Pikmin 4


Bem, como o tempo voa. Recordo-vos do ano de 2015 nos anos da Wii U, com Pikmin 3 lançado 2 anos antes e uma dica que o quarto jogo da série estaria a caminho, aliás, perto de estar terminado! Palavras de Shigeru Miyamoto, o que em retrospectiva poderia estar a falar de Hey! Pikmin mas… esse foi um jogo bem diferente, não era o quarto jogo que tanto aguardava. Desde então ficou aquela dúvida e, com o lançamento da Nintendo Switch ficava a dúvida, afinal, quando é que seria lançado o quarto jogo? Esta espera termina agora, com Pikmin 4 a ser finalmente lançado!

Somos recebidos por Olimar, que após um pequeno resumo da sua mais recente aventura se vê num ambiente para ele completamente alienígena e, para nós, uma casa completamente banal. Como sempre Olimar está acompanhado pelos curiosos Pikmin, que o ajudam a enfrentar diferentes obstáculos que vai encontrando pelo caminho. Está também acompanhado por um curioso animal, semelhante a um cão, que o auxilia com o que for preciso. É uma introdução breve, que nos ajuda a explicar os controlos principais do jogo para nos habituarmos ao jogo.

A aventura começa verdadeiramente quando o Capitão Olimar emite um pedido de socorro, alertando a equipa de socorro que… bem… tem de fazer uma aterragem de emergência e acaba também por precisar de auxílio. Aqui entramos nós, um novato dessa equipa de resgate que parte também para o longínquo planeta, que agora tem como missão resgatar Olimar, a equipa de socorro e toda uma quantidade de diferentes exploradores, cientistas ou simplesmente curiosos. Pela primeira vez criamos a nossa personagem, que infelizmente deixa algo a desejar por não haver propriamente uma boa quantidade de diferentes opções. Ou talvez esteja demasiado habituado a RPGs com dezenas de diferentes opções em cada uma das partes. Mas adiante, somos nós o protagonista!


E logo nas primeiras horas de jogo senti algo que me acompanhou a aventura toda, uma forte nostalgia que o jogo nos apresentava, muito porque são muitos, mesmo muitos os objetos apelidados de tesouros que vamos encontrando, artigos diversos da minha infância e adolescência, que via ali à minha frente a serem transportados pelos Pikmin. Estes são itens valiosos, pois possuem uma curiosa energia que “alimentam” a nossa nave, permitindo-nos explorar novas zonas ao atingir certos valores. São frutas, artigos do nosso quotidiano, pequenos produtos eletrónicos, mas foram os artigos mais “vintage” que me deixavam com um sorriso chapado na cara enquanto viajava no tempo para umas décadas atrás no tempo, até mesmo objetos que não me lembrava que existiam.

Mas as aventuras que atravessei neste curioso planeta tinham tanto de fantástico como de perigoso. Há todo um leque de inimigos que nos travam o caminho e colocam a nossa expedição em perigo, criaturas “gigantes” que comem vários Pikmin numa só dentada, os empalam com os seus picos, os esmagam, queimam ou congelam, sendo que numa fase mais avançada do jogo tinha de pensar que Pikmin eram os ideais para enfrentar cada inimigo. Contudo não é um jogo difícil, de todo, por muitos Pikmin que podiam morrer, muitos outros estavam à minha espera na nave, dispostos a serem comandados.

Também temos como companhia o fiel Otchin, um Salvacão semelhante ao que Olimar tinha, que nos transporta a nós e ao exército de Pikmin que nos acompanha, podendo até mesmo controlar em separado, quer para dividir esforços a explorar diferentes partes do mapa ou até mesmo para resolver determinados enigmas. Otchin evolui bastante durante do jogo, cada resgate que concluía resumia-se em pontos que depois pude usar para desbloquear novas habilidades para Otchin, desde escavar, nadar mais rápido, combater melhor ou transportar objetos com uma força equivalente a dezenas de Pikmin. Sendo o nosso …cãopanheiro… é uma ajuda vital em toda a aventura, que me salvou a pele por várias vezes. Também vamos desbloqueando habilidades para a nossa personagem, sejam eles através de itens que enviam os Pikmin perdidos de volta para a base, por exemplo, ou equipamentos que nos permitem resistir melhor nos combates ou quando somos expostos ao fogo, vento ou outros ataques dos inimigos.


Algo que adorei em Pikmin 3 foi como era um jogo que evoluiu bastante face aos anteriores, pegou em todos os conceitos da série e transformou-se num verdadeiro jogo de estratégia, que me recordava dos velhinhos RTS (Real-time strategy games) que jogava no meu computador. Mas Pikmin 4 regressa ao que tínhamos nos primeiros 2, evoluindo para um jogo de aventura onde essencialmente vamos abrindo partes dos mapas, construindo pontes, abrindo portões ou puxamos cordas, entre diversos outros elementos que nos bloqueiam a progressão até termos a solução para eles. E gostei deste formato, bastante até, mesmo que seja um jogo de estratégia mais “simples”, mas bastante mais acessível, que com a possibilidade de poder jogar em português do Brasil pode, quem sabe, ser o primeiro jogo de estratégia para muitos jovens jogadores. Ainda por cima podendo jogar em cooperativo, um segundo jogador pode auxiliar a aventura usando uma mira equipada com diferentes itens.

