Avatar: Frontiers of Pandora
É este mundo que me parece ser o ponto mais forte de Frontiers of Pandora, mas não consigo deixar de pensar que, mesmo assim, é um conjunto de oportunidades perdidas. Pandora é um mundo incrivelmente vivo, principalmente no que toca à sua fauna e flora, que é surpreendentemente diversa e contribui bastante para vender a ideia de que Pandora é um local real. Esta é, também, a vantagem de situar um jogo num universo pré-existente da autoria de James Cameron. No entanto, não consigo deixar de pensar que a mão da Ubisoft neste mundo acaba por lutar contra os seus pontos mais fortes. Um mundo belo e vibrante, peca por ser demasiado grande e indistinguível para o seu bem, com poucas distrações dignas do nosso tempo, fazendo com que viagens por este mundo parecessem quase intermináveis, mas também tornando a exploração para lá da história principal muito menos apelativa do que em outros mundos abertos.
A navegação pelo mundo de Pandora não é ajudada pela decisão de não fornecer ao jogador pontos de referência claros e objetivos entre missões, dando, ao invés, indicações vagas da direção em que devemos procurar o nosso próximo objetivo, como, por exemplo, "a nordeste do Posto Inimigo X" ou " a sul da Comunidade Y". Esta ideia, em si, não é, de todo, má, e eu estaria disposto a aceitar e elogiar a dedicação de um jogo em contrariar a tentação de inundar o HUD com indicações e, assim, não só cortar a imersão do jogador como desencorajar a exploração de um mundo detalhado. No entanto, estas indicações tornam-se difíceis de seguir quando nos deparamos com um mundo que se provou, pelo menos para mim, indistinguível. A um certo ponto, tive até de procurar um vídeo que me explicasse onde era, de facto, o local que eu procurava e como chegar lá. E não estamos a falar de um colecionável intencionalmente difícil de encontrar, mas sim do início de uma missão relativamente cedo no jogo.
Se algo tornou a minha jornada por este mundo mais tolerável e até divertida foi a satisfatória agilidade da personagem principal, aliada a um conjunto de controlos altamente responsivos que permitem correr, saltar e trepar pelo ambiente, que também conta com bastantes ferramentas que possibilitam um movimento fluído e quase instintivo, como enormes folhas que nos lançam pelo ar e outras que amparam as nossas quedas, videiras que permitem rapidamente subir e descer de árvores e outras plantas que expelem esporos quando passamos por elas, aumentando temporariamente o nosso ímpeto.
A fauna também pode ser caçada para utilizar a sua carne em receitas, mas foram raras as ocasiões em que, voluntariamente, cacei com esse intuito, resultando os ingredientes no meu inventário mais frequentemente de situações em que tive de me defender de matilhas de viperwolves. Ainda assim, não é difícil apreciar a forma como Frontiers of Pandora populou este mundo com uma impressionante variedade de espécies animais, bem como a sua atenção no desenvolvimento de um sistema que recompensa uma morte limpa e respeitosa de cada animal, garantindo a melhor versão da sua carne. Igualmente, colher um fruto numa certa altura do dia e sob determinadas condições meteorológicas fará com que este proporcione resultados mais positivos quando cozinhado.
Se estavam à espera que a falta de incentivo à exploração, garantia, pelo menos, uma narrativa principal cativante, recheada de personagens interessantes e uma boa dose de conflito, então lamento informar não é esse o caso. A história contada pela Ubisoft não reinventa a roda no que toca a histórias contadas no universo de Avatar: a força colonizadora humana oprime a população Na'vi e explora Pandora pelos seus recursos, motivando os locais a unirem-se para recuperarem a sua terra. Frontiers of Pandora introduz, no entanto, um twist interessante, colocando-nos na pele de um Na'vi criado em cativeiro pela RDA (Resource Development Administration), concedendo-nos uma perspetiva singular em relação a este conflito, bem como um conhecimento do armamento Na'vi e humano. Ao longo do meu tempo com o jogo, tive dificuldade em sentir-me investido nos acontecimentos ou qualquer tipo de ligação a alguma das personagens que ia conhecendo, muito porque estas partilhavam com o ambiente à sua volta essa tal qualidade de indistinguibilidade.
Um dos pontos altos da história acontece ao fim de 5 ou 6 horas, quando finalmente estabelecemos ligação com um ikran, os famosos predadores aéreos nativos de Pandora. Aqui, o mundo atinge todo um novo nível de beleza e encanto, elevado pela magia de viajar nas costas daquilo que é o equivalente de um dragão em Pandora. Apesar de isto significar que abdicamos da velocidade do movimento terrestre, há poucas coisas mais emocionantes do que saltar de uma ravina e chamar o ikran com apenas um botão. A partir deste momento, foi rara a ocasião em que me desloquei de qualquer outra forma.
No que toca ao combate, Frontiers of Pandora adota uma abordagem relativamente simples e segura. O arsenal de armas a que temos acesso é relativamente limitado, mas nunca senti que fosse insuficiente em qualquer um dos vários encontros com as forças militares da RDA, nos quais dependi quase exclusivamente do arco longo para atacar soldados e os mechs que patrulham as inúmeras instalações inimigas. Para derrotar os últimos, foi especialmente útil o sentido Na'vi, uma habilidade que permite descobrir pontos fracos nas suas armaduras, onde basta um tiro certeiro para os eliminar. O acesso a armamento humano, particularmente uma assault rifle e uma shotgun, foi uma boa ajuda, especialmente para destruir as aeronaves da RDA à distância. Ao longo do jogo é possível encontrar versões melhoradas destas armas, bem como peças de vestuários e modificações que permitem melhorar a vitalidade, bem como várias outras estatísticas, dependendo da preferência do jogador.