The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Primeiras Impressões)
Foi aclamado pela crítica como o Melhor Jogo na E3 2016 e também o mais discutido nas redes sociais durante o evento, mas foi um jogo que me deixou simultaneamente sem palavras e muito atento a toda a conversação. The Legend of Zelda: Breath of the Wild é um jogo incrível e tive ontem a oportunidade de o experimentar pela primeira vez, no showroom da Nintendo em Portugal.
A demo do jogo baseava-se no que foi apresentado na E3 e estava dividida em duas partes. Na primeira, com a duração de 15 minutos, entramos no jogo já com algum equipamento à disposição e podemos experimentar livremente as várias mecânicas que foram introduzidas. A segunda, com 20 minutos, coloca-nos no início da história e permite-nos ver a forma como esta se vai desenvolvendo. Felizmente, tive a oportunidade de jogar estas demos algumas vezes e ainda assistir a uma apresentação especial com vários "truques" do que se pode fazer com a jogabilidade, para ter melhor noção do potencial deste mundo de jogo.
Nesta versão, a exploração está limitada ao Great Plateau, uma área geograficamente elevada onde se pensa ter nascido o reino de Hyrule e da qual (na demo) não existe forma de sair sem um planador. É uma área enorme para explorar, mas é também uma fração minúscula do mapa completo do jogo: custa imaginar o quão extenso será o mundo em Breath of the Wild, por mais tempo que se fique a contemplar a paisagem e observar pormenores a grandes distâncias.
Tendo analisado vários vídeos de jogabilidade, tinha alguma curiosidade em replicar algumas técnicas e movimentos mais complexos e perceber até que ponto é fácil dominar os controlos do jogo. Uma das habilidades mais espetaculares do Link é a capacidade de controlar o arco em "bullet time" quando está no ar. Para o fazer, basta saltar de um ponto elevado como um muro ou uma árvore e utilizar o arco. O Link fica parado no ar por uns segundos, dando tempo para acertar com duas ou 3 setas com grande precisão - é muito gratificante! Já um pouco mais difícil é o Link desviar-se de um ataque no momento certo para ativar o Flurry Rush, uma outra forma de "bullet time" onde se podem dar múltiplos ataques com a arma e assim recuperar a vantagem. Uma técnica menos vista e também mais difícil é a do "parry" com o escudo, que funciona ao utilizá-lo com timing perfeito contra a arma do inimigo e resulta num ataque bastante poderoso.
Mas se todas as técnicas de combate são bastante interessantes, a mais fixe do jogo é mesmo o "shieldboarding", onde Link pode utilizar o escudo como se estivesse a fazer snowboard. A utilização não é a mais intuitiva, já que além de ter um cenário com declive e estar em movimento, é necessário usar o botão do escudo, saltar e premir o botão de ação, mas o resultado é fantástico. Enquanto se desliza em cima do escudo, é possível até utilizar uma arma!
A liberdade de movimentos do Link é impressionante, mas ainda mais é a sua interação com o mundo. Na minha experiência de jogo, passei por situações muito interessantes, como estar a combater num acampamento de bokoblins, quando passa um javali nas proximidades e os inimigos abandonam o combate para o perseguir. Desarmar os inimigos faz com que estes procurem alternativas para agredir o Link, nem que seja apanhar pedras do chão para atirar. Um guardião fortíssimo protege a entrada para um Shrine of Trials... a não ser que se vá à volta para trepar o muro do lado oposto e chegar ao local sem ser visto. É um jogo inteligente, com inimigos inteligentes (e também "burros" à sua maneira) e que permite múltiplas abordagens aos problemas. Atacar cegamente ou planear uma emboscada? Escalar a montanha pelo caminho mais longo ou resolver puzzles para atravessar o rio? Considerando a pequena fração que esta demo parece ser da versão final do jogo, é fascinante a variedade de opções e possibilidades que oferece.
Breath of the Wild é um verdadeiro "sandbox" no mais puro sentido da expressão. O motor de física do jogo é surpreendente e incentiva à brincadeira, à experimentação. Os puzzles já não se resolvem apenas com a lógica, são mais orgânicos e com diferentes ferramentas podem ter diferentes soluções. A demo mostra vários cenários onde isto se aplica e aguça a curiosidade para saber o que mais deste género se poderá encontrar naquele mundo.
Houve vários pormenores que adorei. Não tinha reparado antes no detalhe da iluminação dos personagens, que é acentuada por umas "pinceladas" brancas nos modelos 3D. Todas as armas têm algum efeito também de pincelada quando fazem certos ataques, como que a deixar um rasto de tinta do seu movimento. A banda sonora que substitui a música épica pelos sons da natureza, acentuados pelo piano em momentos chave, com música dos combates a entrar e sair de forma inteligente nos momentos certos, a pedir uns bons headphones ligados ao GamePad para apreciar toda a envolvência. A arte do jogo é incrível e eleva-o acima de muitos outros com gráficos mais detalhados e "realistas" mas muito menos interessantes.
É difícil sair desta demo sem pensar que a Nintendo fez (ou, mais corretamente, está a fazer) o Zelda com que sempre sonhei. É um pensamento perigoso com tanta antecedência, pois o entusiasmo é uma faca de dois gumes e pode levar a expetativas inatingíveis - já tantos jogos nos desiludiram antes! Mas colocando as coisas em perspetiva, a sensação de jogar Breath of the Wild foi a de estar a jogar em adulto aquilo que em criança eu imaginava quando explorava Hyrule em A Link to the Past, ou em adolescente quando jogava Ocarina of Time. É ter nas mãos a liberdade que o primeiro trailer do Twilight Princess fez sonhar quando deixou uma plateia em lágrimas na E3 de 2004. Numa simples demo percebeu-se a influência do legado de uma série que inspirou dezenas de outras séries de aventura e que agora servirão de termo de comparação.
É difícil não ser fã. A expectativa é de cortar a respiração.