Oddworld: New 'n' Tasty!
Análise por André Pereira
«Tenho um mau pressentimento» é a célebre frase de Han Solo quando está prestes a acontecer alguma coisa – e depois acontece! Alguns minutos após ter começado Oddworld: New 'n' Tasty! (pelo amor da santa, vamos apenas dizer Oddworld ou Abe), disse a mesma coisa. Afastei o comando e fui ver os vídeos do original. O que estava a acontecer? O jogo que tinha à minha frente parecia-me estranho e isso não era bom.
As minhas memórias com a saga são a ver o meu pai a jogar Abe’s Oddysee e Exoddus. Eram bons tempos enquanto ele avançava por tentativa e falha, a salvar todos os Mudokons. Quando morria algum, lá reiniciava o jogo. Quando perdia por estupidez, era divertido e triste assistir às suas frustrações. Anos mais tarde, quando passamos pelo mesmo até compreendemos. Como disse, estes foram bons tempos! Às vezes lá roubava o comando e tentava a minha sorte e falhava miseravelmente: a minha impaciência a desarmar bombas ou a calcular mal o salto ou a hesitar face aos inimigos não me deixavam avançar muito mais, mas ele conseguia. Ele era o herói.
Anos volvidos e agora é a minha vez de jogar sozinho! Vamos às introduções: este “novo” Oddworld não é uma remasterização da moda, mas um remake feito de raiz para apresentar o jogo a um novo público. Público mais exigente e habituado ao facilitismo das novas gerações, mas que também merece tentar a sua sorte nos puzzles deste jogo de plataformas, uma combinação incomum no mercado actual. Lançado pela Just Add Water, que actualizou outros jogos Oddworld, como Oddworld: Stranger's Wrath HD e Oddworld: Munch's Oddysee HD, este remake viu a luz do dia em 2014 e só demorou dois anos (mais coisa, menos coisa) para sair na nossa Wii U, mas se já o jogaram noutras plataformas, vale a pena esta nova investida? Desculpem, mas não. Corrijo: apenas se não possuírem nenhuma das outras consolas é que podem pensar em comprar este jogo e mesmo assim, o lançamento já vem tarde.
Podia haver uma boa justificação como a implementação do Gamepad no jogo, mas não, a utilização do comando é das mais preguiçosas (e já normais) que temos visto. O segundo ecrã podia ser usado como mapa, como indicador de Mudokons resgatados ou sacrificados ou como seleccionador de acções, mas não. A utilização do segundo ecrã é essa mesma, jogar quando quisermos desligar da televisão. Uma oportunidade perdida, mas há um modo para dois jogadores onde passamos o comando para a outra pessoa… Não nos deixarem jogar com o Pro Controller é muito mau.
Com várias camadas descascadas, o núcleo deste jogo – a história – manteve-se intacto com o jogador na pele de Abe, o funcionário de RuptureFarms que ouve o que não devia e descobre que os seus patrões estão à procura de um novo produto para aumentar a venda: chupas de Mudokons! Com poderes misteriosos que lhe permitem possuir inimigos, invocar portais e transformar em bestas, Abe tem de percorrer fábricas, lixeiras, templos e outros cenários para salvar os seus compatriotas. Se não custar muito, destruir a fábrica e salvar outras espécies por arrasto. E para tal, só tem de resolver muitos puzzles, possuir inimigos e brincar com um painel de falas de hilariantes. Bastam cinco minutos da abertura para nos prender e sermos recrutados à causa de Abe. E ele bem que precisa de ajuda porque só tem quatro dedos.
Isto é a essência da saga, o charme que atraiu jogadores para a velha PlayStation e que desencadeou ondas de nostalgia que motivaram à criação deste remake.
