Shigeru Miyamoto recebe prémio Príncipe das Astúrias
Shigeru Miyamoto, autor de videojogos como Donkey Kong, Mario Bros. e The Legend Of Zelda, deslocou-se a Espanha para receber pessoalmente o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades.
Foi um sorridente Shigeru Miyamoto que se apresentou perante o Príncipe Filipe de Espanha para receber uma das mais altas condecorações atribuídas pelo nosso país vizinho: o prémio Príncipe das Astúrias, neste caso relativo à área de Comunicação e Humanidades. Atribuído anualmente pela Fundação Príncipe das Astúrias, este galardão já distinguiu ilustres personalidades portuguesas como Mário Soares e António Damásio em áreas tão distintas como a Cooperação Internacional e a Investigação Científica e Técnica, respetivamente.
Trata-se de uma distinção importante para aquele que é considerado pelos seus pares como o “pai dos videojogos modernos”. Responsável por titulos tão populares e intemporais como as séries Mario Bros., Donkey Kong e The Legend Of Zelda, Shigeru Miyamoto transformou a face dos videojogos ao longo das últimas três décadas, convencendo pessoas de todas as idades, credos e raças a partilhar a diversão proporcionada por obras tão distintas como Wii Sports, Wii Fit ou Nintendogs, só para citar alguns exemplos.
Na conferência de imprensa organizada pela Fundação Príncipe das Astúrias, Shigeru Miyamoto conquistou a plateia com a sua desconcertante humildade. “Trabalhei com muitas pessoas, em muitos videojogos, e sinto-me envergonhado de receber este prémio sozinho” confessou o diretor geral da Nintendo Entertainment, Analysis & Development para logo de seguida acrescentar que “não me sinto um super-herói, sou uma pessoa absolutamente normal”.
Mas aquele que a revista Time um dia apelidou de “O Spielberg dos Videojogos” não é, definitivamente, um comum mortal. A Fundação Príncipe das Astúrias salienta o papel fulcral que as obras criadas por Shigeru Miyamoto desempenharam para “fazer dos videojogos uma revolução social, acessíveis a segmentos da sociedade que nunca tinham tomado contato com esta forma de entretenimento, sendo ao mesmo tempo capazes de unir as pessoas sem distinção de sexo, idade ou condição sócio-cultural”. A distinção do criador japonês é igualmente justificada pela sua capacidade em “promover os videojogos como um elemento de integração familiar e social, uma experiência que pode ser partilhada por todas as pessoas, que ajuda a expressar emoções e que consegue comover os jogadores”.
Depois de ter ajudado a Nintendo a vender mais de 275 milhões de unidades só dos jogos Super Mario, Shigeru Miyamoto conserva aos 60 anos de idade o mesmo brilhozinho nos olhos que, na sua infância, o levou a imaginar mundos e personagens que podiam colocar um sorriso na cara das pessoas. Nos seus tempos de meninice, passados numa idílica vila japonesa a noroeste de Quioto, Miyamoto recriava na sua mente aventuras fantásticas por entre rios e montanhas. “Adorava interagir com a Natureza, enfiar-me rio abaixo, pescar, passear pelas montanhas, e tenho imensa pena que as crianças hoje em dia não desfrutem dessas oportunidades”, confessa o criador da Nintendo.
Desenvolver jogos “cada vez mais divertidos para todo o mundo” é o objetivo imediato de Shigeru Miyamoto que vê na Wii U, a nova consola doméstica da Nintendo que será comercializada em Portugal a partir do próximo dia 30 de novembro, uma ferramenta para “melhorar a experiência dos videojogos, quer se jogue sozinho, quer se partilhe a diversão com a família na sala de estar”.
Biografia de um autor
Shigeru Miyamoto juntou-se à Nintendo em 1977 como desenhador e rapidamente criou uma reputação dentro da empresa, tornando-se uma das personalidades mais respeitadas da indústria. Embora fora da indústria dos videojogos o seu nome possa não ser universalmente conhecido como Steven Spielberg ou Martin Scorcese, as suas criações são-no, e têm servido de inspiração a outros criadores de jogos e a milhões de pessoas em todo o mundo.
Foi este desejo de criar entretenimento interativo para todas as pessoas, independentemente da sua idade, sexo ou experiência de jogo, que se tornou o motivo da sua enorme influência. Entre as suas maiores contribuições está a criação das plataformas Nintendo DS e da Wii e de títulos como Nintendogs, Wii Sports ou Wii Fit, que ajudaram a expandir a população de jogadores, tornando-os a acessíveis a crianças e adultos, homens e mulheres.
Em 1998, Miyamoto teve a honra de ser a primeira personalidade eleita para o Panteão da Fama da Academia de Artes e Ciências Interactivas norte-americana. Em 2006 tornou-se um dos primeiros criadores de videojogos a ser nomeado Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras de França e em 2007 foi distinguido com o Prémio de Carreira pela International Game Developers Association e foi nomeado pela revista Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo. Em 2010, Miyamoto recebeu o prémio Fellowship da Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA na sigla inglesa), sucedendo a personalidades como Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock.
[Nota: o texto apresentado neste artigo foi retirado de um comunicado oficial da Nintendo Ibérica.]