Kirby Star Allies


Análise por Diogo Ribeiro

Kirby Star Allies… Confesso que foi com alguma relutância que peguei neste jogo. Das coisas que sempre me fascinaram na Nintendo foi a capacidade de, ao longo dos anos, continuar a reinventar os jogos dos seus ícones e não ficar demasiado “presa” aos cânones que a própria inventa. Seja através da implementação de novas ideias de hardware para o qual os jogos são adaptados ou de conceitos e ideias novas, vimos Mario, Kirby, Link e Donkey Kong em inúmeros títulos mais alternativos e que fugiam dos conceitos base onde alguns começaram. E até alguns desses tornaram-se dos mais prolíficos da empresa, como é o caso de Mario Kart (Super Mario Kart, estreado na Super Nintendo). Star Allies não esconde de todo o apelo à nostalgia dos jogos mais tradicionais do Kirby, desde o tempo do Dream Land 1, 2 ou 3 (sendo o 2 provavelmente um dos meus primeiros jogos de sempre) no Gameboy original, ou de Kirby Super Star, na SNES, apenas para numerar alguns. E foi talvez essa nostalgia que, admito, me trouxe a este jogo. Até porque apesar do ar muito juvenil, Kirby fez no ano passado o seu 25º Aniversário!

Star Allies é ao fim ao cabo um jogo de celebração do Kirby (o qual fica completamente assumido no último nível bónus). E é-o de tal forma, que em alguns níveis a sua música é retirada integralmente dos jogos originais, nas suas versões de 8 ou 16-bits inclusive. Mas apenas em algumas faixas já que outras bem conhecidas encontram-se re-orquestradas, como é habitual nas versões mais modernas e actuais dos jogos que conhecemos de longos anos.


De longos anos, também a jogabilidade nos é super familiar: atravessar os níveis, no tradicional jogo de plataformas a que estamos habituados, apanhando os vários poderes (que são mais de 20), colecionando peças de puzzle (que desbloqueiam arte comemorativa do Kirby, a lembrar o Mii Plaza da 3DS), procurando as portas secretas (através da interacção destes poderes com as engenhocas que vão aparecendo) e, aí sim uma novidade, fazendo amizades com os inimigos de Kirby. Esta é a principal mecânica do jogo, não fosse o seu título Star Allies: através do adorável charme de Kirby, materializamos esse charme atirando corações aos nossos inimigos, recrutando-os para o nosso grupo e permitindo misturar os vários poderes que cada um tem. Tenho um Yo-Yo e preciso descongelar uma chave que se encontra por detrás de uma plataforma? Sem problema! O nosso amigo Burning Leo empresta-nos a sua chama e com o Yo-Yo flamejando, descongelamos a chave, puxando-a ao mesmo tempo! Que práctico, Kirby!

Quando jogamos sozinhos, todos os nossos Allies são controlados pelo computador. No geral, a Inteligência Artificial é bastante capaz (excepto a desviar-se de alguns obstáculos), resolvendo os puzzles secretos que vamos encontrando, atacando os inimigos e, na maioria dos casos, chacinando por completo os “bosses” de cada nível. Isto baixa a dificuldade ainda mais de um jogo que por si já é relativamente fácil, mas não estraga a experiência de todo. Facilmente chegamos ao último nível, com todos os segredos colecionados e 150 vidas, mas a dificuldade não é de todo o foco deste jogo.


Qual é então o foco? Bem, não fosse este um jogo para a Nintendo Switch e fosse óbvio pela leitura do título, na minha opinião Kirby Star Allies é para ser jogado com amigos, localmente, através da partilha dos Joy-Con. Aí este jogo atinge até o estatuto de “party game”, tornando-se um jogo muito mais divertido, quando comparando com a opção de jogar sozinho. A necessidade de coordenar com os demais jogadores aumenta a experiência consideravelmente. Um dos nossos amigos tem o poder da limpeza do Broom Hatter? Pressionando a direcção “cima”, activa o aspirador, sugando-nos a todos e atirando-nos pelo ecrã, causando danos gigantes nos adversários. É aqui que a dificuldade baixa ajuda na diversão, pois não precisamos focar-nos demasiado no que estamos a fazer (fora no caso de querermos encontrar alguma peça puzzle escondida e termos de cooperar em pequenos desafios) e a acessibilidade do jogo permite que literalmente toda a gente o possa jogar, independentemente da idade e de mais ou menos destreza para videojogos.

Para quem procurar um desafio superior, tem sempre os outros modos que desbloqueamos após completar a história. Seja ele o “Guest Star ????: Star Allies Go!” onde podemos passar 5 níveis com acesso desde o início a todas as personagens (excepto algumas especiais), ou “The Ultimate Choice”, onde vamos desafiando apenas os “bosses” do jogo, com possível ajuste de dificuldade. Ah! E claro, ainda os dois mini-jogos, “Chop Champs”, onde cortamos árvores o mais rápido possível (ambientalistas, acalmem-se), e “Star Slam Heroes”, um jogo de basebol onde a bola é substituída por… um meteoro? O que não falta é conteúdo para jogar com amigos. Especialmente considerando que a Nintendo anunciou desde o lançamento do jogo a implementação em várias fases de DLC totalmente gratuito, cujo primeiro trouxe-nos as muito reconhecíveis mascotes de Dream Land 2: o hamster Rick, o mocho Coo e o peixe Kine, entre outros.


Kirby Star Allies para mim deve ser jogado preferencialmente com amigos, em 99,9% dos casos, retirando muita da linearidade que obtemos quando jogado apenas com um jogador. Provavelmente um dos jogos com melhores gráficos de sempre de um título Kirby, com os temas, inimigos e poderes que sempre conhecemos, é uma experiência óptima que se pode também jogar de forma portátil, numa sessão casual em qualquer lado, com qualquer pessoa, utilizando muito do que fez esta consola um sucesso no último ano.

Este é também um dos jogos mais inclusivos para os jogadores (de diferentes idades, diferentes habilidades) na Nintendo Switch, ou quem sabe, de qualquer plataforma. Por agora, pode não ter uma quantidade de conteúdo que inveje (a rondar cerca das 6 horas para um jogador), nem uma dificuldade indicada para aqueles que procuram grandes desafios, mas é provavelmente um dos melhores jogos no mercado para jogar cooperativamente com amigos e de forma casual. E além disso tem o Kirby. O Kirby é adorável.

Nota: Esta análise foi efetuada com base numa cópia do jogo para a Nintendo Switch adquirida pelo autor do artigo.

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