A outra parte, bastante importante, é a jogabilidade que New 'N' Tasty manteve com poucas alterações, mas que continua frustrante tal como me lembrava. Esperem, é isso! O mau pressentimento era isto e, de repente, surgem todas as memórias desagradáveis. Os controlos toscos que me faziam falhar saltos, os tempos para desactivar as minas, quando escorregava, ia contra a parede, acordava o inimigo, quando os Mudokons não ligavam ao perigo e cometiam suicido nas situações mencionadas em cima. Carregar jogo, reiniciar chekpoint¸ recomeçar, tentar, perder e desistir. Graças a alguma força divina, mantiveram os Quicksave da sequela e aumentaram os checkpoints ou dava em louco. Pior: a meio do jogo para esta análise, tinha feito tudo bem e salvo todos os prisioneiros, mas quando mudo de área vejo que 50 morreram. Em duas horas de jogo e poucas áreas como morreram 50? Desliguei a consola, descansei o comando e enrolei-me num canto. O Han Solo tinha razão.
Acabamos por voltar porque o mundo é viciante e temos pena das personagens e, confesso, é divertido possuir o inimigo, falar como ele e estoirá-lo por dentro. E jogamos devagar porque temos muito para ver. Se colocarmos esta versão junto à original, parecem dois jogos diferentes! New 'N' Tasty foi refeito em Unity e isso fez com que o mundo fosse criado do zero. Os cenários são os mesmos, mas há mais detalhes, melhor iluminação e efeitos. As personagens estão melhor desenhadas e os diálogos estão ainda mais engraçados – pode causar alguma estranheza se passaram a vida a citar as falas, mas não são as mesmas de Oddysee. As falas vão evoluindo com novas variantes da mesma frase e sabendo que são fãs ou artistas que enviaram as suas vozes, ficamos com mais vontade de os salvar.
Dito e feito, apesar daquele sabor acre de como trataram a Wii U, Oddworld: New 'n' Tasty! é novo e saboroso! Vale a pena jogar seja em que plataforma para apoiar a equipa. Falo por mim, mas quero a sequela e reviver todas aquelas memórias dolorosas. Oh, tenho mesmo um mau pressentimento, mas Follow me. Okay!
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela Nintendo.
«Tenho um mau pressentimento» é a célebre frase de Han Solo quando está prestes a acontecer alguma coisa – e depois acontece! Alguns minutos após ter começado Oddworld: New 'n' Tasty! (pelo amor da santa, vamos apenas dizer Oddworld ou Abe), disse a mesma coisa. Afastei o comando e fui ver os vídeos do original. O que estava a acontecer? O jogo que tinha à minha frente parecia-me estranho e isso não era bom.
As minhas memórias com a saga são a ver o meu pai a jogar Abe’s Oddysee e Exoddus. Eram bons tempos enquanto ele avançava por tentativa e falha, a salvar todos os Mudokons. Quando morria algum, lá reiniciava o jogo. Quando perdia por estupidez, era divertido e triste assistir às suas frustrações. Anos mais tarde, quando passamos pelo mesmo até compreendemos. Como disse, estes foram bons tempos! Às vezes lá roubava o comando e tentava a minha sorte e falhava miseravelmente: a minha impaciência a desarmar bombas ou a calcular mal o salto ou a hesitar face aos inimigos não me deixavam avançar muito mais, mas ele conseguia. Ele era o herói.
Anos volvidos e agora é a minha vez de jogar sozinho! Vamos às introduções: este “novo” Oddworld não é uma remasterização da moda, mas um remake feito de raiz para apresentar o jogo a um novo público. Público mais exigente e habituado ao facilitismo das novas gerações, mas que também merece tentar a sua sorte nos puzzles deste jogo de plataformas, uma combinação incomum no mercado actual. Lançado pela Just Add Water, que actualizou outros jogos Oddworld, como Oddworld: Stranger's Wrath HD e Oddworld: Munch's Oddysee HD, este remake viu a luz do dia em 2014 e só demorou dois anos (mais coisa, menos coisa) para sair na nossa Wii U, mas se já o jogaram noutras plataformas, vale a pena esta nova investida? Desculpem, mas não. Corrijo: apenas se não possuírem nenhuma das outras consolas é que podem pensar em comprar este jogo e mesmo assim, o lançamento já vem tarde.
