Another Code: Recollection
Por vezes são lançados remakes ou remasters de jogos em que penso “...foram buscar isto?”, coisa que, sinceramente, até me deixa feliz. Até porque muitas dessas vezes trata-se de um re-lançamento de jogos que gosto ou nunca tive oportunidade de os comprar, originalmente, ou porque nunca saíram cá. Se calhar começo a divagar demasiado, até porque Another Code foi uma série disponível cá e de fácil acesso, mas o desconhecimento geral do público deixa-me curioso por ver se este novo lançamento será mais popular. Um jogo que podem experimentar, até, pois têm disponível uma versão de demonstração na eShop!
Os originais foram jogos algo diferentes, muito por explorarem as respectivas consolas onde saíram, como os dois ecrãs (e touch-screen) da Nintendo DS ou os controlos de apontar e movimento do Wii Remote. Agora, na Nintendo Switch são jogos com controlos bem mais tradicionais, num remake total que traz consigo todo um conjunto de novidades e algumas alterações. Visualmente é um jogo totalmente novo, assumindo um estilo bem próximo de uma série de animação, com uns toques de tiras de banda desenhada. Entre outras coisas surgem novidades como voice-acting, tanto em inglês como japonês, ambientes totalmente exploráveis, quebra-cabeças totalmente novos e controlos bem mais acessíveis.
Dividido em duas partes, Another Code: Recollection começa com o capítulo “Two Memories”, o remake do primeiro jogo. Aqui não temos mortos-vivos como na Spencer Mansion do clássico da Capcom, mas somos acompanhados por um fantasma de nome “D”, que nos ajuda enquanto exploramos a Blood Edward Island à procura do pai de Ashley. Uma procura que rapidamente acaba por ser bem mais importante face aos mistérios que vamos desvendando na ilha, o passado da família Edward e a ligação que “D” tem à mesma. Existem algumas surpresas pelo caminho, óbvias a quem estiver mais atento e, embora não se prolongue demasiado, a história e os seus mistérios deixam-nos curiosos por ver o que acontece a seguir.
Sendo um jogo onde a história é o principal sumo temos imensos diálogos, bastante lineares, onde o voice-acting é muito bem vindo. Pena que, novamente, lidamos com a falta de português entre as opções… mas adiante. São aventuras bastante simples, onde ainda assim temos a possibilidade de ativar guias que nos indicam o caminho para a pista seguinte. Os puzzles são interessantes, tirando partido da engenhoca DAS (Dual ANOTHER System), tiramos fotografias ao que pensamos ser dicas para puzzles noutras partes do cenário, ou até mesmo desvendar pequenos segredos. Os controlos, bastante acessíveis, permitem-nos usar a câmara facilmente enquanto observamos o cenário totalmente tri-dimensional, muitas vezes preciso por causa de pequenos segredos que tendem a esconder-se nos cantos mais obscuros e, para os mais curiosos, o DAS agora assume uma forma parecida com a Nintendo Switch, quando anteriormente tinha o formato de uma Nintendo DS.
Há muito que gostava de poder entrar na história do jogo, só que em poucas horas logo no primeiro capítulo há detalhes que são spoilers e podem arruinar a experiência a quem quiser partir às cegas para Another Code, mesmo tratando-se de um jogo que já saiu há muito. Apenas repito: mesmo sendo aventuras sem surpresas dramáticas ou chocantes, a história de ambos os cenários é cativante e deixa-nos com vontade de saber o que surge de seguida. Também recomendo vivamente, sublinhando o vivamente, a explorarem tudo tanto em “Two Memories” como em “Lost Memories”, mas tudo mesmo… e mais não digo.
Fico feliz por ver uma nova oportunidade à série, que já me parecia bem mais que enterrada e esquecida por completo, mas houve aqui um belo trabalho em trazer ambos os jogos de volta num remake, com várias horas de jogo pela frente. Encaixa perfeitamente naqueles jogos que queria ver um novo lançamento, em que constantemente enquanto o jogava pensava “para quando um Fragile Dreams ou um Zack & Wiki com este tratamento?”. Dois títulos da Wii que parecem igualmente esquecidos pelo tempo… Uma pessoa pode sonhar, não?