Project x Zone 2
Project x Zone 2 é uma ode aos videojogos e à esquizofrenia! Se quiserem jogar algo sem sentido, mas estupidamente divertido e viciante, peguem neste jogo e não se vão arrepender.
A essência de PXZ 2 é o puro fanservice, começando pelo nome que não deixa nada à imaginação. Project Cross Zone? Nem se esforçaram com algo mais profundo, mas sempre é melhor e mais inspirado que Namco x Capcom. E sejamos honestos, precisamos de mais? Tudo o que precisamos de saber é que neste jogo, e cito José Estebes, está tudo à molhada.
Esqueçam um enredo coerente. Com tantos mundos e personagens juntas
no mesmo jogo, qualquer tentativa de criar uma boa história acabaria
com o mesmo resultado, um prolongado revirar de olhos, acompanhado
por um suspiro. Nem todos os crossovers
podem ser um Kingdom Hearts. Franquias à parte, admiro a capacidade
da equipa de escrita e gostava de ser uma mosca naquela sala e ver
como tudo se desenrolou, aquele arremessar de ideias e ver qual
colava na parede. Eu acho que se divertiram e o resultado está à
vista: um enredo que não se leva a sério e que é, no fundo,
divertido e despreocupado. Eu digo que o jogador não avança pela
história, mas pelas personagens. A cada missão completada, só
queremos descobrir novos heróis e usá-los em batalhas épicas. E o
melhor deste jogo é o sistema de batalhas.
O esqueleto do enredo é simples:
correntes douradas apareceram no mundo real, impelindo Reiji e Xiaomu
(Namco x Capcom) numa aventura pelo espaço e pelo tempo (não é um
episódio de Doctor Who) para descobrir quem está por detrás
daquele plano maquiavélico e o que pretende. Pelo caminho
reencontram personagens das prequelas e conhecem outras novas que, de
uma maneira ou de outra, estão perdidas do seu espaço/tempo e andam
a tentar resolver o mistério das correntes. Heróis, vilões, todos
se misturam nível após nível, no campo de batalha, por 42 longos
capítulos. A história mal avança e tudo o que temos entre as
missões são diálogos tolos, referências a filmes e jogos e muito,
mas muito fanservice que
vai desde as roupas a clichés de anime (uma personagem a repetir
desu vezes sem conta
tem piada uma vez). No geral, é tudo muito forçado.
Por alguns minutos, tudo isto é esquecido quando começam as batalhas. Queria explicar tudo ao mais ínfimo pormenor, mas não quero ser um tutorial que podem ler a qualquer momento durante o jogo (Crosspedia).
Desde o primeiro Project X Zone que julgava que havia uma componente de fighter, mas é uma variante desse sistema. Em vez de martelarmos botões para desferir combos, estes são atribuídos a combinações de botões (A com direccionais) que podem ser usados até três vezes durante a luta. Os que não forem usados, ficarão Charged no turno seguinte, infligindo mais dano. À medida que o jogo avança, também o sistema de batalha evoluiu, torna-se mais complexo com novas habilidades e combinações, como os Mirage Cancel que, executado no momento certo, permite até quatro ataques num só turno. Fácil na teoria.
Há toda uma variante a ter em conta, como estados de envenenamento e paralisia, o peso dos inimigos e posições de ataque. Se forem de frente, não têm muito sucesso. Optem por flanquear ou atacar por trás para terem um bónus de ataque. Atenção, as mesmas regras aplicam-se ao inimigo. Até o acção de contra-atacar. A liçaõ a reter é: estejam sempre prevenidos e pensam dois passos à frente do inimigo ou rapidamente perderão. No final de cada batalha, aproveitem e percam tempo a melhorar habilidades e a comprar outras. Invistam em equipamento e itens de cura. Um jogador preparado vale por dois e com várias surpresas, vulgo ondas e ondas de inimigos, em cada capítulo, um passo em falso e adeus.
Quando se virem à rasca, não
poupem nos ataques especiais e descarreguem tudo no inimigo. Dá um
gozo tremendo ver as personagens a replicarem os seus ataques das
séries/jogos de onde saíram. A quantidade de dano que causam é
apenas um bónus. Isto podia cansar, mas não. Sempre que acontece é
uma injecção de adrenalina que só acaba quando surge KO no ecrã.
Ainda precisam de um enredo? Mas, e porque há sempre um mas, há
algo que tem de ser falado: a câmara. Passei mais tempo a lutar com
esta para conseguir ver o mapa, e os tesouros, do que com o inimigo.
Há ali algo que não funciona quando pressionam os botões e são
ignorados. Este jogo podia fazer bom uso do
ecrã táctil, com a possibilidade de mover as personagens pelo
tabuleiro, mas 20 % das vezes é usado para exibir artwork.
Fora isto, é usado com
estatísticas das personagens ou para lembrar a combinação de
botões para atacar.
O jogo serve o seu propósito a nível visual. Não é nada de
espantoso: durante o desenrolar da “história” somos brindados
com perfis estáticos das personagens e paredes de texto que tentam
explicar o que está a acontecer; durante o combate temos as nossas
equipas em versão miniatura, mas o talento foi poupado para as
batalhas em si, com as personagens cheias de detalhe e movimento –
e os ataques especiais fantásticos? Esta confusão de estilos
propaga-se para o departamento musical que é desconcertante e eu nem
sei se é bom ou mau. Em vez de termos uma banda sonora neutra até
ao fim, temos uma música diferente consoante a equipa a ser
controlada. Ora num momento temos o tema de Xenoblade (cuidado com os
spoilers) a tocar, depois o tema de Tales of Vesperia, passando pelo
de Phoenix Wright e por aí. Escolham algo nada a ver, continuem com
ele, mas é naquela, ouvir a música da nossa série favorita
enquanto combatem é motivante.
E isto é Project x Zone 2, que decide melhorar a aborrecida
prequela na 3DS e que agora se torna Namco x Capcom x SEGA. Mas se
a própria linha temporal não se decide, porque temos de ser nós?
Só quero ver as personagens de Fire Emblem e Tales of Vesperia
juntas! Ah, e ler que o Leon S. Kennedy (Resident Evil) já está
habituado a que as mulheres brinquem com ele… Nem estou a brincar,
quem me dera…
Apesar de tudo o que disse,
considero Project x Zone 2 um Bom jogo. Se o conseguirem encontrar,
pois quer-me parecer que vai desaparecer, joguem-no e garanto-vos que
se vão divertir, mas tentem não fazer sentido da história. Robôs,
zombies, lutadores de
artes marciais e raparigas semi-nuas a servir sandes e a fazer piadas
de anime? O que mais podíamos
pedir?
Nota: Esta análise foi efetuada com base numa cópia do jogo para a Nintendo 3DS comprada pelo autor do artigo.