Podia haver uma boa justificação como a implementação do Gamepad no jogo, mas não, a utilização do comando é das mais preguiçosas (e já normais) que temos visto. O segundo ecrã podia ser usado como mapa, como indicador de Mudokons resgatados ou sacrificados ou como seleccionador de acções, mas não. A utilização do segundo ecrã é essa mesma, jogar quando quisermos desligar da televisão. Uma oportunidade perdida, mas há um modo para dois jogadores onde passamos o comando para a outra pessoa… Não nos deixarem jogar com o Pro Controller é muito mau.
Com várias camadas descascadas, o núcleo deste jogo – a história – manteve-se intacto com o jogador na pele de Abe, o funcionário de RuptureFarms que ouve o que não devia e descobre que os seus patrões estão à procura de um novo produto para aumentar a venda: chupas de Mudokons! Com poderes misteriosos que lhe permitem possuir inimigos, invocar portais e transformar em bestas, Abe tem de percorrer fábricas, lixeiras, templos e outros cenários para salvar os seus compatriotas. Se não custar muito, destruir a fábrica e salvar outras espécies por arrasto. E para tal, só tem de resolver muitos puzzles, possuir inimigos e brincar com um painel de falas de hilariantes. Bastam cinco minutos da abertura para nos prender e sermos recrutados à causa de Abe. E ele bem que precisa de ajuda porque só tem quatro dedos.
Isto é a essência da saga, o charme que atraiu jogadores para a velha PlayStation e que desencadeou ondas de nostalgia que motivaram à criação deste remake.
A outra parte, bastante importante, é a jogabilidade que New 'N' Tasty manteve com poucas alterações, mas que continua frustrante tal como me lembrava. Esperem, é isso! O mau pressentimento era isto e, de repente, surgem todas as memórias desagradáveis. Os controlos toscos que me faziam falhar saltos, os tempos para desactivar as minas, quando escorregava, ia contra a parede, acordava o inimigo, quando os Mudokons não ligavam ao perigo e cometiam suicido nas situações mencionadas em cima. Carregar jogo, reiniciar chekpoint¸ recomeçar, tentar, perder e desistir. Graças a alguma força divina, mantiveram os Quicksave da sequela e aumentaram os checkpoints ou dava em louco. Pior: a meio do jogo para esta análise, tinha feito tudo bem e salvo todos os prisioneiros, mas quando mudo de área vejo que 50 morreram. Em duas horas de jogo e poucas áreas como morreram 50? Desliguei a consola, descansei o comando e enrolei-me num canto. O Han Solo tinha razão.
Acabamos por voltar porque o mundo é viciante e temos pena das personagens e, confesso, é divertido possuir o inimigo, falar como ele e estoirá-lo por dentro. E jogamos devagar porque temos muito para ver. Se colocarmos esta versão junto à original, parecem dois jogos diferentes! New 'N' Tasty foi refeito em Unity e isso fez com que o mundo fosse criado do zero. Os cenários são os mesmos, mas há mais detalhes, melhor iluminação e efeitos. As personagens estão melhor desenhadas e os diálogos estão ainda mais engraçados – pode causar alguma estranheza se passaram a vida a citar as falas, mas não são as mesmas de Oddysee. As falas vão evoluindo com novas variantes da mesma frase e sabendo que são fãs ou artistas que enviaram as suas vozes, ficamos com mais vontade de os salvar.
Dito e feito, apesar daquele sabor acre de como trataram a Wii U, Oddworld: New 'n' Tasty! é novo e saboroso! Vale a pena jogar seja em que plataforma para apoiar a equipa. Falo por mim, mas quero a sequela e reviver todas aquelas memórias dolorosas. Oh, tenho mesmo um mau pressentimento, mas Follow me. Okay!
Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo 3DS, gentilmente cedido pela Nintendo.