Antevisão Tokyo Mirage Sessions #FE – Localização ou censura?


O jogo está em apuros ainda antes de sair. O problema? A localização.

Tokyo Mirage Sessions é um jogo com uma identidade bem vincada e que respira Japão por todos os poros. Esta característica pode jogar contra ou a favor, portanto é imperativo que a localização esteja fiel e que transmita a essência de TMS sem causar estranheza. Por essa razão, a localização ficou a cargo da própria Atlus que já tem alguma bagagem no que toca ao género e sabe como apelar ao seu público; esta jogada transmite alguma segurança aos jogadores que queriam a Treehouse longe depois da polémica com outros jogos. A primeira boa decisão? Manter as vozes originais. Visto que há muita cantoria e para jogar pelo seguro, deixaram as vozes japonesas sem opção para as inglesas. Também foi uma decisão financeira.

O pior estava para vir e as primeiras notícias de censura por parte da Nintendo, não da Atlus, começaram a chegar. Que fique assente: eu não gosto de censura, não gosto daquele lápis azul a decidir o que posso ou não ver. E pelos vistos ainda não chegou a alguns estúdios, principalmente aos nipónicos.

Como uma imagem vale mais do que mil palavras, quero referenciar o exemplo abaixo.
Esta personagem chama-se Kiria e também controla um Mirage, canta, dança e usa magia poderosa durante o jogo, mas em 2016 alguém ainda acha que aquela roupa é adequada para uma batalha ou para estar em qualquer lado. Vá, não estou a indicar como uma pessoa individual se deve vestir ou estar, mas quando se trata de uma pessoa digital criada com um propósito radicalmente diferente do que aquela roupa indica, então algo se passa. Algo não se passava se as personagens masculinas também se vestissem assim. Neste caso, reinou o bom senso e foram acrescentadas peças de vestuário. Ainda neste campo, as idades do elenco foram aumentadas para uma idade legal. Aqui trata-se de contexto cultural, se o Japão está habituado a sexualizar jovens, nós no ocidente achamos isso um pouco estranho e… ilegal. Aumentar as idades das personagens é um passo lógico, assim como fizeram na série Game of Thrones para evitarem problemas com cenas mais quentes. No todo, não há necessidade de haver uma cena quente quando não é esse o foco, mas temos meninos e meninas bonitas, temos peito com efeitos de gelatina e poses atraentes. O lápis azul não esteve em todo o lado, mas optou por censurar as coisas mas que não cabem na cabeça de alguém.

De novo, vejam a imagem abaixo.
Aparentemente, no ocidente não temos pélvis. Consigo compreender a intenção original, a de tornar as personagens menos atraentes, mas isto só torna a situação pior, na medida que vai ajudar na fervura da censura. Havia necessidade? Não. Há quem esteja a optar pelo boicote, ao passo que alguns continuam firmes na sua compra e dizem que desde não mudem a história que estão bem. E estejam descansados, não mudaram o cerne da história, mas há uma missão ligeiramente alterada.
Numa dada missão, uma personagem feminina tem de fazer uma sessão fotográfica. Na versão original, ela apresenta-se de biquíni, mas na nossa versão aparece vestida com umas roupas saídas de um bairro que tenta demasiado ser cool. A mensagem original da missão está relacionada com o positivismo do nosso corpo e sermos capazes de o aceitar e não ter receio de nos expormos (o nosso interior). A mensagem da localização tem a ver com o facto de esta sessão ser apenas outro trabalho. Independentemente de a personagem só saber cantar, tem de dar o melhor de si em qualquer situação e isso torna-a mais confiante. Essa masmorra foi alterada adequadamente substituindo as fotos de modelos em biquíni para roupas mais casuais.

Depois foi retirado do ocidente um DLC de fontes termais. Não acrescenta nada ao jogo, mas qual foi a necessidade de o retirar?

A ilação final é que a Nintendo of America quer a todo custo proteger o público do bicho papão da sexualidade e acaba por nos desrespeitar. E qualquer boa intenção, como a que referi em cima, acaba por ter um sabor agridoce. Vivemos numa cultura ocidental que idolatra a violência e repudia o sexo, ao mesmo tempo que o oriental idolatra o sexo e repudia a violência. Mas quem está certo? Não consigo responder por tudo, neste momento respondo por Tokyo Mirage Sessions que está a receber por tabela e injustamente porque debaixo destas roupas está um jogo magnífico, colorido, viciante e muito divertido. Façam-se ouvir, mas não desistam! E, por favor, não boicotem o jogo porque quem localizou não será prejudicado, mas quem criou o jogo.

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