Yono and the Celestial Elephants


Yono and the Celestial Elephants ou Yono para os amigos é um jogo que inspira, expira e é toda uma respiração de charme. Estamos sempre a ler esta frase, mas o que quer dizer ao certo? Que o jogo tem charme e conquista as pessoas com um simples olhar? Num bar, com umas bebidas e com aquele olhar, talvez uma pessoa consiga captar a outra, mas num jogo – neste jogo? Não. Yono não consegue captar com um simples olhar, na verdade quando vi os primeiros vídeos do jogo pareceu-me bastante “não-é-jogo-para-mim”.

Estava enganado e acho que já esgotei o meu saldo de me enganar acerca de jogos e filmes. Yono é um jogo tão querido e mimoso que se tivesse bochechas, estaria a apertá-las. É estranho, sabem? Já joguei muitos jogos com mascotes e, tirando o Spyro, esta é a segunda a andar com as quatro patas e que… é um elefante. Estou a jogar com um paquiderme a fazer coisas de paquidermes. Eu uso a trompa para cuspir água e amendoins e vou contra as coisas. Volta e meia, carrego animais e objectos em cima. A primeira coisa que fiz foi deixar uma tartaruga a fazer de chapéu e disse: gosto do jogo. E gostei até ao fim.


Os gráficos remetem para jogos de telemóveis e pode deixar as pessoas de pé atrás, mas os visuais são encantadores e limpos, e as cores vivas e os cenários ricos. Há coisas escondidas, há personagens no mapa e elas são diferentes. Em muitas análises, há um ponto que tento dar importância e descarto em poucas frases ao dizer que as músicas não me ficaram na memória ou que apenas cumpriram o objectivo de estarem lá. Há poucos jogos independentes que me marcaram neste departamento, destaco Undertale e terei de apontar este Yono como um jogo com uma banda sonora bonita. Sim, bonita. As músicas são calmas, prazenteiras e relaxam. As melodias de algumas cidades e mapas são celestiais e passo a piada. Há uma música que passa num cemitério que consegue acertar na mosca de tenebrosa que é. Os efeitos sonoros do elefante a beber e a cuspir água, a fazer barulho, a reagir com o cenário, etc estão bem conseguidos. Bravo, Niklas Hallin.

Sim, o responsável por esta pérola chama-se Niklas e tratou em quase tudo. É um prazer ler o Dev Blog dele! É claro que foi beber à fonte de outros jogos como Zelda ou outros jogos de aventura/puzzles, mas apostando numa simplicidade quase infantil. E não há problema aí. Os puzzles são bastante acessíveis e não nos fazem puxar o cabelo, mas ainda há alguns que requerem algum tempo. As masmorras nem são muito grandes e são poucas. É um jogo que não abusa da sua estadia, a menos que façam as sidequests todas, mas eu não gosto de engonhar, portanto faço apenas aquelas que me surgirem pela frente. No entanto há alguns pontos menos bons como ausência de mapa ou lista de sidequests, mas é apenas um pequeno detalhe.


Prefiro focar-me na história principal que, também sendo simples, não nos toma por parvos. A narrativa tem um travo a misticismo que me atrai e, se quiserem cavar mais, há imenso lore sobre os elefantes passados e o que aconteceu no planeta. Há mesmo um mundo ali que já viu imensas coisas. Nós apenas chegámos num momento estranho e as pessoas precisam de um elefante para os ajudar. E elas precisam de imensa coisa. Depois o jogo ainda nos encosta à parede com questões filosóficas e sobre o que é viver de verdade. Parei várias vezes para esboçar um ah de admiração. Estas mensagens não nos são enfiadas garganta abaixo, mas oportunas quando interagimos com as diferentes pessoas: os mortos vivos, Bonewights e os robots, Mekani. Cada um com as suas questões profundas de fazer inveja à nossa Lili Caneças que estar vivo é o contrário de estar morto.

No geral, por me ter surpreendido, por me ter feito passar bons momentos e por me ter deixado triste por ter acabado, vou recomendar bastante. Quer comprem ao preço original ou numa promoção, espero que não se arrependam. Ah, e se servir de impulso, podem comprar e vestir o Yono. Eu vesti-o de Link. Só para que saibam. Mais nada. Bons jogos.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Neckbolt

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