Disney Illusion Island


Um dos jogos que tenho boas lembranças, de quando era novo, foi de jogar World of Illusion numa Mega Drive que estava em exposição num hipermercado. Recordo-me bem da aventura de Mickey e Donald, do seu pânico ao fugir de diversos perigos ou ao enfrentar os inimigos com um simples lençol mágico. Um jogo de plataformas que viria a comprar e jogar anos mais tarde, que tinha uma particularidade incrível na altura que poucos tentavam explorar: um jogo de plataformas cooperativo para 2 jogadores. São memórias que se tornaram extremamente vivas recentemente, com a chegada de Disney Illusion Island.


Nesta mais recente aventura Mickey e Minnie Mouse, o Pato Donald e o Pateta são convidados para um piquenique na misteriosa ilha de Monoth, convite esse que nada mais era que um truque para os levar a ajudar os Hokuns e o seu líder, Toku, que viram os seus 3 livros mágicos serem roubados. A premissa é precisamente esta e, em poucos minutos, nos encontramos a explorar uma ilha cheia de surpresas com imensos perigos à espreita.

As memórias que tenho de World of Illusion não surgiram apenas por terem parecenças no nome, mas sim porque estava novamente perante um jogo de plataformas cooperativo, agora com 4 jogadores. Se no clássico da Mega Drive Mickey ou Donald atiravam uma corda para o outro jogador poder subir, o mesmo acontece agora juntamente com outras habilidades que permitem os jogadores recuperar a vida dos seus parceiros, ou saltar às costas de um companheiro de equipa para um salto mais longo. Jogar com mais 3 pessoas é um bom convite, mas esta é uma aventura que podemos jogar totalmente sozinhos sem quaisquer limitações, sendo esse o meu caso em que joguei tranquilamente.


E esta foi uma aventura que trouxe algumas surpresas que… não contava de todo! Em primeiro lugar a sua apresentação. Aproximando-se da recente série de animação da Disney “O Maravilhoso Mundo do Mickey Mouse”, muito ao estilo dos desenhos clássicos de Mickey de há quase um século atrás que, curiosamente, viu o seu último episódio estrear no mesmo dia em que este jogo foi lançado, temos aqui incríveis sequências de animação tal e qual como a série de televisão. Mesmo dentro do jogo em si tudo parece desenhado à mão, sempre fluído e com personagens e cenários incríveis, lembrando-nos muito de Rayman Origins. Mesmo a jogabilidade em si, onde as personagens meio que flutuavam pelos níveis fora, lembrou-me imenso do jogo da Ubisoft. Também este é um jogo desenvolvido pela Dlala Studios, equipa que nos trouxe o regresso de Battletoads, também ele cooperativo onde tudo parecia desenhado à mão.

Mas até agora sem grandes surpresas, até que comecei o jogo e deparei-me que ele era, na realidade, um Metroidvania! Todo o jogo é passado na ilha de Monoth, sem transições de mapas ou loadings, por assim dizer, onde tudo aparenta ser um único nível com zonas distintas a explorar. Aos poucos vamos adquirindo os mais variados itens para saltar mais alto ou mais longe, nadar, destruir obstáculos, entre outras habilidades que nos permitem explorar novos recantos da ilha. São vários os momentos em que o jogo nos diz que ainda é cedo para ir por determinado caminho, e são muitas as surpresas em cada um dos cantos da ilha, onde vamos apanhando todo um leque de itens que nos vai desbloqueando detalhes sobre a ilha e ainda “tudo” o que é personagem que alguma vez se cruzou com Mickey. Infelizmente não há propriamente muita variedade cenários fora, onde passamos de um estilo mais selva para uma cidade recheada de metal e engenhocas. A música que acompanha estes “níveis” é melodiosa, quase que como que uma pequena orquestra toca de propósito para nós, mas nenhum tema fica realmente no ouvido.


Seja que momento do jogo for, se há algo que encontramos ilha fora é todo um leque de diferentes perigos que nos dificultam a exploração. São muitos os picos, chamas acesas ou armadilhas que nos podem matar se não tivemos cuidado, e são imensos os inimigos que nos barram o caminho e que temos de evitar. Contudo, é um jogo fácil, talvez fácil demais até, e por muito que aceite que seja para se tornar mais acessível para os mais novos jogarem sem restrições, o jogo conta com opções que permitem que os jogadores sejam praticamente invencíveis. Podemos até mesmo aumentar o desafio indo com menos corações, opções que podem ser diferentes entre jogadores, mas em ponto algum senti que corri realmente perigo. O maior dos problemas está mesmo na jogabilidade, algo infeliz quando se trata de um género de jogo onde… bem, este é o ponto mais fundamental.

Por muitos inimigos ou armadilhas que vamos encontrando, passamos o jogo todo a desviar-nos destes perigos. Mesmo os inimigos que vão aparecendo temos de saltar por cima deles, fugir ou evitar os seus ataques, pois simplesmente saltar em cima dos inimigos causa-nos sim dano, algo que aprendi à primeira. Vá, à segunda, pois foi quando desbloqueei a habilidade que nos permite destruir o solo que tentei usá-la contra um inimigo e… sem efeito. Também sendo um Metroidvania a exploração chega a ser mesmo entediante, levando-me a pensar que não tinha vontade alguma para voltar atrás no nível para buscar um item que já tinha a habilidade para o resgatar, ou até mesmo quando o jogo me obrigava a voltar atrás ilha fora para progredir no jogo, pensei mesmo se era isso o que queria fazer ou terminar a minha sessão de jogo.


São pontos que me deixaram desconsolado, até porque o jogo é visualmente incrível e tem todo um potencial que podia ser melhor explorado, mais divertido e torná-lo acessível para qualquer jogador, até porque já temos vários jogos de plataformas que o fazem. Olhando mesmo à acessibilidade, não contamos com textos, vozes ou sequer legendas em português, algo que não faz sentido atendendo que a Disney tem todo um estúdio gigantesco responsável por localizar todo o seu conteúdo em português. Certamente não é algo fundamental para saber como progredir no jogo, pois o caminho a seguir está sempre visível no mapa, e as habilidades muito bem explicadas sem ser necessário texto, torna-se muito pouco atrativo para os jogadores mais novos cá. A própria câmara do jogo não ajudava grande parte do tempo, pois a nossa personagem quase que desaparecia no meio do mapa, do quão afastada que estava.

Ainda assim, diverti-me. Mesmo nos combates contra os inimigos que envolvem destruir partes dos cenários, lembrou-me de alguns combates noutro clássico da Disney, Mickey Mania, onde usávamos os cenários a nosso favor. Nada de muito complexo e definitivamente pouco desafiantes e pouco diferentes entre eles, mas, ainda assim, tomaram toda a minha atenção. Para quem gosta de apanhar tudo o que têm pela frente, e explorar todos os cantos dos mapas, o jogo dá uma boa oferta de surpresas e caminhos escondidos que nos convidam a olhar com atenção para o mapa. A aventura conta ainda com um leque de personagens bem engraçadas, que nos levam aos desenhos animados sejam das mais recentes séries da Disney, ou dos clássicos bem mais antigos, onde todas elas pareciam retiradas de contos fantásticos.


Foi curioso voltar a jogar um jogo de plataformas cooperativo com Donald (e companhia), 30 anos depois de World of Illusion. E talvez a nostalgia tenha sido mais forte que a atenção que dei a Disney Illusion Island mas, mesmo com a falta de desafio no jogo e não se extender demasiado, é uma boa aventura para partilhar com os mais novos.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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