Tendo acompanhado a série desde o primeiro jogo, na já velhinha Game Cube, gostei de ver vários elementos regressarem, mas muitos deles com um pequeno twist. Do segundo Pikmin, por exemplo, regressam as grutas escuras recheadas de tesouros e perigos, muitas delas com vários subníveis que tornam a exploração mais desafiante, até porque não podemos voltar à nave para voltar a encher a equipa de Pikmin. Desta vez nestas cavernas temos também pessoas a resgatar, muitas vezes presos por detrás de inimigos de maior envergadura, mas poucas foram os combates em que senti que estava, efetivamente, combater contra um boss. De resto a progressão do jogo é em muito semelhante ao resto da série, avançando de mapa em mapa, todos os dias até o sol se pôr, pois é à noite que o perigo espreita… ou melhor, assim era na série, até agora!


Uma das novidades é poder explorar à noite, enfrentando todo um leque de perigos que, na prática, se resumem a um jogo de proteger a nossa base. Aqui não temos à disposição os habituais Pikmin de sempre, mas sim um novo tipo de Pikmin pirilampo que se assemelha a um fantasma, com a incrível habilidade de se teletransportar para o nosso lado assim que tenha concluído a sua tarefa. E… foram em algumas destas missões que senti um tipo de desafio que sentia falta no jogo! Pois temos de estar atentos ao mapa, observar onde estão os inimigos e prevenir que eles se aproximem da nossa base, ou destruir as pequenas bases que desbloqueamos naquele curto espaço de tempo. Como vão em grupo, acaba por ser fácil combater contra eles, exceto quando reparamos a meio de um combate temos um grupo de inimigos noutro lado a destruir uma das nossas bases. Estas explorações noturnas são obrigatórias para a progressão, embora curtas, e foram um desafio interessante que quebrou com a estrutura fixa de aventuras diárias pelos mapas.

Falando em Pikmin recentemente descobertos, uma novidade são os Pikmin gelo, extremamente úteis para congelar inimigos durante uns segundos e, à semelhança dos restantes, também são necessários para resolver alguns enigmas. De regresso temos os Pikmin de jogos anteriores, como não podiam faltar, com as suas características diferentes, vantagens e desvantagens, que nos levam a pensar quais as 3 diferentes cores a levar no grupo, para enfrentar determinadas adversidades, ao que podemos sempre voltar à base para trocar de Pikmin. Se bem que não foi algo que fiz com frequência, até porque o tempo disponível por dia para explorar não era assim tanto, e focava-me apenas em partir numa determinada direção do mapa para tentar apanhar tudo que lá estivesse.

Também de regresso estão os combates entre 2 jogadores, aqui denominados de Dandori Battles onde temos de mostrar a nossa eficácia na arte de apanhar os diversos itens espalhados no mapa, em contrarrelógio, ganhando o jogador que tiver mais pontos. São combates que também temos na aventura principal, aqui contra umas personagens bizarras completamente cobertas de folhas, que embora me tenha divertido nelas mesmo no caos que era por vezes estar a apanhar certos itens, para depois largar tudo pois recebia um alerta que determinado item ou inimigo naquele momento dava o dobro dos pontos. O que não faz muito sentido nestes combates, quando jogava sozinho, é ter na mesma o ecrã dividido com o adversário, reduzindo na área visivel que me interessava, basicamente. Ainda assim nada de muito impeditivo, embora preferisse ver apenas o meu ecrã.


Quer num jogo a dois ou na aventura de um jogador só, encontramos uma performance sólida e constante o jogo todo, sem quebras de fluidez notória e não detectei um único erro visual, quer jogando na TV ou no modo portátil. Visualmente é um jogo rico em detalhe, com pormenores incríveis mesmo atendendo as limitações técnicas da consola, mas com vários truques visuais sentíamos que era, de facto, uma personagem minúscula num jardim onde uma caixa podia ter a dimensão de uma sala, ou pequenas pedras eram na realidade montanhas. Mesmo a nível de controlos jogamos muito bem, embora por vezes me confundisse por não usar o atalho certo para determinado item ou habilidade, não tive motivos de queixa. Podemos até usar os controlos por movimento para apontar enquanto adotamos os Pikmin, mas preferi o sistema mais tradicional, usando os dois analógicos, até porque podia na mesma usar a inclinação do(s) comando(s) para pequenos ajustes enquanto apontava.

Aquilo que mais gostei em Pikmin 4 foi o sentimento de aventura que não sentia na série desde o primeiro jogo, que era completamente novo e não sabia o que esperar. Não há muitas surpresas enquanto exploramos os mapas, estas surgem apenas quando desenterramos um item inesperado que apela à nossa nostalgia, ou através das várias grutas que não sabemos o que esperar quando entramos numa, ou nos diversos subníveis que vamos atravessando. No geral exploração também é palavra-chave, queria sempre tentar explorar o nível ao máximo até o sino tocar, avisando que chegou o pôr-do-sol e tinha de voltar à base imediatamente. A exploração também se torna interessante ao ver que não tinha como apanhar certos itens, ou explorar partes do mapa que não podia aceder por ainda não ter um número de Pikmin o suficiente, que aumenta no decorrer do jogo, ou por não ter os Pikmin certos. Não é, de todo, um jogo que tenha de apanhar tudo, mas foi um jogo que onde queria concluir tudo a 100%, e não deixar nenhum tesouro para trás.


Termina assim uma longa espera desde 2015, Pikmin 4 chega e traz consigo uma aventura única que a série nos habituou. Mesmo sendo o quarto jogo da série (desculpa, Hey! Pikmin, não contas) não é preciso, de todo, jogar os títulos anteriores antes de partir para este, mesmo que a Nintendo Switch os tenha todos disponíveis para jogar. Uma excelente oportunidade de muitos ficarem a conhecer a série, uma espécie de jogo de estratégia que recomendo mesmo aos que não são assim tão experientes no género e, sem dúvida, um título obrigatório para os fãs da série!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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