Nintendo 3DS – Primeiras impressões
Tive finalmente a oportunidade de experimentar uma Nintendo 3DS, graças ao evento oficial organizado pela Nintendo em Portugal. Durante uma hora, pude explorar algumas das novas funcionalidades da consola e algumas demos de jogos – e tudo isto em 3D. Então a primeira questão que se impõe é: e o 3D, funciona? Resposta rápida: sim, mas umas vezes melhor que outras, conforme os jogos.
Quando peguei numa 3DS, já o ecrã estava em 3D. Saltou-me imediatamente à vista o efeito de profundidade no ecrã de menu da câmara fotográfica, a primeira coisa em demonstração. O que não foi assim tão bem pensado, pois as câmaras têm uma taxa de refrescamento muito lenta e fazem alguma impressão em 3D. Já as fotos que se consegue tirar com a câmara são bem mais interessantes. Guardar um registo com sensação de profundidade, mesmo com baixa qualidade, pode ser bastante divertido e até interessante para guardar alguns momentos. Mas a melhor parte das câmaras da 3DS está no software que as acompanha e que permite fazer coisas ainda mais divertidas do que acrescentar bigodes, como se faz na Nintendo DSi.
De seguida, experimentei o sistema de criação de personagens Mii. Sem dúvida, muito melhorado em relação ao sistema da Wii, com mais opções de configuração e melhores formas de partilha: é possível guardar no cartão SD um QR Code com a informação do Mii, qualquer 3DS será capaz de o interpretar e assim importar o personagem para a Mii Plaza. No entanto, criar um Mii a partir de uma fotografia tirada com a consola, infelizmente, foi algo que não funcionou tão bem quanto seria de esperar. É engraçado ver os personagens todos alinhados no cenário em 3D, como se olhássemos para um pequeno mundo onde só existem Miis.
A visita guiada à consola terminou com os jogos de realidade aumentada integrados na consola: Face Raiders e AR Games. O primeiro envolve disparar bolas de ténis contra bolas flutuantes com a nossa própria cara. Bizarro. O jogo é controlado com o giroscópio e, embora essa componente funcione bem, é completamente incompatível com o 3D: ou se dispara rapidamente contra bolas vindas de todos os lados, ou se olha sempre de frente para o ecrã. Já os AR Games são mais fáceis de acompanhar em 3D: geralmente somos nós que nos deslocamos em relação ao cartão e o ritmo é menos frenético. Ainda assim, a minha experiência foi melhor com o volume 3D ajustado para os 25%.
Em seguida, tive algum tempo para experimentar as demos de jogos de lançamento e/ou anunciados para breve, como Nintendogs + Cats, Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D e Super Street Fighter IV 3D, entre outros.
Foi precisamente quando vi o Nintendogs + Cats que me rendi por completo às capacidades 3D da consola. Até aqui, tinha visto apenas algumas "brincadeiras", mas este jogo prova que a Nintendo levou isto bem a sério. É simplesmente incrível. A ilusão de profundidade é perfeita, a imagem 3D não falha mesmo com o volume a 100% (aliás, é recomendado usar 3D ao máximo neste jogo)... fica até um pouco difícil de descrever. É como se aquele vidro no ecrã fosse a única coisa a separar-nos daquela sala de estar, onde adoráveis cães e gatos (com modelos bastante realistas) fazem tudo para ter a nossa atenção. Desligando o modo 3D, temos uma diferença abismal… Este é o jogo que devem comprar se quiserem mostrar aos amigos o que a consola é capaz de fazer a nível visual.
De seguida, corri para a consola mais próxima onde podia jogar The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D. Tinham deixado a demo no início da batalha contra o boss, mas pegar no jogo foi extremmente intuitivo. O circle pad, botão analógico para controlar o movimento, foi tão natural de utilizar que já nem me lembrava que é uma das novidades da consola. O boss começa a trepar pelas paredes e, com o premir de um botão, Link saca de uma fisga. Também de forma intuitiva e quase inconsciente, movimentei a consola para apontar e acerto em cheio. Não há uma mira, mas a perspectiva 3D permite saber, intuitivamente, para onde estamos a apontar. Curiosamente, não senti neste jogo o problema do Face Raiders em acompanhar 3D e movimento, mesmo achando que esta demo se jogava melhor com um volume de 50 a 75%. Mais uma vez, experimentar em 2D fez-me sentir que já não era a mesma coisa...
Outra demo que me impressionou imenso foi a do Super Street Fighter IV: 3D Edition. Este jogo funciona muito bem com o 3D colocado entre os 75% e o máximo mas, para minha surpresa, também consegue impressionar em 2D. Isto porque aplica diferentes efeitos visuais consoante o 3D esteja ou não ligado, de forma a aproveitar ao máximo o que a 3DS tem para oferecer. Pouca diferença se nota, com o jogo em 2D, em relação às versões do jogo existentes para Xbox 360 e PS3. Ao ligar o 3D, no entanto, descobre-se um visual completamente novo: os personagens têm o relevo muito bem definido. A melhor forma de descrever o aspecto gráfico é uma luta de action figures animadas em miniatura. Nota-se que houve imensa dedicação a este jogo, tanto a nível visual como de jogabilidade. Uma excelente opção para comprar no dia de lançamento.
Das restantes demos, destaco a surpresa que foi o PES 2011 3D. A noção de perspectiva para o campo de futebol é realmente acentuada e está muito bem conseguida, pelo que poderá ajudar bastante os jogadores a calcular as distâncias. Já a maior desilusão foi Kid Icarus: Uprising. Não só porque o grafismo fica um pouco aquém do que a 3DS mostrou noutros jogos, mas principalmente porque a jogabilidade é péssima: controlar o personagem com o circle pad, a mira com a stylus no ecrã táctil a simular um segundo analógico e um botão para disparar. Foi ainda muito difícil encontrar um volume de 3D que funcionasse correctamente. Há muito para melhorar neste jogo até ao seu lançamento.
O material da consola em si é aparentemente robusto, mas nem por isso mais pesado. O modelo azul tem três variantes de tom entre o azul-água e o ciano, enquanto que o preto é constituído por 3 tons de cinzento escuro. Ambos têm um brilho que era bastante acentuado pelas luzes fluorescentes, mas não incomoda nem distrai durante uma sessão de jogo. Os botões são bastante confortáveis, embora o conjunto de botões abaixo do ecrã táctil (Select, Home e Start) exija alguma pressão extra. Já o circle pad consegue ser tão confortável que chega ao ponto de passar despercebido, talvez um dos melhores aspectos do hardware.
Em jeito de conclusão, a consola tem tudo para ser um sucesso. O ecrã 3D é incrível, e o Nintendogs + Cats é a maior prova disso. A possibilidade de ajustar o volume 3D foi o maior trunfo da consola: cada pessoa terá a sua posição mais confortável, que pode ser diferente conforme os jogos. A câmara 3D irá proporcionar fotos bastante divertidas, mas também é certo que as imagens deveriam ter melhor qualidade. Há jogos que utilizam o 3D de forma excelente e para seu benefício. Outros pedem que o 3D seja simplesmente desligado... e isto será um novo critério de qualidade para o software desta portátil.