmo através de um cabo USB tal como tem acontecido até agora em outros ports. Temos, obviamente, suporte para teclado e rato cuja integração é bastante boa, mas preferencialmente neste tipo de jogos prefiro usar comando, mais ainda tendo um Dualsense para experienciar o feedback háptico e os gatilhos adaptativos que proporcionam uma igual experiencia à da consola.

Vamos já incidir naquela que foi sempre a maior particularidade deste jogo na PS5, a habilidade de nos podermos teletransportar instantaneamente para outro universo num piscar de olhos sem qualquer tipo de espera. Acontece também no PC? Bem... sim mas ao mesmo tempo nem por isso. Não são assim tão raras as vezes onde - mesmo tendo um SSD rápido - tenhamos que assistir a uma pequena espera quase que aleatória, aqui e ali, no momento em que passamos pelos portais, que até é disfarçada muitas vezes pelo movimento do Ratchet. Verdade que quem nunca jogou na PS5 quase que não vai sentir a diferença se tiver um bom SSD ou uma boa máquina, mas quem jogou a versão PS5 vai notar que a experiência por vezes não é tão imaculada como na consola. Falo disto porque foi na altura do lançamento na Playstation uma característica muito publicitada e também agora com o lançamento no PC o tema tem sido muito debatido. Não é algo que quebre completamente a imersão mas é aquela pequena inconveniência que quando se dá por ela, nunca mais se deixa de notar. Fica a pequena curiosidade de que se é possível recriar minimamente esta característica no PC, devemos isso à tecnologia Direct Storage.. da Microsoft!

Algo que também sempre foi uma constante durante o meu tempo com este jogo no PC foram os carregamentos de texturas. Muitas vezes havia sempre uma textura ou outra que era carregada com pouca qualidade, ou pelo menos com menos qualidade do que aquela que seria de esperar em relação a tudo o resto. Algo que também sofria de problema semelhante eram as sombras e reflexos principalmente com o RT ligado que por alguma razão estão diferentes do jogo original. Provavelmente serão erros que depressa serão corrigidos num dos primeiros patches que certamente e brevemente aparecerão. 

Sinto que quase me tenho focado nos aspetos menos positivos deste port mas a verdade é que tirando por maiores e pormenores este port está bem feito e milhas acima do que foi o seu antecessor (falo do The Last of Us Parte 1). Bastante suave durante o gameplay muito graças à escala dinâmica de resolução onde podemos fixar o objetivo de atingir sempre que possível nos 60 fps (esta foi a minha escolha), o DLSS ajuda sempre e só o simples facto do jogo não pedir toneladas de VRAM nem crashar constantemente já é por si uma vitória, ainda para mais jogando na predefinição gráfica mais alta permitida.

Este jogo foi jogado num PC com um cpu AMD R5 3600, memória 16GB RAM DDR4 3200mhz, gráfica nVidia RTX 3070 e um disco SSD Western Digital Black SN770.

Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte é lançado no PC com um port bem executado por parte do estúdio Nixxes. Embora tecnicamente bastante sólido não fica livre de bugs ou inconsistências a nível de carregamentos de texturas e transições de mundos que tão suavemente acontecem na PS5 mas pelo menos desta vez os problemas relacionados com o VRAM não assolam a experiencia tal como aconteceu com outros ports o que permite que o tempo passado neste jogo seja mais pacífico.

O jogo em si não sofre nenhuma alteração em relação ao jogo original lançado na PS5. É divertido, sempre frenético em termos de ação e combate, e com uma história que não sendo transcendente, tem um bom ritmo e não deixa que apenas sejam o combate ou o platforming as estrelas da companhia.

À derradeira questão final respondo que se tivesse que escolher entre as duas versões (PS5 ou PC) responderia que preferi a experiência que tive na PS5 porque a mesma foi sublime e isenta de qualquer tipo de problemas. Ressalvo que, no entanto, quem jogar este jogo no PC vai certamente ter uma boa experiencia, ainda para mais quando falamos do primeiro jogo do Ratchet & Clank que temos nesta plataforma.


Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte saiu no dia 26 de julho de 2023 para PC e está disponível na Steam e na Epic Store.

Nota: Análise efetuada com base em código digital do jogo para PC, gentilmente cedido pela SIEE.


Análise Telmo Couto a Ratchet & Clank: Uma dimensão à parte para PS5:
https://www.meusjogos.pt/2021/06/ratchet-clank-uma-dimensao-parte.html

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