Sonic Superstars


Bem… estamos no ano de 2023 e temos os dois grandes ícones dos jogos de plataforma de volta aos jogos 2D? Quase que parece um acontecimento combinado, numa espécie de apelo à nostalgia aos fãs de Mario e Sonic que, anos 90 fora, alimentavam uma belíssima rivalidade que até culminou numa série de jogos nos Jogos Olímpicos. Pois, sim, na mesma semana em que Super Mario Bros. Wonder era lançado surgia também um novo jogo de plataformas de Sonic the Hedgehog, em 2D, usando o estilo clássico da série. Chegou Sonic Superstars!


Sonic e companhia estão de regresso ao estilo de jogo clássico que tão bem conhecemos, um jogo de plataformas retro mas com gráficos atuais (3D) inseridos numa jogabilidade mais tradicional. Não é algo que a SEGA traga de novo, afinal Sonic Mania trouxe de volta a magia dos jogos clássicos que Sonic the Hedgehog 4 não tinha conseguido. Certo que Mania regressava aos “16 Bits” com visuais que nos transportavam às nossas velhas TVs gigantes e aos sprites, o que terá contribuído para ser bem melhor recebido, mas Superstars aposta num estilo mais clássico, mesmo que use visuais atuais, onde foi dada muita atenção ao estilo artístico com tudo muito bem trabalhado, das personagens aos cenários, onde mesmo na versão Switch conseguimos manter uma experiência quase sempre fluída e a 60 frames por segundo.

Desta vez Sonic e companhia vêm-se novamente a enfrentar Dr. “Eggman” Robotnik, munido de todo um arsenal de robôs e outras engenhocas que colocam o mundo em perigo. Ele não vem sozinho e está acompanhado de Fang the Hunter, um caçador de tesouros bastante querido entre os fãs que haviam jogado os jogos de Sonic na velhinha Game Gear. Um regresso que deixou muitos e nós bastante felizes pois é o tipo de nostalgia que nos deixa com um sorriso gravado, que nos leva de novo a Sonic Triple Trouble, dando a entender que a SEGA e a Sonic Team não se esquecem das origens da série. Isto tudo enquanto dá um toque de Sonic moderno, introduzindo uma nova personagem de nome Trip, uma personagem de aparência robótica que, debaixo da sua armadura, traz algumas surpresas.


À imagem dos jogos antigos, a história aqui é quase irrelevante e serve apenas de pano de fundo para justificar mais uma aventura, o que, sinceramente, funciona na perfeição! Desta vez Sonic, Tails, Knuckles e Amy Rose partem em aventura para a Northstar Island e estão mais que preparados para arruinar os planos de Dr. Eggman, agora também ele acompanhado. A grande novidade de Superstars é ser uma aventura que podemos partilhar com mais 3 amigos localmente, uma novidade numa série que já há muito nos deixava jogar com Sonic e Tails ao mesmo tempo, sendo um dos primeiros jogos de plataformas cooperativos que alguma vez joguei. E que divertido é jogar Sonic Superstars com amigos, que entre o caos causado por 4 heróis avançarem níveis fora ao mesmo tempo, há todo um conjunto de gargalhadas associadas ao que acontece no ecrã.

Mesmo por muita coisa que aconteça ninguém fica para trás, por muito que um dos jogadores tente ser speedrunner e, esta prática de speedrunning, não é propriamente recomendada. Sonic Superstars é um jogo curto, talvez demasiado curto e sem grande convite a jogar várias vezes, até porque de fora está o sistema de ranking de jogos Sonic mais recentes, embora tenhamos um tempo recorde em cada nível para melhorar, se assim nos apetecer. Há uma boa quantidade de bosses mas senti que faltavam níveis, até porque terminei-o numa tarde de jogo bem passada (cerca de 6 horas) o que até equivale a Sonic Mania. Mas Superstars merecia mais, uma maior diversidade dos níveis para gerar ainda mais situações caricatas enquanto jogamos com amigos.

