Sand Land

Este ano ficou marcado pelo falecimento do génio Akira Toriyama, o criador de obras como Dr. Slump e o mundialmente famoso Dragon Ball. Pouco tempos depois, fomos brindados com a adaptação em anime do seu manga one shot de nome Sand Land, recordo-me bem de ver umas páginas na internet, isto foi no ano 2000, 24 anos depois surge então esta adaptação anime como também o videojogo e embora o anime seja realmente especial, o jogo poderá ser para aqueles que assistiram aos 13 episódios desta nova série que estreou há pouco mais de um mês.

Podemos, desde já, informar que Sand Land (o videojogo) é especialmente direcionado àqueles que viram o anime, aos que têm um carinho especial pelo design e arte de personagens do Toriyama sensei. No caso de não serem propriamente fãs ou de não terem visto a série, ou até mesmo ler o manga, pode muito bem não ser do vosso agrado e passo já a explicar a razão.

Estamos perante um jogo que foi trabalhado em função do anime, tendo até as dicas do próprio Akira, o qual ajudou em vários aspetos. No anime aconteceu o mesmo, visto que o primeiro arco é aquele que poderão ler no manga e os restantes episódios foram criados apenas para a série e neste caso, o jogo. Como este engloba tudo aquilo que foi transmitido na série, ele é realmente fiel ao espetáculo televisivo, especialmente as primeiras horas! Contudo, há certas diferenças como o surgimento duma personagem que, na verdade, faz a sua aparição no segundo arco, contrariamente ao jogo onde surge bem perto do iniciar da aventura. No entanto, não iremos revelar nada no que diz respeito a esses detalhes, mas focarmo-nos mais nas mecânicas, jogabilidade e grafismo.

Como dito, Sand Land segue fielmente os passos do anime, mas, claro, conta com um ou outro detalhe que foi alterado. No fundo, para aqueles que viram a série, vão reconhecer e em certos momentos até sentir que estão a rever a série: as próprias frases ditas são exatamente as mesmas, tais como os cenários onde os acontecimentos são ocorridos. Personagens fielmente criadas e, claro, não podiam faltar as vozes japonesas, algo que deve ser alterado no menu inicial do jogo caso desejem a versão original. Caso contrário podem manter em inglês, algo que na minha opinião pessoal não tem qualquer graça. A narrativa é simples, mas, por vezes, intensa. A humanidade a coexistir com os demónios onde ambos buscam água nas terras áridas desertas, que dão nome ao manga, cria uma estupenda jornada da qual é representada no jogo. Mais uma vez mais, quem já assistiu à série, terá um prazer único em saborear.

Claro que não estamos perante uma obra de arte e isso é percetível nas primeiras horas de jogo, isto porque seria um tanto expectável assim que temos de explorar o deserto que pode vir a saturar os menos pacientes. As missões são básicas, mas, sublinho, aqueles que gostaram do anime vão estar familiarizados e o sentimento será outro, daí referir que este jogo é no fundo, direcionado para os fãs e nada mais. Não vão encontrar um jogo revolucionário nem inovador, é simples, básico, mas tem o carisma e a vida das personagens únicas do criador lendário.


Em Sand Land jogamos não só com o protagonista filho do Satanás Lucifer, de nome Beelzebub, como também com Raoh ou, se preferirem, o General Shiva e Thief, o “companheiro” de jornada de ambos, uma personagem que, na minha opinião, está brilhante na série e cada uma tem as suas habilidades e características únicas. Beelzebub é bom nas lutas e é com quem passamos mais tempo a jogar, por outro lado Thief servirá para momentos stealth. Já Raoh prestará auxílio nas lutas do pequeno diabrete. Com experiência, vão poder desbloquear novas habilidades e, com isso, aumentar também de nível. Desde a lutar contra animais selvagens espalhados no deserto ou soldados do império, a explorar Sand Land (e, no futuro, outra região que também surge no anime), onde também vão encontrar recursos que utilizam para efetuar outros upgrades, no vosso tanque de guerra.

Este tanque de guerra é adquirido pouco tempo de iniciar esta jornada, tal como sucede no anime, onde pouco a pouco usar recursos para melhorar o tanque, com novas peças, farão a diferença nas lutas descampadas. Os veículos são largamente o mais interessante, se inicialmente conduzimos um tanque, no futuro podem criar outros veículos bem conhecidos da série Dragon Ball. Por falar na sua obra-prima, o detalhe de usar uma cápsula para revelar o veículo é delicioso, só faltava mesmo a famosa nuvem a dizer “BOOM”. Já agora, uma curiosidade a revelar, toda esta obra foi criada pelo Akira Toriyama devido a desenhar um tanque de guerra dando então origem a Sand Land.


O grafismo é bonito, mas de longe impressionante. Verdade seja dita, todos somos atraídos pela arte do mestre e é isso que nos faz jogar e apreciar a aventura, porque, no fundo não passa disso. Os cenários são ok e aquilo que nos agarra é o carisma e o design das personagens e animais que fazem parte desta aventura. Pela última vez, se não forem fãs do criador também não vão encontrar aqui nada que vos faça impulsionar o desejo de jogar.

Sand Land não é para todos, é preciso ter um carinho especial pela obra e, se assim for, vão encontrar algo de especial no jogo. Podemos dizer que veio complementar a série e, o mais interessante é, sem dúvida, a criação dos veículos especiais com as suas características únicas que tornam o jogo apetecível de experimentar. Há um toque do sensei em todos estes pequenos aspetos e agradecemos pela existência de outra obra original dele, um muito obrigado mestre Akira por este pequeno mimo.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox Series, gentilmente cedido pela Playnxt.

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