Também entre o apelo à nostalgia com estilos que nos lembram perfeitamente dos jogos da Mega Drive, cada nível foi construído à semelhança dos clássicos. São autênticas montanhas russas, que facilmente fazem as nossas personagens correr níveis fora com inimigos à espreita e preparados para nos tirar os anéis todos. Quanto mais alto estivermos nos níveis melhores são as recompensas e, quanto mais abaixo estivermos mais perigos temos à espreita. Talvez muitos dos níveis não sejam a coisa mais memorável de sempre ou, vá, não sejam tão memoráveis como os clássicos ou até mesmo os de Sonic Mania, mas todos eles estão bem acompanhados com uma boa música e um forte apelo à nostalgia. No decorrer do jogo temos ainda níveis especiais, construídos a pensar em cada uma das personagens, tirando partido das suas diferentes habilidades como voar com o Tails ou subir paredes como Knuckles. São níveis que fogem aos restantes, bastante mais pacatos e sem o caos que surge numa sessão de jogo a 4 jogadores.


Alimentando um pouco do “caos” gerado uma das novidades são poderes especiais associados a cada uma das Chaos Emeralds que apanhamos. Cada uma traz um poder diferente, um pouco como os Wisps em Sonic Colours, que ora criam cópias da nossa personagem que varrem o ecrã, fazem nascer vinhas que nos permitem aceder a zonas altas dos níveis, deixam-nos andar facilmente pela água ou subir cascatas, transformam-nos numa bola de fogo que podemos direcionar, revelar segredos… entre outras habilidades. São poderes especiais que trazem algo de diferente ao jogo e que acabamos por usar com bastante frequência mas, em ponto algum, o jogo fica bloqueado por não termos apanhado uma ou outra esmeralda.

O meu grande problema com estas Chaos Emeralds são mesmo os níveis especiais para as ter… dos piores que alguma vez joguei na série. Eles são bastante básicos, temos de seguir uma esmeralda fugitiva tal como grande parte destes níveis na série, mas o modo percorremos o nível, onde parecemos o Tarzan a ir de liana em liana entre homing attacks para concluir o nível. O resultado é uma experiência tão frustrante que não me deixava minimamente empolgado em repetir, bem diferente dos níveis especiais que habitualmente temos em Sonic que são bem mais divertidos. Mesmo os níveis especiais genéricos que nos levam aos do primeiro Sonic the Hedgehog onde percorremos um labirinto que roda constantemente, ou outro que passamos um túnel para apanhar anéis, têm um controlo mais fraco. No geral os níveis especiais destoam do resto do jogo, que é bastante tranquilo e controlamos com uma precisão à semelhança dos jogos clássicos ou Sonic Mania. Bem… isto é, quase o jogo todo. Sem dar grandes spoilers, o combate final é frustrante. Não é difícil, é só demasiado longo e quase nos mata sem qualquer hesitação se não tivermos os anéis para nos proteger, anéis que não temos em abundância nesse combate.


Fora estes pontos negativos, Sonic Superstar apresenta-se como uma verdadeira viagem à nostalgia, trazendo de volta a jogabilidade 2D num jogo principal da série. Digo principal pois, se acompanharam a série nos jogos que a série levou para as portáteis vemos sempre jogos de plataformas deste género, mas nunca receberam atenção merecida tanto pelo público como pela própria SEGA. Também à semelhança de outros jogos da série, Superstars conta com um modo competitivo onde controlamos um robô, construído por nós, e tentamos ser o grande vencedor do combate. É simples, divertido, permite até 8 jogadores participarem (até mesmo online!) e o caos é quase uma constante mas longe de ser frustrante.


É o regresso de Sonic às origens, numa aventura a partilhar com amigos muito à semelhança do que Mario tem trazido em varios dos seus jogos, só que muito ao bom estilo do que o veloz ouriço azul consegue fazer. É uma aventura curta, que não deixa muito espaço para replay value mas que, ainda assim, consegue ser bastante divertida e que espero ver mais jogos dentro deste género na série. E ainda, acima de tudo, que se façam mais e bons jogos de plataformas 2D!

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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